Impacto da Ômicron no mundo do trabalho
Maior preocupação são os afastamentos e a aproximação do Carnaval. É preciso reforçar as medidas sanitárias no trabalho presencial e remoto para evitar o contágio e manter as atividades
A propagação da Ômicron, nova variante do coronavírus, afetou em cheio o mundo do trabalho, com um aumento exponencial dos afastamentos e de trabalhadores sendo monitorados pelos serviços de saúde de suas empresas.
O aumento de casos e de óbitos preocupa.
A percepção dos profissionais da saúde deste aumento foi mensurada em uma pesquisa da Associação Médica Brasileira (AMB) que ouviu 3.517 profissionais entre 21 e 31 de janeiro, 96,1% dos médicos que atendem em locais que recebem pacientes com Covid-19 observaram tendência de alta no número de casos. Além disso, 40,5% deles detectaram aumento na quantidade de mortes.
Na OnCare Saúde, plataforma de saúde integral e integrada com forte atuação na saúde ocupacional, os positivados aumentaram 300% só no mês de dezembro, e em janeiro esse número praticamente dobrou, consequentemente os afastamentos também, foram 1.099 em janeiro, 10% dos testes aplicados.
De acordo com Ricardo Pacheco, médico, gestor em saúde e CEO da OnCare Saúde, a pandemia causou uma fratura exposta no Brasil em três áreas: “Na saúde, na política e na economia, setor onde os afastamentos impactam de forma direta. A alta transmissibilidade da Ômicron tem sido a responsável por tantos afastamentos que colocam muitos profissionais em isolamento, um desfalque de mão de obra impressionante em vários setores, um ingrediente perfeito para a estagnação econômica”.
Dados mostram que os testes positivos para Covid-19, realizados pela OnCare Saúde em janeiro, aumentaram assustadoramente. “São 600% a mais em relação a dezembro, o que nos mostra o quanto a variante Ômicron tem se espalhado com facilidade. É preciso redobrar a atenção, manter as medidas de prevenção e o principal: tomar a vacina!”, enfatiza.
Segundo o médico, preocupa muito os novos casos depois do Carnaval. “Embora muitas capitais tenham cancelado suas festas - como Recife, Rio de Janeiro e Salvador, as aglomerações vão acontecer em casas noturnas ou em festas particulares. É verdade que outras estão organizando protocolos para a realização de desfiles, como São Paulo e Rio, mas é difícil acreditar na efetividade dessas medidas em desfiles ou festas É muito pouco provável que haja distanciamento e uso de máscara. Mesmo em ambiente aberto, as aglomerações com pessoas gritando e cantando, a Ômicrom se transmite com uma eficácia muito maior”, afirma.
Dr. Ricardo Pacheco ainda alerta que essa pequena baixa observada em 8 de fevereiro, que poderia ser uma tendência, provavelmente será interrompida com o Carnaval: “Certamente os casos voltarão as subir e os afastamentos no trabalho também. Embora a vacinação consiga frear um aumento abrupto no número de casos graves e mortes, o vírus ainda é capaz de gerar novas vítimas. Não podemos nos conformar com centenas de mortes por dia porque já tivermos milhares. Precisamos de consciência coletiva e medidas governamentais para que a pandemia tenha fim e a economia volte a dar sinais de crescimento”, complementa o CEO da OnCare Saúde.
Redução do tempo de isolamento preocupa e medidas precisam ser intensificadas para o trabalho presencial e em home office
Segundo o Ministério da Saúde, desde 10 de janeiro o isolamento de casos leves e moderados de Covid-19 deverá ser feito por 7 dias, desde que não apresente sintomas respiratórios e febre há pelo menos 24 horas, e sem o uso de antitérmicos.
Aqueles que realizarem testagem (RT-PCR ou teste rápido de antígeno) para Covid-19 com resultado negativo no quinto dia, poderão sair do isolamento, antes do prazo de 7 dias, desde que não apresentem sintomas respiratórios e febre, há pelo menos 24 horas, e sem o uso de antitérmicos. Se o resultado for positivo, é necessário permanecer em isolamento por 10 dias a contar do início dos sintomas.
Mas essa redução preocupa os especialistas, como a Dra. Letícia Fiório Batista, médica infectologista da OnCare Saúde, que tem questionamentos técnicos de segurança em relação a mudança de 10 para 5 dias de isolamento. “A motivação para tal redução é mais econômica do que científica, essa é uma medida que visa reduzir o absenteísmo nas empresas e é condicionável a outras. Precisamos lembrar que a redução do tempo de isolamento de acordo com última atualização do Ministério da Saúde, está vinculada ao uso de máscara, por exemplo, visto que os estudos mostram risco de transmissão do quinto ao décimo dia”.
Outras medidas, segundo a médica, precisam ser observadas pelos trabalhadores que contraíram a Covid-19. “A retomada, por exemplo, ao convívio familiar com aqueles que não positivaram para Covid-19 só é seguro após o décimo dia para casos leves/ moderados e após 20 dias nos casos graves ou imunossuprimidos. Os cuidados no home office para pacientes com Covid-19 devem ser os mesmos: isolamento domiciliar, manter distanciamento, uso de máscara em áreas compartilhadas, higiene frequente das mãos e manter os ambientes bem ventilados. Lembrando que apesar de leves, alguns casos podem debilitar mais o paciente exigindo repouso e afastamento transitório das atividades laborais remotas até resolução dos sintomas”, afirma a infectologista da OnCare Saúde.
Tanto Dr. Ricardo Pacheco como a Dra. Letícia Fiório Batista são unânimes em afirmar que os cuidados precisam ser reforçados. “Além da vacinação, fundamental para não desenvolver um quadro grave da doença, o uso correto de máscara continua absolutamente necessário, recomenda-se, inclusive, sempre manter uma extra, para o caso de necessidade de troca (tempo de uso, umidade ou sujeira), bem como evitar aglomerações e manter a distância de, pelo menos, dois metros entre os colaboradores, além de disponibilizar álcool em gel nos ambientes e evitar apertos de mão ou abraços, e sempre dar preferência a locais abertos ou bem ventilados”, concluem.
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