Implante hormonal: bem mais que um “chip de beleza”
O implante hormonal vem sendo cada vez mais utilizado pelas mulheres. Essa realidade se deve também aos diversos estudos científicos que comprovam a abordagem segura dessa terapia. Outro aspecto é que esse tratamento melhora, de maneira significativa, a qualidade de vida das mulheres, segundo informa o ginecologista Walter Pace. “É importante salientar que temos que analisar caso a caso, fazendo o ajuste necessário para cada paciente”, completa.
Walter Pace, que é Titular da Academia Mineira de Medicina, Professor Doutor em Ginecologia e Coordenador Geral e Professor de Pós-Graduação em Ginecologia Minimamente Invasiva da Faculdade de Ciências Médicas/MG, ressalta que a polêmica em torno do uso de implantes subcutâneos para tratamentos hormonais em mulheres é fruto de desinformação. “Em primeiro lugar, é preciso deixar claro que esses pequenos dispositivos são, na verdade, um meio para administrar hormônios, assim como os comprimidos”. O que muda é que as substâncias chegam à corrente sanguínea pela via periférica, em doses constantes, de acordo com as necessidades clínicas de cada paciente, a partir de resultados de um diagnóstico completo. Sua aplicação pela via periférica também reduz contraindicações como doenças isquêmicas/cardíacas, tromboembólicas e hipertensão, evitando a primeira passagem pelo fígado, explica o especialista, que é Mestre em Reprodução Humana pela Universidade de Paris e Doutorado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e há mais de 21 anos trabalhando com implantes subcutâneos hormonais.
Outra falácia, acrescenta, “é falar de implantes hormonais como novidade. Esse meio de administração foi desenvolvido na década de 1960, para tratamentos localizados de câncer. Com base nos bons resultados alcançados, a técnica foi incorporada pela Ginecologia por representar, naquela época, uma inovação para métodos contraceptivos de longa duração”.
Walter Pace explica que a comunidade científica foi além e estudou os efeitos da dosagem individualizada dos hormônios empregados e sua combinação para o controle de doenças como endometriose, miomatose e reposição hormonal por carências hormonais, como ocorre na menopausa, por meio de hormônios biodênticos, e em outros tipos de tratamentos hormonais. Em todas essas situações, ressalta, os resultados obtidos foram bastante eficazes e seguros e renderam inúmeras publicações nas revistas médicas mais conceituadas e importantes do mundo. Ainda hoje, este procedimento continua a ser indicada para mulheres que não toleram as pílulas anticoncepcionais orais.
“No caso da gestrinona, substância que deu origem ao chamado “chip de beleza”, é importante esclarecer que trata se de um progestínico que tem ação redutora do estrogênio e da progesterona no organismo feminino, hormônios que, eventualmente, poderiam contribuir para o câncer de mama. Desta forma, a ação da gestrinona é protetora. Usada há décadas como bloqueador de ovulação, apresenta resultados positivos nos tratamentos de endometriose, miomatose, displasia de mama e outras doenças hormoniodependentes”. Assim, salienta, “não há que se relacionar o uso de implantes hormonais com finalidades médicas, inclusive para tratamentos de doenças, com tal expressão usada em propagandas. É fato inquestionável que o controle hormonal da mulher é determinante para o bem-estar de forma geral. Mas essa não é a única ou a principal indicação para o tratamento, que tem bases clínicas consolidadas há décadas”
Segundo Pace, outra informação distorcida é a de que os implantes hormonais não teriam uso autorizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Há documentos dos órgãos reguladores para esse tipo de meio de administração de medicamentos. Da mesma forma, existe o reconhecimento de que médicos podem indicar a manipulação de fórmulas e substâncias para a farmácia magistral (também conhecida como farmácia de manipulação).
O que vai determinar o sucesso do tratamento médico, no entanto, é o conhecimento em Endocrinologia Reprodutiva. Além do termo de consentimento, há que se manter o acompanhamento periódico para avaliações de resultados ou, quando necessário, readequação das concentrações de hormônios administrados ou mesmo suspensão das doses, de acordo com a necessidade da paciente, finaliza o ginecologista.
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