Doença silenciosa, câncer de rim sofre queda no número de diagnósticos devido à pandemia, alerta Sociedade Brasileira de Urologia
Diagnóstico geralmente é incidental. Dados inéditos do Ministério da Saúde mostram uma redução de 31% dos exames de ultrassom de abdômen total no SUS
Doença silenciosa, o câncer de rim tem a incidência estimada entre 7 a 10 casos para cada 100 mil habitantes, sobretudo acima dos 60 anos. Aproveitando a celebração do Dia Mundial do Câncer de Rim, em 18 de junho, a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) conscientiza a população sobre a doença, como preveni-la, além de alertar sobre a importância de buscar o diagnóstico e não abandonar o tratamento, mesmo durante a pandemia.
“Durante a pandemia, as pessoas notadamente assintomáticas evitaram consultas, as instituições assistenciais derivaram a atenção principalmente para a Covid-19 e, desta forma, muitos diagnósticos não foram estabelecidos, comprometendo significativamente a terapêutica que tem melhores resultados nas fases iniciais. Acresce ainda que neste período a dificuldade de se realizar exames tornou-se evidente”, destaca o presidente da SBU, Dr. Antonio Carlos Pompeo.
Como na maioria das vezes nas fases iniciais geralmente não apresenta sintomas, o coordenador do departamento de uro-oncologia da SBU, Dr. Rodolfo Borges, alerta que a pandemia afetou o diagnóstico da doença. “Na maioria, os tumores renais, principalmente quando pequenos, não causam nenhum sintoma, e são descobertos incidentalmente, através de exames de imagem indicados por outras causas. Devido a redução da frequência da ida ao médico, menos tumores foram diagnosticados”, aponta.
Dados inéditos do Ministério da Saúde apontam que em 2020 os exames de ultrassonografia de abdômen total caíram 31%, se comparado a 2019. Embora outros exames que detectem a doença tenham se mantido estáveis, como a tomografia e a ressonância abdominal, a queda é um sinal de alerta para a diminuição do diagnóstico de câncer renal.
No estado de São Paulo, levantamento da SBU-SP, mostrou que houve uma significativa redução nos diagnósticos nos hospitais e centros de referência. O Hospital das Clínicas da UNICAMP computou queda de 63% no diagnóstico de câncer de rim. Já o Hospital AC Camargo Câncer Center, a redução foi de 29%. No Hospital São Paulo – UNIFESP, a redução de novos casos foi de 35%.
Hábitos de vida interferem
Apenas cerca de 5% dos cânceres de rim são hereditários, ou seja, sua ocorrência é incomum, e muitas vezes ligada ao surgimento de outras doenças e manifestações clínicas.
Alguns fatores de risco estão ligados a hábitos de vida, como:
Tabagismo;
Obesidade;
Sedentarismo;
Trabalhar ou manipular alguns elementos químicos, como cádmio - baterias, soldas, tintas.
Além disso, pacientes com insuficiência do funcionamento dos rins, seja na fase antes da diálise ou que já estejam em longo período de diálise, bem como aqueles com hipertensão, têm maiores chances de desenvolver a doença.
Novidades no tratamento
A grande novidade no tratamento do tumor renal é a abordagem multimodal, ou seja, quando são aplicados diversos tratamentos em conjunto, como a cirurgia, imunoterapia, terapia alvo e radioterapia.
Segundo o diretor de comunicação da SBU, Dr. Roni Fernandes, as novidades apresentadas neste mês no American Society of Clinical Oncology (ASCO) 2021, são muito promissoras para o tratamento com imunoterapia. “A imunoterapia tem com princípio estimular o sistema imunológico a brigar contra o tumor, e os dados mais recentes de estudos que utilizaram este tratamento para portadores de tumor renal operados, apontaram a diminuição do risco da doença voltar. Esta é uma situação inédita para este tipo de tumor”, destaca.
Uma outra aliada do tratamento é a cirurgia robótica, técnica cada vez mais utilizada na urologia. Considerada minimamente invasiva, a técnica proporciona ao cirurgião precisão para retirar somente o nódulo ou área afetada, preservando desta forma o órgão e outros tecidos, mesmo se os tumores forem maiores.
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