Covid: contaminação aumenta em unidades da Petrobrás e plataforma P-38 está operando parcialmente
Maior incidência da doença vem ocorrendo em plataformas offshore: em apenas um dia, foram registrados 83 casos em instalações marítimas. Sindipetro-NF recorre ao MPT para que a Petrobrás esclareça avanço da covid nas unidades
O Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (SIndipetro-NF), filiado à Federação Única dos Petroleiros (FUP), entrou com requerimento no Ministério Público do Trabalho (MPT) para que a Petrobrás seja notificada e preste esclarecimentos sobre o avanço da covid-19 em unidades de Exploração e Produção (E&P) da empresa. Em apenas um dia nesta semana, foram confirmados 83 novos casos em atividades offshore do país (Petrobrás e outras operadoras), segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
O surto mais recente foi registrado na plataforma P-38, no campo de Marlim Sul, na Bacia de Campos. A unidade está operando parcialmente, depois que trabalhadores foram testados positivo nesta semana. “A plataforma suspendeu os trabalhos no convés desde quarta-feira (17/3) depois do almoço, quando os resultados saíram”, informou o coordenador do Departamento de Saúde e Meio Ambiente do Sindipetro-NF, Alexandre de Oliveira Vieira, com base em informações recebidas de trabalhadores da unidade.
Desde o início da pandemia, a ANP registra um total de 4.743 casos de covid confirmados nas áreas de E&P. Desses, 3.392 acessaram as instalações, de acordo com o painel dinâmico da agência reguladora. Do total de 67 plataformas de petróleo em operação no país, 56 são da Petrobrás (83%).
Em meio ao crescimento do número de pessoas contaminadas, a Petrobrás suspendeu as reuniões da Estrutura Organizacional de Resposta (EOR), orientada para a gestão da crise sanitária, com os sindicatos. O último encontro ocorreu no dia 24 de fevereiro, afirma Vieira.
Na Petrobrás como um todo, os casos confirmados de covid são ainda maiores. Atingiram cerca de 5,5 mil pessoas do começo da pandemia até o último dia 15, o que representa 11% do contingente de empregados próprios da empresa. Os dados fazem parte do boletim de monitoramento Covid 19 do Ministério de Minas e Energia (MME). Do total de contaminados, de acordo com o último boletim, 5.203 se recuperaram, 258 permanecem doentes e em quarentena, sendo 17 hospitalizados, e 17 morreram.
Segundo Vieira, as atividades offshore, concentradas na região Sudeste, registram grande incidência de casos de covid. As operações da Petrobrás nas bacias de Campos e Santos movimentam cerca de 40 mil pessoas por mês. Mesmo as plataformas operando atualmente com 70% da capacidade, em média, é grande o trânsito de trabalhadores.
As últimas denúncias recebidas pela FUP de casos de contaminação em unidades offshore envolvem, além da P-38, a P-43, P-63, P-25 e P-35, todas na Bacia de Campos, de acordo com o requerimento do Sindipetro-NF ao MPT.
MUDANÇA NA TESTAGEM PODE TER AUMENTADO SURTOS
A concentração de casos de contágio em plataformas reforça a tese da FUP e seus sindicatos da necessidade de a Petrobrás realizar testagens em três momentos distintos: no embarque, na metade do período da escala e no desembarque. Atualmente, a empresa realiza a testagem somente no embarque às plataformas, afirma Vieira.
Ele lembra ainda que durante mais de um mês ficou suspenso o teste de PCR nas áreas marítimas: “A empresa passou a adotar teste antígeno (teste rápido), de menor eficácia comprovada. A testagem PCR voltou a ser feita em 17 de fevereiro apenas.”
Para o coordenador de Saúde do Sindipetro-NF, a testagem por antígeno pode ter contribuído para o surto da doença no início do ano, quando o pico de contaminação nas plataformas chegou a atingir 100 pessoas, no dia 26 de janeiro.
O número de casos de covid em áreas marítimas cresceu rápido: em 09/10/2020, a média móvel apontava quatro novos casos; em 8/01/2021, a média pulou para 70 novos casos, segundo informações do painel dinâmico da ANP. Isso representa aumento de 1.650%, ou seja, 17 vezes mais.
DOENÇA AVANÇA TAMBÉM EM REFINARIAS
O surto de Covid-19 avança também em unidades terrestres da Petrobrás. Na Refinaria Landulpho Alves (RLAM), em São Francisco do Conde (BA), foram registradas duas mortes de trabalhadores contaminados pelo vírus em menos de uma semana na primeira quinzena de março.
Na Refinaria Gabriel Passos (Regap), em Betim (MG), até ontem (18/3) cerca de 200 trabalhadores, entre efetivos e terceirizados, testaram positivo para o coronavírus, sendo 84 deles de um mesmo setor, segundo informações recebidas pelo Sindipetro-MG.
Na refinaria mineira, o aumento de infectados coincide com o início da parada de manutenção dos setores HDT (Hidrotratamento) e Coque, iniciada no último dia 28 de fevereiro, “responsável por promover aglomerações na refinaria, com a presença de 2 mil trabalhadores a mais em suas instalações”, destaca o diretor da FUP, Guilherme Carvalho Alves.
Na última terça-feira (16/3), equipe de fiscalização da vigilância sanitária de Betim visitou a refinaria para averiguar as condições das unidades. O surto da doença nas dependências da refinaria mineira foi notificado ao Ministério estadual do Trabalho (MTE), conselhos de saúde municipal (Betim) e estadual e Ouvidoria Geral do estado.
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