UFMG instala bebedouros com sensores infravermelho para evitar infecções por Covid-19 e outras doenças
Após iniciar a instalação na Cidade Administrativa de 50 bebedouros touchless ÁguaàLaser, que dispensa o contato físico em registros e torneiras para pegar água, a Beloar, empresa mineira que criou e patenteou o dispositivo, começa a implantar 1300 equipamentos na Universidade Federal de Minas Gerais
Ainda que a vacinação contra o Covid-19 já comece a dar os primeiros passos no Brasil, as medidas preventivas para frear a pandemia continuam necessárias, com destaque ao distanciamento social e aos cuidados com os meios de contaminação, como as superfícies. Por isso, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) adquiriu 1300 torneiras touchless para bebedouros da marca Beloar ÁguaàLaser, popularmente chamados de “anti-coronavírus”. O dispositivo, que também foi instalado na Cidade Administrativa Presidente Tancredo Neves, consiste em um sensor infravermelho que dispensa qualquer tipo de contato físico para liberar água em copos ou garrafas, o que acaba com a possibilidade de infecções por meio destes tipos de equipamentos.
Nos antigos modelos de bebedouros de água que eram utilizados pela UFMG, o contato manual para o acionamento da torneira era necessário. Este procedimento não é recomendado, considerando que as mãos são um potencial meio de contaminação da Covid-19 e outras doenças. Conforme Nota Técnica Pública CSIPS/GGTES/ANVISA Nº 01/2020, o vírus SARS-CoV-2 pode permanecer até 72 horas em superfícies e, com a instalação do ÁguaàLaser, as possibilidades de se contaminar por meio de bebedouros serão totalmente eliminadas na instituição de ensino.
A bióloga, mestre e doutoranda em Imunologia pela UFMG, Ana Clara Matoso, destaca a importância de dispositivos que dispensam o contato físico para evitar a transmissão de doenças. Ela aponta que a disseminação de microrganismos e a propagação de infecções é preocupante em todo o mundo e, após o início da pandemia do novo coronavírus, têm aumentado o número de diretrizes e legislações para o controle da propagação destas infecções em espaços públicos.
De acordo com a doutoranda, a contaminação por contato pode ocorrer por contato direto com um paciente infectado ou indiretamente por meio de um objeto ou superfícies contaminadas, que funcionam como reservatórios de microrganismos que se espalham por quem entra em contato com ela, principalmente em locais onde passam um alto número de pessoas por dia, como instituições públicas, instituições de ensino e espaços de atendimento à saúde.
A instalação do ÁguaàLaser na UFMG vai trazer mais tranquilidade para os estudantes, colaboradores e visitantes, não apenas para evitar a Covid-19, mas também para várias outras enfermidades. Ana Clara Matoso relacionou alguns microrganismos encontrados em superfícies e que podem causar doenças graves:
Bactérias:
Acinetobacter spp. (Infecção do trato respiratório, pneumonia, infecção da ferida, bacteremia)
Campylobacter spp. (Gastroenterite - diarreia)
Clostridium difficile (Gastroenterite - diarreia, colite pseudomembranosa)
Enterococcus spp (Endocardite, meningite, infecção relacionada ao cateter hospitalar)
Escherichia coli (Gastroenterite - diarreia, peritonite, infecção do trato urinário)
Klebsiella spp. (Infecção do trato urinário, pneumonia, infecção do trato respiratório)
Salmonella spp. (Febre entérica, gastroenterite-diarreia)
Staphylococcus spp (Gastroenterite-diarreia, infecção de pele, pneumonia, infecção relacionada ao cateter hospitalar)
Fungos:
Aspergillus spp. (Infecção pulmonar, infecção de pele, infecção do sistema nervoso central, endocardite)
Candida spp. (Candidíase oral e vaginal)
Vírus:
Coronavírus spp. SARS (síndrome respiratória aguda grave) e MERS (síndrome respiratória do Oriente Médio)
Influenza vírus (Gripe)
Norovirus (Gastroenterite - diarreia)
Rotavirus (Rotavirosos – diarreia aguda)
Produção a todo vapor
O CEO da Beloar, Muriel Ornela, afirma que o ÁguaàLaser, com unidades instaladas em repartições públicas, indústrias, supermercados e academias, tem como foco agora as instituições de ensino, que precisam voltar a receber os alunos, mas não podem expor estudantes e colaboradores a riscos, e hospitais, que são os locais mais potencialmente propensos a ser fontes de contaminação.
O empreendedor diz que os pedidos não param de chegar. Além da UFMG, várias instituições de ensino já fizeram pedidos, como a Universidade de Brasília (UNB), Universidade Estácio de Sá, várias escolas municipais de Belo Horizonte e o sistema SESI/SENAI de Goiás. “O nosso equipamento simplifica e facilita a utilização, pois com a instalação dos dispositivos que dispensam o contato físico, os bebedouros e torneiras poderão voltar a ser utilizados e as empresas, corporações, instituições públicas e escolas poderão voltar a oferecer água para seus usuários com segurança”, explica.
Tecnologia nacional supera a de fábricas multinacionais
O CEO da Beloar explica que o principal obstáculo tecnológico enfrentado pela equipe foi fazer com que o sensor infravermelho funcionasse no sol. “Começamos a conceber o produto com um sensor que já vinha pronto de fábrica, mas foi preciso criar um próprio, com uma tecnologia e código fonte desenvolvida por nós. Todos os sensores infravermelhos comercializados, inclusive de torneiras de grandes fabricantes nacionais e internacionais, como a XIAOMI, não possuem tal tecnologia e ou não funcionam no sol (não sai água quando o produto está exposto ao sol) ou sai água sem cessar (o sensor aciona sozinho e libera água sem necessidade). Todos esses fabricantes que utilizam esse tipo de sensor nas torneiras orientam que o produto não fique exposto ao sol, mas a maioria dos bebedouros ficam em áreas abertas e não poderia ter essa restrição. Com esse impasse, nossos engenheiros trabalharam muito no laboratório com testes e ensaios e conseguiram chegar em uma variável em que o produto funciona em qualquer ambiente. Podemos dizer que apesar de ser uma empresa nacional e de pequeno porte, conseguimos superar a tecnologia de grandes indústrias nacionais e internacionais”, conta com orgulho.
Por mais que o uso da invenção de Muriel Ornela seja mais percebido em razão da pandemia, há outros benefícios importantes, como a inclusão social. “Além da Covid-19 e prevenção de vírus, o produto atua também na linha do importante assunto e que hoje está em alta, que é a acessibilidade. Com a liberação do fluxo de água por sensor de aproximação, idosos, cadeirantes e pessoas amputadas poderão consumir água com mais facilidade, visto que só será preciso segurar seu copo ou garrafa à frente da torneira de sensor, sem ser necessário apertar nenhum botão, o que gera mais independência por parte do indivíduo”, exemplifica.
A Beloar desenvolveu três tipos de torneiras com sensor que se adaptam aos principais bebedouros do mercado: bebedouro industrial, bebedouro de pressão e bebedouro acessível. Além disso, a empresa percebeu que poderia criar um adaptador universal para transformar torneiras de banheiros comuns em torneira de sensor, visto que os produtos semelhantes do mercado são muito caros, de acordo com Muriel Ornela.
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