Pronto-socorro: experiência versus responsabilidade
*Felipe Magalhães
A atuação do médico nos prontos-socorros é muitas vezes fator decisivo para a vida dos milhões de pessoas que procuram todos os dias do ano por um atendimento emergencial. Porém, apesar de tal afirmação ser absolutamente incontestável, não são nesses ambientes que serão encontrados os médicos mais experientes e no ápice da carreira. Na realidade, a maior parte dos médicos no ápice da carreira não se veem em um plantão de emergência.
Há então um problema, em um ambiente no qual a tomada de decisão do médico pode ter implicações de grandes impactos na vida do paciente, em sua maioria são os jovens e recém egresso das faculdades de medicina que estão lá para tomar a frente. Como fazer para que esse jovem profissional consiga realizar atividades de tamanha responsabilidade a despeito de pouca experiência?
Apesar dessa questão não ser nova, há no Brasil um pouco mais de uma dezena de programas de residência em funcionamento, o que obviamente não é suficiente para treinar o quantitativo de médicos nas emergências no Brasil. E mesmo durante o programa de graduação são poucas as faculdades médicas que oferecem treinamento adequado para medicina de emergência.
Por isso os médicos, que atuam em serviços de emergência, precisam ser preparados de forma independente para que sejam capazes de enfrentar os desafios dos pacientes com doenças agudas. Fora do ambiente universitário alguns cursos possuem grande destaque no treinamento de emergências: o ACLS para treinamento em suporte de vida em cardiologia, o ATLS para treinamento no trauma, o PALS para suporte de vida em pediatria e o BLS, que é um curso de suporte básico de vida. É recomendação quase unânime que os médicos com atividades em emergência avaliem a realização de tais cursos de acordo com a área de emergência que irão atuar.
Além dos cursos citados acima, outra recomendação importante para os médicos que irão atuar em emergência é possuírem um acesso para material didático. Atualmente, é possível ingressar em uma plataforma de streaming como o Jaleko, que deixa à disposição dos futuros médicos cursos, materiais e até mesmo simulados bastante focados em PS, com o curso Plantão na Emergência”, que apresenta também uma questão que é essencial, cenários do cotidiano desta área. Ou mesmo a americana Uptodate, o britânico BMJ Best Pratice.
Os bons hospitais nacionais estão também atentos a importância do treinamento dos médicos nessa área tão importante, e muitos além de estimularem e por vezes até financiam cursos como o ACLS, também têm produzidos protocolos de atendimento para guiarem os profissionais nas emergências mais prevalentes.
Por fim, médicos, jovens ou não, devem sempre estar cientes de suas habilidades e responsabilidades, onde quer que estejam. E se esta pandemia realmente nos ensinou algo é que, dependemos uns dos outros, portanto se precisar conte com alguém mais experiente. Afinal, decisões tomadas tem grande impacto na vida de pacientes.
* Felipe Magalhães é médico e diretor científico do Jaleko, graduado na UFF- Universidade Federal Fluminense, com residência clínica médica no Hospital Adventista Silvestre e residência em nefrologia na UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro. Atualmente é também coordenador da comissão de residência médica do Hospital Federal da Lagoa.
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