Coronavírus: por que doenças pré-existentes são perigosas?
Pacientes com doenças crônicas fazem parte do grupo de risco do novo coronavírus. Essas enfermidades enfraquecem o organismo de diferentes formas
No contexto da Covid-19, comorbidades como diabetes, obesidade, hipertensão, tuberculose, entre outros, aumentam o risco de agravamento do quadro do paciente. Para aqueles que não tratavam as enfermidades previamente, a evolução da doença causada pelo novo coronavírus pode ser ainda pior. Muitos desses casos poderiam não ter uma evolução tão grave se a pessoa fizesse o tratamento adequado da doença pré-existente.
Segundo o Diretor da Sociedade Brasileira de Clínica Médica, Cardiologista e Clínico Geral, Dr. Abrão Cury, o grupo de maior risco é o das pessoas com problemas cardíacos, seguido pelos diabéticos. “As pessoas que têm problemas no sistema respiratório aparecem em terceiro lugar. Até 50% das pessoas diagnosticadas com a Covid-19 na China tinham comorbidades, o que eleva o risco da doença e, em alguns casos, torna necessária a internação. Os idosos são o principal grupo de risco, com taxa de letalidade após o contágio de até 14%, em comparação com os 3% da média geral”, esclarece Dr. Abrão Cury.
No Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde, o perfil das vítimas inclui pessoas com idades entre 30 e 90 anos e com doenças como, em ordem decrescente, cardiopatia, diabetes, pneumopatia, doença renal crônica e imunodepressão. “As mulheres não só morrem menos no Brasil por causa do novo coronavírus, o que confirma uma tendência global, como, também, contraem menos a covid-19. Entre os infectados, 42% são mulheres e 58% são homens”, explica o Diretor da Sociedade Brasileira de Clínica Médica.
De acordo com o Ministério da Saúde, as taxas de letalidade para pacientes com comorbidades em face da infecção pelo novo coronavírus são câncer: 5,6%, hipertensão: 6%, doença respiratória crônica: 6,3%, diabetes: 7,3% e doença cardiovascular: 10,5%.
“São comuns os casos de pacientes com doenças pré-existentes como diabetes, hipertensão e tuberculose que desconhecem tais comorbidades até serem internados com Covid-19. Outra preocupação também é com aqueles que sabem da enfermidade, mas não fazem o tratamento adequado”, alerta Dr. Abrão Cury.
A covid-19 se tornou um novo momento para muitos pacientes descobrirem questões ocultas sobre a própria saúde, principalmente aqueles que não se cuidavam ou faziam check-up de rotina. “Paciente com uma doença pré-existente que está controlada, por meio de tratamento, pode apresentar uma resposta melhor à Covid-19. Em casos de pessoas que não têm a comorbidade controlada, muitas vezes precisamos aliar o tratamento contra o coronavírus com medicamentos para a doença pré-existente. E neste caso, a atenção precisa ser ainda maior", ressalta
Doenças pré-existentes:
"Infelizmente, temos notado muitos pacientes com a Covid-19 que têm um IMC (Índice de Massa Corporal) que se enquadra na obesidade, mas não percebiam. Isso é preocupante. Estamos identificando muitas doenças, até então desconhecidas pelos pacientes, nas internações, como hipertensão e diabetes. São mazelas motivadas por hábitos ruins ou questões genéticas. Elas fazem com o que o paciente esteja no grupo de riscos do coronavírus”, diz.
Obesidade, hipertensão e diabetes são as comorbidades desconhecidas, ou sem tratamento adequado, mais comuns entre pacientes com quadro grave de Covid-19. Elas também são as doenças crônicas mais comuns entre os brasileiros em geral, segundo o Ministério da Saúde. Outras enfermidades como tuberculose, doença pulmonar obstrutiva crônica e problemas cardíacos também podem estar entre as mazelas desconhecidas por pacientes infectados pelo coronavírus, que são internados em estado grave.
As doenças pré-existentes costumam ser descobertas em meio aos diversos exames feitos em pacientes internados com a Covid-19. Para o Dr. Abrão Cury, um dos principais motivos para que essas comorbidades não tenham sido descobertas previamente em diversos casos é porque são silenciosas. “Desta forma, como muitos deixam de fazer exames preventivos, acabam descobrindo a mazela apenas quando sentem alguma dificuldade”, alerta.
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