COVID-19: álcool e imunidade
CISA alerta que uso abusivo pode enfraquecer sistema imunológico e deixar o corpo um alvo mais fácil para doenças
Manter-se saudável e adotar hábitos que fortaleçam o sistema imunológico são recomendações dos profissionais de saúde para que o organismo esteja melhor preparado, caso entre em contato com o novo coronavírus. Abusar de bebidas alcoólicas, principalmente neste contexto, passa a ser mais um ponto de atenção para a população, especialmente para os mais vulneráveis e com comorbidades.
O alerta é feito pelo CISA – Centro de Informações sobre Saúde e Álcool, referência nacional no tema, que destaca: não é somente o uso pesado de álcool, sobretudo de modo crônico, que compromete a imunidade do organismo. Beber muito em uma única ocasião – conhecido como Beber Pesado Episódico (BPE)* – também diminui a capacidade do corpo de evitar infecções até 24 horas depois do consumo.
“Especialmente nesses tempos de quarentena, quando foi observado um aumento no consumo de álcool associado à tristeza ou depressão, é importante reforçar o perigo do uso do álcool como ferramenta para lidar com o estresse e ansiedade. Álcool não é remédio e seu uso exagerado pode trazer impactos a curto e longo prazo para a saúde, além dos efeitos negativos ao sistema imunológico”, explica o psiquiatra especialista em dependência química e presidente do CISA, Arthur Guerra.
De acordo com diversos estudos, o consumo abusivo de álcool pode enfraquecer o sistema imunológico, afetando as células de defesa e tornando o corpo um alvo mais fácil para doenças. O uso crônico e pesado reduz o número de linfócitos T periféricos e também parece causar perda de linfócitos B periféricos – ambos relacionados com a defesa do organismo e que desempenham um papel importante no reconhecimento e destruição de organismos infecciosos, como bactérias e vírus.
Essas alterações acabam comprometendo a capacidade de resposta a patógenos (agentes causadores de doenças) e contribuindo para o aumento da suscetibilidade a infecções, incluindo as virais, como a COVID-19.
Outros estudos sugerem ainda que o uso nocivo de álcool afeta os sistemas de defesa pulmonares, causando alterações da função imune das células do local. Poderia também enfraquecer as barreiras epiteliais das vias aéreas inferiores e levar a problemas pulmonares e respiratórios como tuberculose, síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA) e pneumonia – o que ainda é mais grave nesse período de pandemia. Segundo o National Institute on Alcohol Abuse and Alcoholism (NIAAA) – referência mundial no tema, bebedores abusivos crônicos são mais propensos a contrair doenças como pneumonia e tuberculose do que as pessoas que não bebem abusivamente.
*BPE: consumo de 4 ou mais doses para mulheres e 5 ou mais doses para homens numa única ocasião. Uma dose padrão equivale a 14 g de álcool puro, o que corresponde a 350 mL de cerveja (5% de álcool), 150 mL de vinho (12% de álcool) ou 45 mL de destilado (vodca, uísque, cachaça, gin, tequila, com 40% de álcool).
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