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Pesquisa Saúde da Mente & Pandemia aponta que 53% dos brasileiros têm mais alteração de humor no isolamento

  • Crédito de Imagens:Divulgação - Escrito ou enviado por  Betania Lins
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Conduzido pela NOZ Pesquisa e Inteligência em parceria com o Instituto Bem do Estar, o mapeamento "Saúde da Mente & Pandemia" - realizado em maio de 2020 com 1.515 participantes - investigou o impacto do isolamento social no cotidiano do brasileiro. O levantamento avaliou questões como hábitos e rotinas; sentimentos e reações físicas; alimentação; e o impacto na libido de casados e solteiros. Para 49% dos casados (ou em união estável), a libido diminuiu; entre os solteiros, 21% afirmaram que o desejo sexual aumentou.

Para os especialistas da área de saúde mental, um dos principais indícios de transtornos mentais é a necessidade que o indivíduo tem de se isolar. Ironicamente, diante da hecatombe causada pelo novo coronavírus – na qual o isolamento social é essencial para reduzir as chances de contaminação e disseminação da Covid-19 – a prática pode potencializar os transtornos de ansiedade e depressão. Para entender o real impacto da pandemia no emocional dos brasileiros, o Instituto Bem do Estar e NOZ Pesquisa e Inteligência conduziram o mapeamento Saúde da Mente & Pandemia. Realizado com 1.515 brasileiros de todas as regiões, idades e classes sociais, o levantamento avaliou questões como hábitos e rotinas; sentimentos e reações físicas; e impacto na alimentação e na libido de casados e solteiros. A pesquisa integra o projeto Sociedade de Vidro e contará com outros módulos focados em investigar a saúde da mente de moradores de periferias, de jovens e novo ambiente de trabalho.

Segundo Juliana Vanin, fundadora da NOZ Pesquisa e Inteligência e uma das coordenadoras da pesquisa Saúde da Mente & Pandemia, entre os destaques do mapeamento estão as análises propositivas que a diversidade de dados traz. “A pesquisa traz muitas informações sobre os sentimentos e as reações físicas, mas também mapeamos mudanças nos hábitos e rotinas provocadas pela pandemia, como por exemplo, o nível de isolamento, aumento de horas dedicadas ao home office e atividades físicas. Isso nos permite traçar as relações entre as alterações nos sentimentos e as reações físicas ligadas à ansiedade e à depressão com as novas rotinas e hábitos. Essas análises serão úteis para planejarmos como lidar com a saúde da mente nesse novo contexto em que vivemos”, afirma Juliana.

Na percepção de Isabel Marçal, cofundadora do Instituto Bem do Estar, o diferencial da pesquisa está em proporcionar pelo menos cinco minutos de reflexão aos participantes sobre os próprios sentimentos e reações físicas diante da maior crise da contemporaneidade. “Queremos impulsionar o debate, a troca de experiências e a escuta de novas visões e percepções sobre a saúde da mente. E, o primeiro passo é entender como estão nossos sentimentos e quais as reações físicas são provocadas em nosso corpo por questões emocionais. A pesquisa proporcionou, por meio do olhar para si mesmo, que levantássemos estes dados de 1.515 pessoas, além de outros – citados por Juliana Vanin, com possibilidade de diversos cruzamentos. A partir dos dados levantados e compilados de forma consistente, precisa e plural, poderemos, com a ajuda de especialistas convidados, observar as tendências e realizar uma análise propositiva do atual cenário brasileiro da saúde da mente”, avalia Isabel.

A análise de Milena Fanucchi, cofundadora do Instituto Bem do Estar, a pandemia veio para ‘iluminar’ diversos problemas da nossa sociedade, entre eles, os transtornos relacionados à saúde da mente, como depressão e ansiedade. “Se antes, a Organização Mundial da Saúde (OMS) já previa que, em 2020, a depressão seria a maior causa de afastamentos no trabalho – e até 2030 a doença mais incapacitante do mundo –, imagina agora? A pesquisa mostra o aumento de diversos sintomas relacionados tanto a depressão quanto a ansiedade, o que é preocupante. Por isso, é de extrema urgência informar a população sobre os cuidados com a nossa saúde da mente, para assim prevenir, principalmente, a depressão e a ansiedade", pondera.

PRINCIPAIS CONCLUSÕES DA PESQUISA

||| HÁBITOS E ROTINA DURANTE O ISOLAMENTO

Entre os entrevistados, 42% saem de casa menos de uma vez por semana; 35% de uma a duas vezes; 10% de três a quatro vezes; 9% cinco a mais. 51% reduziram a prática de atividade física, sendo que 33% afirmam estar praticando muito menos. Há registro, para 49%, no aumento de atividades que dão prazer: ler, ouvir música, pintar, entre outros.

Sobre a realização de atividades ligadas à mente e à rede de apoio, 28% dos entrevistados apontam que estão praticando meditação; 13% ioga; 58% e 53% afirmam que estão realizando encontros virtuais com amigos e familiares, respectivamente.

Sobre o exercício da religiosidade ou espiritualidade, 29% afirmam que mantêm mais do que antes do isolamento; 32% reportam que mantêm, mas nada mudou; 9% apontam que mantêm, mas menos do que no período anterior; para 13% muito pouco ou nada; e 14% não pratica por não ser uma pessoa religiosa/espiritualista.

Sobre o atendimento terapêutico, 10% das pessoas que em algum momento fizeram terapia, afirmaram que pararam durante a pandemia. “Esse dado é relevante, porque apresenta uma tendência de que esse número aumente por conta da crise financeira, embora o contexto de isolamento aumente a necessidade de terapia”, afirma Isabel Marçal, cofundadora do Instituto Bem do Estar. Entre os brasileiros que estão fazendo terapia, 85% deixaram de ir ao consultório e estão fazendo na modalidade online; 10% começaram ou aumentaram a frequência durante o isolamento – embora 14% tenham reduzido a frequência.

||| SENTIMENTOS E REAÇÕES FÍSICAS

65% dos entrevistados estão se sentindo mais emotivos; desses, 25% reportam estar “muito mais” emotivos ou sensíveis. Em cada quatro pessoas, uma está muito mais emotiva.

O sentimento de medo é para 71% maior, sendo que 23% sentem que estão com muito mais medo; 70% estão se sentindo excessivamente preocupadas, enquanto 43% dos entrevistados estão menos esperançosos. Em contrapartida, 29% estão com mais esperanças que no período anterior à pandemia. Mais da metade dos respondentes, 53%, afirmou ter mais alterações de humor durante o isolamento.

Sobre as reações físicas, 49% dos casados – ou em união estável – afirmam estar com menos libido; entre os solteiros, esse percentual é de 34%. Do total de respondentes, 14% afirmaram que o desejo sexual aumentou – entre os solteiros, esse índice é de 21% e 8% entre os casados. A insônia parece afetar os mais jovens: o percentual de entrevistados que afirmam estar com o problema é crescente nessa faixa etária, sendo 60% entre os que têm menos de 30 anos; 52% entre os com 31 e 50 anos; e 43% entre os com mais de 51 anos.

Na análise do cruzamento entre sentimentos e reações físicas, de acordo com o grau de escolaridade e renda, a pesquisa mostra que enquanto 8% dos entrevistados com ensino fundamental ou médio afirmam nunca terem se sentido inseguros, entre os com pós-graduação, esse índice é de 3%. Entretanto, para 31% dos brasileiros com ensino fundamental ou médio há grande aumento do sentimento de insegurança; entre os com pós-graduação, esse percentual é de 19%. Para 80% dos que perderam o emprego durante a pandemia há mais insegurança, destes 33% reportam estarem muito mais inseguros. Entre os que tiveram dispensa temporária (suspensão do contrato), 81% se sentem mais inseguros, entre estes 26% muito mais inseguros. Para os que estão trabalhando e não sofreram alterações na rotina, 58% se sentem mais inseguros.

A comparação da prática de atividade física e do aumento de sentimentos vinculados à depressão e à ansiedade mostra que 61% dos entrevistados que reduziram a atividade física têm se sentido mais desanimados diante do isolamento social – entre os que conseguiram aumentar muito a frequência de exercícios, esse número cai para 38%. O mesmo ocorre com sintomas físicos: os 37% brasileiros que diminuíram a frequência têm sentido mais dores de cabeça; entre os que aumentaram a atividade física, somente 20% reportam aumento das dores. O distanciamento social tem um impacto claro na alimentação. Para 48% das pessoas que se sentem mais desanimadas e 44% das que se sentem mais agitadas – e com mudanças repentinas de humor – os hábitos alimentares pioraram.

||| METODOLOGIA DA PESQUISA | Conduzida pela NOZ Pesquisa e Inteligência – em parceria com o Instituto Bem do Estar –, o mapeamento Saúde da Mente & Pandemia é uma pesquisa quantitativa online com questionário de autopreenchimento voluntário. Sem fins comerciais, foi realizada entre os dias 7 e 31 de maio de 2020 e contou com participação voluntária de 1.515 respondentes. Os dados permitiram mapear os sentimentos, sensações e mudanças de hábitos e rotinas durante o isolamento social. O perfil da amostra é composto por 21% homens, 71% mulheres e 7% não informado; 75% moradores do Estado de São Paulo e 25% distribuídos por todas as regiões do Brasil e com faixas etárias e renda mensal individual diversas.

As próximas etapas da pesquisa, que acontecerão entre agosto e novembro; estão previstas a ampliação no número de respondentes e do perfil da amostra (particularidades e desafios das periferias, juventudes e novo ambiente de trabalho). Ao final do levantamento haverá cinco mapeamentos públicos: o primeiro em agosto com a análise desta primeira etapa; os seguintes referentes aos três recortes de perfis (novembro de 2020) e, em janeiro de 2021, o mapeamento final com a comparação dos dados levantados e uma análise propositiva do impacto do isolamento social na saúde da mente.

O estudo “Saúde da Mente & Isolamento Social” integra um grande projeto do Instituto Bem do Estar, Sociedade de Vidro – um olhar contínuo sobre a sociedade brasileira e as fragilidades emocionais. O projeto conterá estudos para que o máximo de dados sejam levantados e compilados de forma consistente e precisa, além de iniciativas de reflexão e conscientização.

SOBRE O INSTITUTO BEM DO ESTAR

Fundado em 2018 por Isabel Marçal e Milena Fanucchi, o Instituto Bem do Estar é um negócio social sem fins lucrativos voltado à promoção da saúde da mente. Com o propósito de desafiar as pessoas a mudar o próprio comportamento em relação à saúde da mente, a organização colabora com a prevenção de doenças psicológicas e contribui para uma sociedade mais consciente e saudável. Para tal, possui três objetivos, que visam a transformação social necessária a uma sociedade que está em falência emocional: CONSCIENTIZAR, informa a população sobre os cuidados para uma saúde da mente de qualidade, estimulando a busca pelo autoconhecimento e o despertar da empatia por meio de conteúdo digital, campanhas de conscientização e mostras e exposições culturais; CONECTAR, promove experiências do cuidado com a mente, proporcionando ferramentas que contribuem com o desenvolvimento socioemocional individual e coletivo por meio de atividades práticas, como vivências, workshops e palestras, além da divulgação de locais de atendimento terapêutico gratuitos ou por contribuição consciente; MOBILIZAR, entende o contexto sobre saúde da mente e o impacto na sociedade, gerando estatísticas e articular agentes públicos e privados, visando o acesso a políticas públicas via pesquisas e práticas de advocacy. www.bemdoestar.org

SOBRE NOZ PESQUISA E INTELIGÊNCIA

A NOZ é um ateliê de pesquisa e inteligência de negócios, cujo trabalho é entender desejos e comportamentos humanos. A empresa atua em todo o ciclo de negócio, unindo conhecimentos e metodologias de Economia Comportamental, Pesquisa, Planejamento Estratégico, Financeiro e de Marketing. Além de consultoria e projetos para empresas, a NOZ foca o trabalho em estudos sociais sobre diversos temas, como Cooperação, Educação, Trabalho e Empreendedorismo, Maturidade (50+), Doação, Mulheres e o Mercado de Trabalho. Fundada em 2015 por Juliana Vanin –economista formada pela Universidade de São Paulo (USP); pós-graduada em Finanças pelo Insper; especialista em Pesquisa de Mercado, Inteligência de Negócios, Planejamento Financeiro e Estratégico – a empresa produz informação e conhecimento, acreditando que estas têm o poder de transformar. Tem como objetivo impulsionar o debate, a troca de experiências e a escuta de novas visões e percepções.


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