Potássio e sua relevância na saúde humana
• Por Daniel Magnoni
O potássio é um mineral essencial para o adequado funcionamento do organismo e também considerado o principal íon intracelular, com cerca de 98% de seu conteúdo corporal localizado no interior das células e apenas 2% na porção extracelular. Este equilíbrio de concentrações entre os fluidos extra e intracelular é fundamental para a manutenção da vida, já que alterações em sua homeostase são responsáveis por afetar a transmissão neural, contração muscular e tônus vascular. Dito isso, o potássio também participa do metabolismo energético, secreção de insulina e ainda contribui com a regulação normal do pH.
Além de estar envolvido em todos estes mecanismos, o potássio tem sido evidenciado quanto ao seu potencial na terapia de algumas patologias. A atividade de canais de potássio pode ser considerada alvo terapêutico no tratamento de doenças como esclerose múltipla, Alzheimer, esquizofrenia, enxaquecas, hipertensão pulmonar e diabetes. Aparentemente, estes canais exercem efeito neuroprotetor e cardioprotetor, mas ainda são necessários mais estudos para melhor elucidar o assunto.
No que diz respeito a absorção, cerca de 85% de todo o potássio ingerido é absorvido de forma bastante efetiva em indivíduos saudáveis. Seu consumo excessivo pela alimentação não oferece riscos à saúde, já que em uma população sadia e com função renal normal, este excesso é excretado na urina. A restrição no consumo deste nutriente deve incluir apenas os pacientes com problemas renais (pela capacidade de excreção comprometida) ou que fazem o uso continuo de alguns medicamentos anti-hipertensivos, que podem impedir a eliminação normal do nutriente pela via urinária.
Sua deficiência por consumo alimentar é rara. Normalmente, quadros de hipocalemia grave ocorrem devido à perda do mineral através de vômitos e diarreias intensos, ou então pelo uso excessivo de diuréticos. Apesar disso, de acordo com o Dietary Guidelines for Americans, de 2010, o potássio é um entre os quatro nutrientes com maior carência na dieta americana. Ainda nesse sentido, um outro estudo de revisão sobre o consumo de potássio populacional em vários países, incluindo o Brasil, também concluiu que a ingesta do nutriente se encontrava aquém do valor adequado, que corresponde a quantidade de 4,7 g/dia.
A ingestão inadequada de potássio está associada com a modificação de diversas funções fisiológicas. Quando presente em quantidades deficientes, o potássio relaciona-se com o aumento no risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares (principalmente AVC) e aumento da pressão arterial. Quadros de intolerância à glicose, desenvolvimento de cálculos renais, sensibilidade ao sal e maior perda óssea também são descritos como consequência da carência de potássio.
Por isso, é importante atentar-se ao consumo de alimentos fontes deste nutriente no intuito de evitar possíveis carências. Dentre as principais fontes de potássio, podemos citar as frutas, hortaliças, carnes e produtos lácteos. No caso dos alimentos de origem vegetal, é preciso reparar no modo em que estes são consumidos, já que a cocção em água e processamento configuram grande perda do nutriente. Além disso, a forma de cultivo deve ser igualmente observada, pois a nutrição mineral do solo afeta diretamente a quantidade de vitaminas e sais minerais presentes nas frutas e hortaliças. Sendo assim, um solo pobre em nutrientes pode dar origem a alimentos de menor qualidade nutricional.
Uma alimentação equilibrada e variada, com o consumo adequado de frutas e verduras, proporciona facilmente a quantidade adequada de potássio que o nosso corpo necessita diariamente. Junto a isso, é primordial conhecer a origem dos alimentos que chegam à nossa mesa. O cultivo em solos fertilizados e com o aporte adequado de todos os nutrientes indispensáveis ao crescimento das plantas é fundamental para uma melhor qualidade nutricional dos alimentos e uma alimentação mais completa.
• Daniel Magnoni, consultor da iniciativa Nutrientes para a Vida (NPV), diretor de Serviço de Nutrologia e Nutrição Clínica do Hospital do Coração – Hcor, Mestre em cardiologia pela Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP; especializado ainda em Clínica Médica, Nutrologia e Nutrição Parenteral e Enteral pela Associação Médica Brasileira – AMB / Conselho Federal de Medicina – CFM
SOBRE NPV
Presente no Brasil desde 2016, a Nutrientes Para Vida (NPV) é uma iniciativa que possui visão, missão e valores análogos aos da coirmã americana, a Nutrients For Life. Seu objetivo é esclarecer e informar a sociedade sobre os benefícios dos fertilizantes (ou adubos) na produção dos alimentos, bem como sobre sua utilização adequada.
Este tipo de esclarecimento é essencial, se considerarmos que há muita desinformação sobre o tema. Como dizia uma antiga campanha publicitária, com o manejo adequado do solo, no Brasil, “adubando, dá”.
Para manter o solo fértil e a alta produtividade de novos cultivos, os nutrientes precisam ser repostos. Os fertilizantes cumprem o papel de alimentar a planta, o que é essencial para o seu desenvolvimento.
Referências
Cuppari L, Bazanelli AP. Funções Plenamente Reconhecidas de Nutrientes: Potássio. São Paulo: International Life Sciences Institute do Brasil, 2010.
Tramonte VLCG, Callou KRA, Cozzolino SMF. Sódio, cloro e potássio. In: Cozzolino SMF. Biodisponibilidade de nutrientes. 5ºed. Barueri, SP: Manole, 2016. p.575-598.
Weaver CM. Potassium and Health. Adv Nutr. 2013; 4(3): 368S–377S.
Faquin V, Andrade AT. Nutrição mineral e diagnose do estado nutricional de hortaliças [monografia]. Lavras: Universidade Federal de Lavras; 2004.
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