Como os pagamentos móveis estão mudando a forma como viajamos
Jean Christian Mies, presidente da Adyen para a América Latina
Andar com a carteira cheia em viagens, pagar altas taxas nas casas de câmbio e lidar com moedas e cédulas de diversos países sobrando na mala são preocupações do passado. O setor do turismo, assim como todos os outros, está se beneficiando da globalização dos negócios digitais. E não estou falando apenas de cartões de crédito internacionais. Buscando segurança e comodidade, os viajantes estão recorrendo cada vez mais a smartphones como forma de pagamento.
Hoje, aplicativos de mobilidade, hospitalidade, passagens áreas e serviços financeiros contam com plataformas unificadas para operar em qualquer lugar do mundo. Para as empresas, oferecer bons serviços em diferentes países significa fidelizar o cliente independentemente de onde ele esteja. Para o consumidor, a mobilidade digital descomplica a experiência de viagem, além de resultar em uma redução de gastos com taxas de câmbio e permitir ao viajante aproveitar os destinos sem barreiras, sejam elas físicas ou digitais.
Dados globais da Travelport's Digital Traveler Survey 2018 mostram que cerca de 80% dos viajantes estariam perdidos sem os smartphones. Eles utilizam de 10 a 12 aplicativos durante a viagem, para se deslocar e também fazer pesquisas e reservas. Quando questionados sobre o motivo de utilizarem o smartphone no exterior, a resposta não surpreende: 90% se valem dos aplicativos que já estão instalados nos dispositivos para facilitar suas vidas. Dá para entender, afinal quando viajamos queremos contar com a mesma comodidade que temos no dia a dia.
Serviços como o Uber e o Rappi, por exemplo, têm plataformas globais únicas e podem ser acessados pelo mesmo aplicativo em qualquer cidade do mundo em que estejam operando. Para utilizar os serviços, é possível utilizar o cartão de crédito já cadastrado, sem necessidade de atualizar qualquer informação. Outro exemplo são lojas de departamento ao redor do mundo, como a Macy's nos Estados Unidos e a Bijenkorf na Holanda, em que é possível pagar com as mesmas carteiras digitais já presentes aqui no Brasil: Google Pay™, Apple Pay e Samsung Pay.
Conhecer o método de pagamento preferido nos destinos
De acordo com a Organização Mundial do Turismo das Nações Unidas (UNWTO), em 2017 foram mais de 1 bilhão de desembarques internacionais ao redor do mundo, e os viajantes gastaram cerca de 1,3 trilhões de dólares em solo estrangeiro. Mas para fazer compras em outros países, nem sempre é possível encontrar os meios de pagamento com os quais estamos acostumados no Brasil. Muitos países contam com seus próprios meios de pagamento digitais, que podem ser rapidamente instalados no smartphone para facilitar a transação com comerciantes locais.
O estudo Global Payment Methods, da Adyen, mostra que na China, o quarto país que mais recebeu turistas internacionais em 2017, 70% das transações comerciais são feitas por Alipay e WeChat Pay - carteiras digitais locais com as quais o cliente paga via aplicativo de chat. Até mesmo feirantes de rua preferem receber pelos apps. Já na Austrália, onde mais de 41 bilhões de dólares foram injetados na economia local por turistas, 17% de todas as transações são feitas via carteiras digitais. Na Rússia, sede da Copa do Mundo em 2018, a carteira digital Qiwi é utilizada por 16,5 milhões de pessoas.
Mas não são apenas as ewallets locais que influenciam os pagamentos internacionais. Outro método de pagamento digital popular é o débito direto. Dados da Adyen indicam que na Alemanha, nono país a receber o maior número de turistas em 2017, 60% de todas as transações são realizadas por débito direto, com os serviços Giropay, Sofort e SEPA débito direto. O mesmo ocorre na Holanda, com o iDEAL.
O Brasil também tem suas peculiaridades para quem vem de fora. Os cartões de crédito e débito ainda são os preferidos pelos consumidores, contabilizando 74% das transações realizadas localmente. Na sequência, os brasileiros preferem pagar com boletos, meio de pagamento que só existe por aqui e que representa 15% de todas as transações. As recém-chegadas carteiras digitais, no entanto, estão ganhando cada vez mais espaço em território nacional e apresentaram crescimento de 50% no volume de transações nos últimos três meses de 2018.
Sem preocupação com o planejamento
Ter bilhetes de embarque, comprovantes de check-in e cópias de documentos armazenados na nuvem, além de métodos de pagamento em um só dispositivo, é algo que modifica a experiência do turista muito antes do embarque.
Dados do estudo Content e Mobile, do Digitalks, mostram que praticidade e agilidade são as principais razões para compras por smartphones para 81% e 71% dos consumidores brasileiros, respectivamente. São poucos cliques que permitem resolver passagem, hospedagem e outros detalhes da viagem.
Bom exemplo disso é o da companhia aérea KLM, que permite a compra de passagens pelo Facebook e Twitter. O usuário que segue a empresa nas redes sociais não precisa se deslocar até o site para reservar passagens. Acessando o chat na página da KLM no Facebook, por exemplo, o usuário encontra diferentes opções de reserva de voo. O serviço também oferece reserva de hotel e aluguel de carro em parceria com outras empresas, além da possibilidade de se verificar o status de voos.
A facilidade é um fator ainda mais determinante para compras de última hora. Dados da Allianz Worldwide Partners e da Adyen mostram que 16% dos consumidores contratam o seguro viagem no dia do embarque, pelo smartphone. O mesmo ocorre com a estadia: segundo pesquisa da Phocuswright, empresa de pesquisa voltada para o turismo, 38% das reservas de hospedagem acontecem no dia do check-in ou até, no máximo, dois dias antes.
A mobilidade digital descomplica a experiência de viagem em virtualmente qualquer lugar do mundo e em todas suas etapas, permitindo que os viajantes se preocupem apenas em aproveitar o passeio. Com o avanço de tecnologias e regulações que impulsionam a mobilidade, a tendência é termos cada vez mais recursos na palma da mão não só para o dia a dia, mas também para explorar terras internacionais, a lazer ou a trabalho. Se hoje já é possível conhecer o mundo deixando a carteira e os cartões de crédito no hotel, no futuro é provável que eles sequer entrem na bagagem.
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