Com crescimento de crimes financeiros, aumenta procura por certificações antilavagem de dinheiro
Alta nos últimos 3 anos chega a 45% em alguns setores
O crescimento no número de crimes financeiros no Brasil tem acelerado a busca por ferramentas de combate à lavagem de dinheiro. Bancos, corretoras e correspondentes cambiais têm recorrido a instituições especializadas em auditorias de prevenção a estes crimes. Até mesmo instituições financeiras internacionais começam a fazer parte do mercado de certificações no país.
Em 2021, de acordo com dados da Associação Brasileira de Câmbio (ABRACAM), 154 correspondentes cambiais recorreram a certificações. Até o começo de novembro deste ano, já eram 222. Alta de 45%. O mercado de câmbio é considerado pelo Banco Central um dos mais sensíveis no combate à lavagem de dinheiro.
A entidade representa 90,3% dos contratos do mercado primário de câmbio no país. Para se ter ideia, em 2023, foram registrados 45 milhões de contratos no setor, totalizando US$ 1,754 trilhão em transações. De acordo com a ABRACAM, ao todo, desde 2021, a entidade já entregou 1.135 certificações destinadas a instituições que trabalham com câmbio.
E a preocupação tem um motivo. Dados do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF) mostram que entre 2014 e 2023, houve um aumento de 420% no número de Relatórios de Inteligência Financeira produzidos pelo órgão. Em 2014, foram 3.178 relatórios, enquanto no ano passado o número alcançou 16.411. Os relatórios são o resultado de análises das comunicações recebidas de entidades que têm a obrigação de comunicar indícios de crimes financeiros
As certificações da ABRACAM, feitas em parceria com a Ernst Young, avaliam se as normas da circular 3978/2020 do Banco Central, que aumentou os critérios de exigência de ações de prevenção à lavagem de dinheiro, estão em funcionamento nas instituições financeiras auditadas.
Segundo a ABRACAM, com o crescimento no número de crimes financeiros no país e o aumento de exigências regulatórias do Banco Central, o mercado financeiro tem se preocupado mais com a governança de dados. “ Em termos operacionais, a auditoria dá mais tranquilidade à instituição financeira de que está adotando as práticas mais modernas no combate a crimes finaceiros”, afirma a presidente executiva da ABRACAM, Kelly Massaro.
O crescimento do setor atrai também a atenção de novas entidades de certificação ao país. No mês passado, o The Wolfsberg Group, associação dos 12 maiores bancos do mundo, anunciou uma parceria com a ABRACAM para a introdução de novas normas de compliance nas certificações realizadas pela entidade no país.
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