Digitalização promove a inclusão financeira
Como os bancos digitais e as fintechs estão reduzindo o número de desbancarizados no Brasil
*Felipe Avelar
No Brasil temos vários perfis de excluídos: os sem teto, os sem-terra, os desempregados, etc. São vários indicadores de desigualdade que precisam ser combatidos. Na área das pessoas que não têm acesso à conta corrente e outros serviços (os chamados desbancarizados), esse abismo tem diminuído em ritmo acelerado nos últimos meses, graças ao fenômeno dos bancos digitais e das fintechs, além do cenário atual.
Segundo pesquisa realizada pela consultoria Americas Market Intelligence, em parceria com a Mastercard, a quantidade de brasileiros desbancarizados caiu expressivos 73% nos últimos cinco meses, dado muito positivo pois mostra crescimento na democratização ao acesso a vários serviços e recursos.
Essa inclusão financeira já vinha avançando no Brasil antes da covid-19. Mas com o cenário de pandemia, ganhou maior fôlego, impulsionada pela necessidade de isolamento social, que manteve (e ainda mantém) muita gente longe das agências, e pelo chamado Auxílio Emergencial, valor que começou a ser pago mensalmente para milhões de pessoas pelo governo federal após o início da crise do covid-19. Para recebê-lo, era preciso ter pelo menos uma conta poupança social – e boa parte da população até então desbancarizada logo correu para fazer seu cadastro.
Neste momento os bancos digitais prestam extraordinária contribuição ao país, pois por meio deles um enorme contingente de brasileiros podem obter uma conta bancária de forma rápida, simples e quase sem burocracia. Muitos o fizeram, aliás, apenas acessando os sites dos bancos digitais por meio de seus celulares.
O estudo Aceleração da inclusão financeira durante a pandemia da covid-19 mostra que, além da necessidade de uma conta para o recebimento do auxílio disponibilizado pelo governo, também impulsionou o processo de bancarização uma norma baixada pelo governo que proibia a transferência desse benefício ou saque do dinheiro colocado em cada conta por 30 dias.
Isso alterou de forma decisiva a maneira como os beneficiários utilizavam tais recursos. Antes da norma, 35% das transações consistiam em saques e menos de 5% eram digitais. Após a norma, os saques caíram para 15% e as transações digitais subiram para 63% do total de movimentações.
E a sequência de acontecimentos apontada pelo estudo (pandemia + políticas emergenciais de renda mínima + aumento da inclusão bancária) não se deu apenas no Brasil.
Na verdade, os vários programas de benefícios sociais implementados na América Latina visando minimizar os impactos da covid-19 fizeram com que a população não bancarizada da região diminuísse em 25% – e tal porcentagem deve melhorar ainda mais em um futuro próximo.
Nesses tempos de pandemia, não se deve ignorar os benefícios à saúde pública que a entrada de cada vez mais pessoas no sistema financeiro traz. Além de manter o correntista longe da agência, vale lembrar que a digitalização do sistema bancário e suas transações online reduzem a circulação do papel moeda, meio que também carrega impurezas e patógenos, que podem disseminar a covid-19.
E há vários outros aspectos positivos da bancarização:
Acesso facilitado ao crédito. Com isso, é possível tirar da gaveta aquele plano de fazer uma faculdade, montar um negócio, comprar um carro, etc. Alguns bancos digitais oferecem acesso a serviços como antecipação de recebíveis em marketplaces financeiros, por exemplo.
Facilidade no pagamento de contas, que pode ser feito pelo internet banking. Aliás, há contas digitais que dispensam o correntista do pagamento de taxas para utilizar vários recursos, como transferências por exemplo.
Melhor controle sobre os gastos – Com as informações digitalizadas é possível saber com facilidade quanto está entrando na sua conta, data, o que foi gasto, por períodos específicos. Isso permite que as famílias gerenciem melhor suas receitas e controlem suas despesas. Vai longe o tempo que a gente anotava os gastos na ponta do lápis, certo?
Facilita o empreendedorismo – Além do crédito, oferece ferramentas para que os pequenos empresários possam diversificar as formas de pagamento oferecidas aos seus clientes.
Opções de investimento – Leva às pessoas melhores opções para guardar e rentabilizar suas economias.
Bancarizar a população também significa melhorar a vida das pessoas e promover uma sociedade um pouco mais justa.
*Felipe Avelar é CEO da Finplace, fintech que conecta de forma gratuita empresas que precisam de crédito com instituições financeiras. Foi por 10 anos vice-presidente de operações do Grupo Credit Brasil e possui grande experiência no segmento de crédito para MPMEs.
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