Incertezas do pós-pandemia fortalecem análises do Custo Total de Propriedade nos investimentos em logística
Hovani Argeri (*)
É fato que os pedidos no formato delivery, praticamente obrigatórios no período de isolamento exigido pela pandemia, aqueceram o mercado de logística. Segundo a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABCCOM), houve um aumento de 30% nas vendas pela internet em abril, com uma constatação de milhares de consumidores realizando sua primeira compra online. A estimativa é de que o e-commerce tenha conquistado pelo menos 4 milhões de novos clientes, que devem manter essa modalidade de consumo mesmo após a crise.
Apesar disso, o formato da recuperação econômica no Brasil ainda é uma incógnita. Se será em V, W ou outra letra ainda depende se ocorrerá uma segunda onda de contaminação da Covid-19 e quando sairá a vacinação em massa. Mas, independentemente disso, é preciso tirar lições da crise, se preparar para atender a demanda reprimida e crescer de forma sustentável.
Neste caso, a ferramenta ideal para todos os segmentos é a análise TCO (Total Cost of Ownership ou Custo Total de Propriedade), principalmente quando se trata do segmento de logística. Isto porque as empresas precisaram alterar sua forma de atendimento tendo em vista que os prazos de entrega se tornaram um importante fator de decisão dos clientes que passaram a fazer suas compras online.
A eficiência logística se tornou essencial para a sustentabilidade dos negócios, que passa pela espinhosa via de uma avaliação crítica dos investimentos. A urgência de decisões pode levar a erros que, num primeiro momento, parecem acertos, mas comprometerão a performance ou mesmo a permanência da empresa no mercado no longo prazo. É aí que entra a análises através do TCO.
A aquisição por este ou por aquele bem ou empresa não se pode basear apenas em preços, formas, prazos de pagamento e juros. Na metodologia TCO, são computadas despesas presumíveis com implantação, instalações, adaptações, customizações, ajustes necessários etc. Também é preciso identificar aportes que a operação demandará, como treinamentos operacionais e administrativos, custos de manutenção, previsão de tempo de operação e gastos necessários com insumos. O detalhamento dessas variáveis identifica qual escolha proporcionará maior produtividade.
A TCO é extremamente útil para este momento do segmento logístico de crescimento da demanda, impulsionado pelo aumento do consumo via e-commerce, como os resultados de algumas companhias abertas já evidenciam. Diante deste quadro, a tendência é de aumento de investimentos, com aumento e/ou renovação da frota. Neste caso, por exemplo, antes de escolher por determinado modelo ou marca, o empresário deve olhar outros fatores como manutenção, consumo de combustível, seguro e até a necessidade de treinamento dos motoristas, pois cada vez mais novas tecnologias são incorporadas aos caminhões, por exemplo.
Tal tarefa não é fácil e muito menos agradável, porém é essencial e pode determinar a vida ou morte de uma empresa. No entanto, por mais óbvia que seja a importância deste tipo de gestão, pesquisas apontam que somente 3% das empresas levam em consideração tal mecanismo ao definir pela compra de um produto ou serviço.
Sejam cortes ou investimentos inadiáveis, o administrador tem de ter em mente não o futuro imediato, mas a perenidade da corporação ao longo do tempo. Um bem que se mostra mais barato hoje, pode não o ser ao longo de anos. Falhas gerenciais podem passar despercebidas e a lucratividade, que poderia ser maior, é prejudicada. O momento atual demanda ajustes. Não decisões pouco estudadas.
(*) Hovani Argeri é Diretor Geral de Operação da Via Trucks São Paulo
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