BDRs: como investir em ações estrangeiras?
João Beck, especialista em investimentos, economista e sócio da BRA, maior escritório de renda variável da XP Investimentos, comenta sobre a abertura dos ativos a qualquer investidor brasileiro
Desde a última quinta (22), qualquer pessoa pode investir em ativos do exterior, ou seja, em BDRs (Brazilian Depositary Receipts Patrocinados), certificados de depósito emitidos e negociados no Brasil com lastro em valores mobiliários de emissão de companhias estrangeiras, geralmente ações ou ETFs, negociados exclusivamente pela B3 no Brasil. Antes dessa decisão, os BDRs eram restritos somente a investidores profissionais ou qualificados com no mínimo R$ 1 milhão alocados em aplicações, o que impedia a expansão de ativos estrangeiros no país.
Segundo João Beck, especialista em investimentos, economista e sócio da BRA, considerado o melhor escritório de renda variável da XP Investimentos, a principal vantagem desta abertura é que o universo de opções de investimentos explode e é possível diversificar a carteira.
"Além disso, investir em empresas sediadas nos EUA significa investir em empresas globais. Diferente de uma ação brasileira em que o risco Brasil afeta a empresa, nos EUA as empresas são globais e vendem produtos e serviços pro mundo todo. Assim, você diversifica o risco de estar em um só país", explica.
Em meio a essa abertura, uma pesquisa realizada pela XP Investimentos com 48 mil clientes mostrou que 85% deles mostraram disposição em investir até um quarto do patrimônio em ações fora do país.
De acordo com João, as principais ações negociadas no exterior são de empresas que todos convivem diariamente e possuem alguma relação de consumo. "São empresas como Google, Apple, Facebook. Apesar de sediadas em outro país, a assimilação dessas marcas para o investidor é até maior do que de empresas brasileiras. É natural que o investidor tenha inclinação de investir em empresas que ele já tenha alguma relação também como consumidor", comenta.
O estudo da XP Investimentos mostrou também que 86% dos investidores declararam interesse em investir em empresas do segmento de tecnologia. Entre os entrevistados e em meio ao contexto da correria pela vacina contra o novo coronavírus, 39,8% manifestaram interesse por empresas da área farmacêutica, 37,4% pelo financeiro e bancos, e 36,6% pelo de energia.
Segundo o especialista, pelo fato de o mercado viver de ciclos, o momento atual favorece, principalmente, os dois primeiros setores devido a motivos bastante conhecidos como o home office e a intensificação de pesquisas em busca de vacinas para a Covid-19.
"Para o investidor que está entrando agora, pode parecer uma armadilha, pois quando se compra o que todo mundo quer, paga-se caro. E algumas empresas desses setores incorporam nos preços uma expectativa de crescimento enorme. O outro risco é a saída da pandemia. A Netflix, por exemplo, que teve balanço divulgado ontem, já traduz nos números um volume de assinaturas menor do que no primeiro trimestre", comenta Beck.
Com a facilidade do acesso a mercados externos sem a necessidade de abrir conta em corretora no exterior, é necessário que o investidor tenha diversos cuidados com esse tipo de investimento, já que as BDRs são negociadas em dólar.
"Logo, se o dólar cair, sua BDR também vai te dar prejuízo. Há formas de se proteger dessa oscilação através de uma assessoria especializada. Outro cuidado fundamental é a tributação diferente nessa classe de ativo. BDRs não contam com a isenção de vendas abaixo de 20 mil reais assim como os dividendos são tributados pela tabela progressiva", complementa.
Sobre: João Beck é especialista em investimentos e um dos donos da BRA, um dos maiores escritórios credenciados da XP, com mais de 15 mil clientes e cerca de R$ 2,5 bilhões de ativos sob custódia com escritórios no Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba e São Paulo. Graduado em economia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro - UERJ, começou a carreira com vivência em bancos como Itaú, Bradesco e HSBC, instituição da qual saiu para começar uma carreira mais focada em investimentos. Em 2008, perdeu R$ 1 milhão que havia investido, e, quando trabalhou na Icap, maior corretora do mundo, chegou a morar na favela da Gardênia Azul, no Rio de Janeiro. Passou por corretoras como Ágora, Gradual Investimentos, TOV até chegar na XP Investimentos, onde atuou antes de se tornar sócio do escritório de investimentos BRA. Hoje, ultrapassou o valor perdido em 2008, se tornou empreendedor e é referência no mercado de investimentos.
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