Como a Selic impacta a Bolsa de Valores (e pode deixar o investidor confuso)
*Felipe Cavalcante, CPO da TradeMachine
No início de agosto, o Copom derrubou a taxa básica de juros (Selic) para 2%, chegando ao patamar mais baixo da história, com o objetivo de incentivar o mercado de consumo. Se, por um lado, o custo do crédito diminuiu e as pessoas possuem mais capacidade de compra, por outro, os investidores se veem cada vez mais obrigados a diversificarem seus investimentos e saírem da renda fixa. Dados da B3 já apontam tal cenário como uma realidade. Hoje existem cerca de 3 milhões de investidores inscritos na Bolsa, ou seja, um aumento de 68% em relação ao início de 2019.
Apesar do vertiginoso crescimento, muita gente ainda continua com o patrimônio parado na conta ou aplicado em títulos que rendem migalhas. Já aqueles investidores mais informados e que costumam aplicar em fundos multimercados também perceberam que a maior parte de seus investimentos estavam em títulos públicos e, agora, objetivando a diversificação, pagam 20% dos seus lucros para quem conseguir entregar mais de 0,17% a.m. (taxa CDI mensalizada). Ou seja: se o gestor entregar mais de R$ 17 a cada R$ 10 mil reais investidos, ele fica com 20%, além dos 2% já cobrados. Obviamente, esse fundo tende a não valer mais a pena.
Porém, antes de apresentar uma solução ao problema, vamos entender como a redução da taxa afeta seus investimentos. Já que a renda fixa sofre grandes impactos com a redução de juros, a alternativa mais comum a ser analisada passa a ser a renda variável. Como as ações da B3 são escolhas preferenciais, é importante notar que os investidores irão naturalmente para a Bolsa e, por ser um mercado precificado por oferta e demanda, os preços naturalmente tendem a subir possibilitando ganhos especulativos.
Parece difícil, né? Mas vamos explicar com outras palavras. Quando a demanda é grande, maior é a vontade de comprar uma determinada ação. Assim, o detentor atual das ações percebe esse movimento e opta por segurar esse ativo ou vendê-lo mais caro. Uma comparação fácil desse movimento pode ser explicada pelo preço que estamos pagando por alguns itens no supermercado durante a pandemia.
Além do movimento natural e especulativo dos preços das ações, a queda nos juros acontece com o objetivo de estimular a economia. Com juros baixos, a oferta de crédito melhora e o consumidor passa a ter mais poder de compra, principalmente nas compras a prazo. Se as pessoas gastam mais suas economias, toda a cadeia de consumo é movimentada. Isso significa que as empresas terão maiores receitas, poderão produzir e investir mais, potencializando seu lucro e crescimento. Lucro que irá para o bolso do investidor acionista.
Esse fluxo naturalmente é percebido no mercado financeiro. Tanto que cresce a cada dia o número de "gurus" e casas de análises com o discurso positivos sobre a rentabilidade que determinadas ações podem oferecer.
Antes de cair na tentação desses discursos, a recomendação mais plausível para quem está dando seus primeiros passos em investimentos de renda variável é manter-se bem informado. Outra dica: o tempo em que se informa é tão importante quanto a própria informação. De nada adianta receber a informação de que uma empresa vai continuar crescendo depois de uma boa temporada. Não entendeu? Vamos lá…
Suponha que a ação ACAO4 paga 4% de dividendos - o dobro da Selic a 2% - quando o custo da ação está a R$ 5 (seu dividendo, portanto, é de R$ 0,20 por ação). O investidor recebe a informação de que o ativo vai subir naquele dia. Entretanto, por conta do trabalho, não conseguiu fazer a operação de compra e no dia seguinte verificou que a ação já estava em R$ 8,00. Com aumento do preço, o investidor terá menos ações no portfólio e os dividendos irão apresentar rentabilidade próxima de 2,5% ao ano. Pouca diferença sobre a renda fixa para correr risco de perdas, certo? Sem dúvida.
Por causa desse tipo de cenário - bastante comum no dia a dia - uma solução simplista não é necessária para atender os objetivos da maioria dos novos investidores. Da mesma forma, se está lendo esse texto (e entendendo), você já está bem grandinho para acreditar nos "gurus do mercado".
Hoje com o mundo cada vez mais ágil, é necessário que as pessoas encontrem uma solução que possibilite embarcar em renda variável, conhecimento de mercado, velocidade e robustez operacional, por um preço competitivo e que gere rentabilidade. As casas de análises automatizadas chegaram para resolver esse problema. Os especialistas dessas empresas se comprometem a operacionalizar tudo para o investidor, por meio da tecnologia, além de gerar as análises sobre a Bolsa.
*Felipe Cavalcante é sócio-fundador e CPO da TradeMachine, fintech que disponibiliza investimentos em renda variável a partir de estratégias automatizadas indicadas pelos seus algoritmos.
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