Pandemia acelera mudanças nos meios de pagamento do Brasil
Tecnologias low touch, transações online e operações de pessoa para a pessoa estão entre as tendências que ganharam espaço
O mercado de meios de pagamento está passando por mudanças neste cenário de pandemia da Covid-19. Prova disso é o desenvolvimento de novas tecnologias, está o fato de o governo federal ter acelerado a autorização pela liberação dos pagamentos automáticos (PIX) que entrará em vigor em novembro. Além disso, o Fórum Econômico Mundial 2020 confirmou que as soluções low touch estão entre as tendências que foram aceleradas em razão das condições de higiene impostas pela pandemia.
No Brasil, o uso de soluções para pagamentos P2P, ou seja, de pessoa para pessoa e de P2M, de pessoa para empresa foram as mais impactadas. Essas formas digitais de transferências bancárias permitiram, principalmente, que pequenas empresas ganhassem espaço de competitividade em um cenário de crise. Outro fator importante foi o comportamento do consumidor: segundo a pesquisa FEBRABAN de Tecnologia Bancária 2020, divulgada em junho, entre os meses de janeiro e abril deste ano, o percentual de transações feitas por pessoas físicas em canais digitais aumentou 19% — destas, 22% foram por meio de mobile banking. Ao mesmo tempo, o uso de caixas eletrônicos (ATMs) caiu também 19%.
Neste cenário, o Asaas, uma conta digital para empreendedores, percebeu crescimento de 38% no percentual de clientes autônomos durante a pandemia. Como a plataforma pode ser usada por pessoa física e jurídica, com ou sem conta bancária, um dos serviços que mais cresceu foi a gestão de pagamentos. A fintech está cadastrada para fazer conexão com a plataforma de pagamentos instantâneos (PIX) do Banco Central.
“Com a vinda do Covid-19 e o lockdown percebemos um impacto no cliente. Nós atendemos profissionais autônomos, micro e pequenos empreendedores que tiveram que continuar a trabalhar para manter o fluxo de caixa. Com isso, observamos uma baixa no faturamento desses clientes em abril (15% de queda). Em maio, vimos que essas pessoas tiveram de se adaptar e buscar ferramentas online e as vendas começaram a crescer. Acredito que o PIX será mais um reforço para esse público, principalmente para os desbancarizados, que poderão fazer pagamentos e transferências com tarifas mais baixas. Esta facilidade ampliará sua competitividade no mercado”, afirma Piero.
A utilização do papel moeda já estava em queda, antes mesmo da pandemia, o que era uma questão de segurança e conveniência, se tornou uma medida de importância sanitária. Para as empresas. nunca foi tão importante contar com a tecnologia para gestão e processamentos e pagamentos. “A automação para o mercado financeiro já era uma tendência, o momento atual acelerou este movimento. Quem não investia em tecnologia na área de finanças, precisou correr atrás”, opina Guilherme Verdasca, CEO da Transfeera, fintech open banking. Um exemplo de automação que pode fazer a diferença no dia a dia das empresas, é quando o pagamento de fornecedores precisa ser feito. Esta é uma atividade repetitiva e as chances de falhas são enormes. Assim, o caminho mais adequado é o da automação, por meio de um sistema de gestão que permita ainda integração com outras ferramentas necessárias para otimizar o financeiro da empresa.
Para suportar a crescente demanda por meios de pagamento capazes de atender aos novos requisitos de saúde e segurança impostos pela pandemia, a inovação também vem acontecendo de fora para dentro das fintechs. Disruptivo no mercado brasileiro, o sistema de reconhecimento facial — já utilizado para verificar chances de infecção pelo coronavírus em países como a China — está sendo a solução para proporcionar um pagamento rápido e sem toque em varejos físicos. Com foco em supermercados e farmácias, serviços essenciais na pandemia, a startup Payface usa desta tecnologia para conectar o rosto de cada usuário com o meio de pagamento associado. Assim, sem precisar mostrar o cartão, o consumidor passa a fazer suas compras usando apenas o rosto, diminuindo filas e evitando o contato físico. “A experiência de pagamento ainda é algo dissociado da jornada do consumidor. Ele vai em uma loja ou restaurante e muitas vezes demora mais para pagar do que para usufruir do serviço oferecido. Queremos mudar isso”, conta Eládio Isoppo, CEO e cofundador da Payface.
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