Oportunidades pontuais para se investir na economia real
Eduarda Fabris (*)
Mesmo em meio a uma grave crise econômica, a inédita Selic em 2% ao ano gera oportunidade única para alguns segmentos da economia real. Ao mesmo tempo, para investidores, os ganhos irrisórios proporcionados pela renda fixa forçam a busca por opções que, necessariamente, implicam na exposição a riscos. Tradicionalmente, juros baixos resultam em alta da bolsa. Esta registra valorização mensal ininterrupta desde abril, mas seu principal índice ainda acumula perdas no ano. Apostas em determinadas empresas ou segmentos podem ser vantajosas, mas todo o mercado acionário é sujeito a todo tipo de influência – externas e internas, previsíveis ou não – o que o faz oscilar diariamente. Apesar do número crescente de investidores pessoas físicas, bolsa não é para amadores.
Intrinsecamente vinculado à política monetária, a construção civil atravessa a crise proporcionando boas oportunidades a investidores. Elas são, porém, pontuais. Particularmente entre os que não buscam a posse de imóveis, a opção tradicional, os fundos de investimento imobiliário, também acarretam um nível elevado de risco. Além de serem negociados em bolsa – sujeitos, portanto, às oscilações do mercado – têm suas carteiras compostas, majoritariamente, por imóveis comerciais, segmento que dificilmente retomará os níveis pré-pandemia.
Os segmentos que melhor têm performado na construção são lançamentos residenciais que, junto a alguns públicos, mantiveram-se demandados, particularmente os populares – devido ao déficit habitacional de mais de 50 milhões de moradias – e o de alto padrão, pouco suscetível aos abalos de crises como a atual.
Até poucos anos atrás, a opção de escolher pontualmente um empreendimento imobiliário para se investir era restrita a players capazes de aportar mais de R$ 500 mil, capital que incorporadoras necessitavam para cobrir custos não contemplados pelos financiamentos bancários ao setor. Surgido no país em 2015, o crowdfunding imobiliário propicia às empresas levantar este capital junto a pequenos investidores. Já estes, com aplicações que partiram de R$ 1 mil, chegaram a obter rentabilidades de até 21% ao ano.
Por conta dos ciclos da construção civil – os empreendimentos levam, geralmente, de 18 a 36 meses para serem concluídos – apenas a primeira fintech do crowdfunding imobiliário brasileiro dispõe de operações concluídas – ciclos que foram da oferta, captação e remuneração aos investidores –, as quais registram uma rentabilidade média de 14,5% ao ano. A remuneração elevada resulta de critérios rigorosos para a aceitação dos projetos, que passam, entre outros, pela sua viabilidade econômica e pela solidez das empresas que os realizam.
Mesmo em meio à crise, o modelo registra número crescente de investidores. Em boa medida, isso se deve à possibilidade de se ter acesso a rentabilidades que têm se mantido em níveis significativos com aplicações que partem de R$ 1 mil. Outra vantagem é que se pode aplicar simultaneamente em vários empreendimentos. Desta forma, o cotista pode montar uma espécie de fundo imobiliário próprio, definindo quais projetos irão compor sua carteira.
Como qualquer opção de investimento, o crowdfunding imobiliário apresenta riscos. Estes, porém, diferente de outras opções de renda variável, assemelham-se aos da compra de um imóvel na planta, já que se concentram nos projetos escolhidos e nas incorporadoras que os realizam o que, conforme a fintech que os oferece para captação, são previamente avaliados. Se a menor taxa de juros da história do país gera oportunidades, a crise faz com que elas sejam pontuais.
(*) Eduarda Fabris é diretora-executiva da Urbe.me
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