Confiança do Consumidor de agosto tem ligeira alta e chega ao mesmo nível de março
O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) da Fundação Getulio Vargas subiu 1,4 ponto em agosto, para 80,2 pontos, mesmo nível de março desse ano quando a economia começou a ser impactada pela pandemia do novo coronavírus. Em médias móveis trimestrais, houve alta de 6,0 pontos.
"A tímida alta da confiança dos consumidores em agosto representa uma desaceleração no ritmo da recuperação iniciada em maio. Reflexo do quadro de grande incerteza, o resultado de agosto expõe também uma expressiva heterogeneidade entre as classes de renda. Os consumidores de renda baixa registram queda da confiança e parecem agora projetar maiores dificuldades nos próximos meses, o que pode estar relacionado ao fim dos pagamentos de auxílio emergencial. Os consumidores de maior poder aquisitivo, estão menos satisfeitos com o momento e preferindo poupar a consumir. Entre os dois grupos extremos, a confiança dos consumidores de classes intermediárias segue em agosto na tendência de recuperação. Os movimentos distintos mostram que não apenas o impacto mas a velocidade de reação pode ser diferente entre os agentes econômicos e devem ser analisadas com atenção", afirma Viviane Seda Bittencourt, Coordenadora das Sondagens do FGV IBRE.
Viviane Seda, coordenadora das Sondagens do FGV IBRE, está disponível para comentar o resultado pelo telefone: (21) 99882-0275 ou pelo Skype: .
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Em agosto, a satisfação dos consumidores em relação à situação atual manteve-se relativamente estável. Já as expectativas avançaram pelo terceiro mês consecutivo, porém com forte desaceleração nesse mês. O Índice da Situação Atual (ISA) subiu 0,5 ponto, para 71,5 pontos, nível ainda muito baixo em termos históricos, enquanto o Índice de Expectativas (IE) avançou 2,0 pontos, para 87,1 pontos, o melhor resultado desde fevereiro (93,2 pontos), último mês antes da chegada da crise de saúde ao país. O indicador que mede a satisfação presente dos consumidores com a economia avançou 1,2 ponto, para 75,1 pontos, enquanto o indicador que mede a satisfação com a situação financeira familiar cedeu 0,3 ponto, para 68,4 pontos. Ambos os quesitos seguem registrando valores próximos aos respectivos mínimos históricos.
Sobre as perspectivas futuras, houve um aumento no otimismo dos consumidores, mas em menor magnitude na comparação com os meses anteriores. O índice que mede as expectativas dos consumidores com relação à economia ficou relativamente estável ao variar 0,2 ponto, para 111,7 pontos, maior nível desde fevereiro (116,9 pontos). O indicador que mede o otimismo com relação às finanças familiares cresceu 1,4 ponto, para 91,1 pontos, na quarta alta consecutiva. A maior contribuição para a alta do ICC em agosto foi dada pelo quesito que mede o ímpeto de compras de bens duráveis que recuperou 4,3 pontos, para 60,3 pontos, o maior valor desde fevereiro de 2020 (64,3 pontos).
A análise por faixas de renda expõe grande heterogeneidade. Houve queda de confiança nas faixas de renda extremas e alta nas faixas intermediárias. Para os consumidores de menor poder aquisitivo, a piora está relacionada à falta de perspectivas sobre emprego e melhora da situação financeira familiar, o que afeta diretamente o consumo. Nos consumidores de maior poder aquisitivo, há também redução da intenção de compras de bens duráveis, o que parece estar relacionado com o alto nível de incerteza do período.
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