Economia circular: Como encontrar soluções para os resíduos?
Especialistas da Avery Dennison, Boomera, Polpel, e da Johnson & Johnson debatem os principais desafios sobre o tema e indicam caminhos para as empresas atingirem os seus objetivos em descarte consciente, logística reversa, entre outros pontos
Um time de peso se uniu para falar sobre um tema importantíssimo no contexto atual da sustentabilidade: Economia circular. Alexandre Botelho, diretor de Compras da Avery Dennison; Guilherme Brammer, CEO da Boomera; Ailton Alves, CEO da Polpel; e Carlos Lopes, diretor de Desenvolvimento de Embalagens da Johnson & Johnson, América Latina, compartilharam suas experiências com o intuito de debater soluções para os resíduos e sugerir as melhores práticas para alcançar objetivos, seja em descarte consciente, logística reversa, entre outros pontos.
Alexandre Botelho, da Avery Dennison, começou seu discurso alertando que a mudança para a sustentabilidade começa por cada um de nós. "Atualmente grande parcela dos produtos autoadesivos contribui para o fluxo de resíduos, depois que eles saem de nossas fábricas. Isso significa, globalmente, mais de 1 milhão de toneladas de material descartado. O planeta não pode pagar por isso e nós também não".
Neste sentido, o executivo explicou que nas operações internas da empresa, cerca de 98% dos resíduos gerados são destinados para reciclagem e não vão para aterro sanitário. "O desafio é encontrar parceiros interessados em viabilizar os descartes gerados pelos nossos clientes na conversão dos rótulos (esqueletos) e pelos consumidores finais, no momento da rotulagem final (liners de papel e filme de poliéster)", explicou.
Elo da cadeia
Botelho revela, ainda, que uma das prioridades globais da companhia é ajudar a reduzir os resíduos dos clientes em cerca de 70% até 2025. "A reciclagem de liners usados nas etiquetas e matrizes tem sido um desafio para a indústria de rotulagem. O que está faltando não é a vontade, mas sim a conexão entre os diversos integrantes da cadeia, para triagem, transporte e busca por medidas. Estamos em contato com recicladores, fabricantes de papel e plástico nas cinco regiões do mundo em que operamos para encontrar saídas viáveis. Foi assim que nasceu o ‘Programa Circular’ com objetivo de oferecer soluções para os resíduos de liner Glassine, PET e esqueleto filme para transformação em novos produtos".
Através da Boomera, responsável por criar essas conexões entre os diferentes elos, os participantes e parceiros do programa conseguem direcionar seus resíduos corretamente. "Um exemplo são os liners que antes seriam descartados em aterros sanitários e, agora, são usados na produção de celulose para a transformação em papel toalhas através da Polpel. Não vamos parar por aí. Novas iniciativas estão em constante desenvolvimento", complementa Guilherme Brammer.
A Polpel, por sua vez, desenvolve uma tecnologia que atende uma demanda do mercado do autoadesivo, tendo a Avery Dennison como parceira pioneira na ação. "Ao longo de nossa existência já reciclamos mais de 20 mil toneladas de liner, evitando a destinação desses materiais em aterros ou incineração, permitindo mais vida útil, ou seja, matéria-prima para a produção de papel. Mais recentemente, incluímos essa fibra em um projeto, digamos, mais ainda dentro da característica da economia circular. Quem envia seus resíduos de liners para serem reciclados conosco tem a oportunidade de utilizar papéis para o seu consumo proveniente da reciclagem dos seus próprios resíduos e assim fechar o ciclo desse material. É o que chamamos de Projeto Rever", enfatiza Ailton Alves.
Negócios
Na visão do CEO da Boomera, é preciso repensar a forma de fazer negócios. "O único ser vivo que gera resíduo é o ser humano. Economia circular é inverter a lógica da economia linear, que se baseia na extração, produção, uso e descarte de recursos naturais e insumos. Muito se questiona hoje sobre esse modelo. É preciso rever os lançamentos e a comercialização dos produtos. A reciclagem é uma das etapas do processo, apenas. Antigamente, uma empresa de sucesso era aquela que torcia para vender todo o seu estoque para faturar mais. Hoje, questiona-se mais a sustentabilidade da cadeia."
Nesta linha de pensamento, Brammer provoca uma reflexão: "É preciso juntar a inteligência do ser humano com as soluções disponíveis para pensar em uma diferente forma de fazer. Como posso impactar menos sem abrir mão de lucro, de crescimento, de tecnologia e de desenvolvimento?".
Consumidor
"Temos notado uma grande mudança de comportamento do consumidor, que está mais preocupado com a responsabilidade ambiental. Não basta pensar apenas nos produtos, mas também o processo de fabricação. Uma pesquisa recente apontou que cerca de 51% dos Millennials analisam e decidem as compras no ponto de venda e a sustentabilidade é um diferencial. A mudança acontece no varejo e demanda mudanças profundas na indústria, passando por toda a cadeia produtiva. Vemos esse feedback positivo com os nossos cases: cabos ecológicos de escova dental que reutilizam resíduos industriais compatíveis da nossa planta, frascos de SUNDOWN® com polietileno verde e plástico pós-consumo, embalagens SEMPRE LIVRE® com filme de plástico pós-consumo, além de incentivo e financiamento às cooperativas", exemplifica Carlos Lopes, da Johnson & Johnson.
Ailton Alves, da Polpel, sugere ir além. "Economia circular é um caminho sem volta. Agora, em tempos de pandemia, não é o momento das marcas pensarem só em vendas. Mas, sim, em criar vínculos com o consumidor que, certamente, perguntará o que sua empresa fez por ele na crise. O Projeto Rever, com a Avery Dennison, fez uma ação voltada para a doação de papel para hospitais em São Paulo. Na campanha, dois temas importantes estavam presentes: solidariedade e sustentabilidade. Muitas novidades devem surgir nos próximos meses que, certamente, fortalecerão ainda mais a cadeia do autoadesivo e as empresas parceiras de uma forma em geral."
Já Brammer pede uma maior atenção ao momento que estamos passando. Segundo ele, o contexto da pandemia é extremamente agressiva e é possível perceber como geramos lixo no dia a dia e como isso impacta a vida de todos nós consumidores. "Ao contrário do que pensamos, muitos projetos sustentáveis ganharam força nesse momento, ao invés de ficarem em stand by. O plástico que era o grande vilão antes da COVID-19, agora salva vidas. Veja a indústria de alumínio como se transformou: hoje não se vê uma latinha no chão por causa da atuação forte dos catadores", ressalta Brammer.
Integração
Para a Avery Dennison, a sustentabilidade atravessa todas as áreas. "Desde a compra responsável, passando por processos internos como a redução da emissão de gases de efeito estufa, o portfólio de produtos e também ações que incentivam a cadeia como um todo. Achamos importante que o assunto permeie por todas as áreas da empresa, para que todos possam contribuir em conjunto", acredita Botelho.
Uma das iniciativas da companhia é o "Setembro Sustentável", mês dedicado às atividades relacionadas a conscientização sobre o assunto. Nesta data são promovidas diversas iniciativas de comunicação e conscientização para a sustentabilidade. A proposta é propagar as informações para fora da empresa também.
O conceito de sustentabilidade sempre esteve presente na Johnson & Johnson. "E essa conscientização vai da alta liderança ao chão de fábrica. Algumas companhias podem ter a impressão que rever seus processos pode trazer um custo extra, mas garanto que traz benefícios, como gerar valor ao mercado e ao consumidor e, com isso, mais vantagem competitiva", finaliza Lopes.
Sobre a Avery Dennison
Avery Dennison (NTSE: AVY) é uma empresa global de ciência em materiais, especializada no design e produção de uma grande variedade de materiais para rotulagem e funcionais. Os produtos da empresa são usados por grande parte das indústrias e incluem materiais autoadesivos, sensíveis à pressão, para rotulagem e aplicações para comunicação visual; fitas e outras soluções para aplicações industriais, médicas e varejo; etiquetas, rótulos e adereços para vestuário; além de soluções de identificação radiofrequência (RFID) para mercado de moda e outros. Com sede em Glendale, Califórnia, a empresa emprega aproximadamente 30.000 funcionários em mais de 50 países. As vendas reportadas em 2019 foram de 7,1 bilhões de dólares americanos.
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