Pandemia de Coronavírus: Concentração bancária é desafio para as empresas no acesso ao crédito no Brasil
Assunto foi debatido em webinar sobre “Cooperativismo Financeiro - economia solidária e socorro às PMEs”
A concentração bancária no Brasil é um dos maiores desafios que as empresas, principalmente as pequenas e médias, enfrentam para acesso ao crédito no atual momento de pandemia e uma das soluções está no Cooperativismo Financeiro. Esse consenso foi apontado durante o webinar “Cooperativismo Financeiro - economia solidária e socorro às PMEs”.
Realizado pelo Instituto Capitalismo Consciente Brasil nesta semana, o evento virtual contou com a participação de Solange Pinzon Martins, presidente do Conselho de Administração da Cooperativa de Credito da Região Meridional do Brasil (Sicoob Unicoob Meridional); Renato Doretto, diretor da Cooperativa de Crédito de Livre Admissão do Sudoeste da Amazônia (Sicoob Credisul); e Ênio Meinen, professor e doutrinador cooperativista, autor e diretor de operações do Banco Cooperativo do Brasil (Bancoob) e conselheiro deliberativo do ICCB. A mediação do encontro foi de Dario Neto e Daniela Garcia, respectivamente diretor geral e diretora de operações do ICCB.
“Em muitas cidades, as agências bancárias foram fechadas por causa da pandemia. Sem o cooperativismo financeiro não tem capitalismo consciente e redução de desigualdade da forma que o Brasil tanto precisa”, avaliou o diretor geral do ICCB, Dario Neto, na abordagem sobre a dificuldades das pequenas e médias empresas em obter crédito para continuarem operando durante e pós-pandemia e ao levantar a questão sobre qual é o papel das cooperativas financeiras neste cenário e como atrair novos cooperados nesse contexto.
O diretor de operações do Bancoob, Ênio Meinen, pontuou que nas crises mais recentes dos últimos 30 anos, o comportamento dos agentes usuais é de retração, diferente do que acontece nas cooperativas. “O Sebrae fez uma pesquisa em parceria com a FGV e constatou que para conseguir crédito durante a pandemia, 63% das pessoas procuraram bancos públicos e apenas 10% procuraram cooperativas. Mesmo assim, a taxa de aprovação nas cooperativas foi superior às demais. A nossa indústria bancária está bem posicionada em liquidez e capital, o que traz segurança, mas ela tem que estar voltada ao interesse da sociedade. É uma pena que os pequenos empreendedores tenham procurado menos as cooperativas.”, complementa.
Para Renato Doretto, diretor do Sicoob Credisul, as empresas que conseguirem sobreviver a esses momentos terão uma longevidade. “Realizamos um esforço adicional para captação de recursos com o objetivo de atendermos o maior número possível de cooperados. Como aconteceu nas últimas crises, ao final desta, teremos um oceano azul para trabalhar com micro e pequenas empresas.”, afirmou.
Já a executiva Solange Pinzon Martins, do Sicoob Unicoob Meridional, ressaltou que as cooperativas que estiverem preparadas vão se destacar. “Temos um risco muito grande neste momento. A análise terá que ser muito criteriosa e dependerá de cada cooperativa. Não temos a estrutura dos grandes bancos, somos responsáveis pela nossa capacidade de depósito, teremos que fazer uma triagem muito grande. Primeiro, temos que atender nossos cooperados para poder levar mais benefícios para mais pessoas.”.
Durante o webinar os representantes das cooperativas de crédito também ressaltaram a importância de apoiar os seus associados neste momento, com medidas que vão desde a suspensão das dívidas por um período, refinanciamento, lançamento de linhas emergenciais até a oferta de linhas como a Pronamp do BNDES.
Diferenciais do Cooperativismo em relação aos bancos tradicionais
Entre os diferenciais das cooperativas financeiras em relação ao setor bancário apontados pelos participantes durante o webinar a geração de valor local foi destacada. “A riqueza que geramos como cooperativa, fica em nossa região, fomentando um círculo virtuoso onde não só os cooperados se beneficiam, mas a sociedade no entorno também. Os três maiores grupos financeiros privados emprestam somente 25% do que eles captam em nossa região.”, destacou Renato Doretto, diretor da Cooperativa de Crédito de Livre Admissão do Sudoeste da Amazônia (Sicoob Credisul).
Esse retorno que o setor gera para as comunidades faz com que o valor da atividade seja percebido, mesmo que os esforços de comunicação e marketing sejam limitados por partes das cooperativas. “O nosso crescimento é sustentado, dobramos de tamanho a cada três anos. Em cidades pequenas é fácil de entrar, no boca a boca, eles percebem o benefício e falam para outras pessoas. Em cidades grandes é mais difícil, mas tem cidades que temos 40% de participação, sem demandar grandes esforços de propaganda. Como as pessoas vêm pelo propósito, por que acreditam, isso torna nosso crescimento sustentável”, avaliou Solange Pinzon Martins, do Sicoob Unicoob Meridional.
Desafio de comunicação
Os representantes do cooperativismo e do movimento capitalismo consciente também reforçaram que caminham próximos e têm potencial para crescer juntos por buscarem uma melhor administração de recursos, pautada por novos modelos e estruturas socioeconômicas. Entretanto, sinalizaram que para atrair novos cooperados é necessário comunicar mais, destacando as histórias reais de transformações econômicas possibilitadas pelo cooperativismo, as iniciativas que fazem e o que devolvem para a sociedade como um todo.
Para Ênio Meinen, o setor poderia ser cada vez mais ativo nas mídias sociais como forma de atrair mais cooperados. “É importante, no atual momento, usarmos mais os meios digitais e as redes sociais como canais para enfatizar o que nos singulariza, destacar as nossas reais virtudes e assim atrair mais cooperados”, concluiu.
Sobre os participantes
Solange Pinzon de Carvalho Martins, Bacharel em Administração de Empresas; MBA Gestão de Cooperativas de Crédito; Presidente do Conselho de Administração da Cooperativa de Crédito da Região Meridional do Brasil – Sicoob Unicoob Meridional; Vice presidente do Conselho de Administração da Central Sicoob Unicoob; Conselheira de Administração do SESCOOP Paraná.
Renato Doretto, engenheiro, com MBA em Gestão Empresarial e Gestão do Agronegócio, mais de 20 anos de experiência profissional, sendo 16 deles em grandes instituições financeiras nacionais e internacionais atuando no estado de São Paulo. Atualmente é Diretor da da Cooperativa de Crédito de Livre Admissão do Sudoeste da Amazônia (Sicoob Credisul), no Norte do Brasil, Diretor da Associação Comercial de Porto Velho e Presidente Estadual da JARO - Junior Achievment/RO.
Ênio Meinen, advogado, professor e doutrinador cooperativista, autor de “Cooperativismo financeiro: percurso histórico, perspectivas e desafios”, e “Cooperativismo financeiro: virtudes e oportunidades. Ensaios sobre a perenidade do empreendimento cooperativo” (livro mais recente, também versionado no idioma inglês). Atualmente é diretor de operações do Banco Cooperativo do Brasil (Bancoob) e conselheiro do Instituto Capitalismo Consciente Brasil (ICCB).
Sobre o Instituto Capitalismo Consciente Brasil:
O Instituto Capitalismo Consciente Brasil foi fundado em 2013 para incentivar, inspirar e ajudar empresários, empreendedores e líderes a aplicarem os princípios do capitalismo consciente em suas organizações. Para disseminar os fundamentos do capitalismo consciente, o Instituto realiza programas de conscientização, inspiração e educação, através de palestras, eventos, workshops, compartilhamento de casos de sucesso e publicações. Site: https://www.ccbrasil.cc/
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