BlackRock: empresas sustentáveis são mais atrativas para investimento
Em evento do Conselho de Líderes do CEBDS, CEO da BlackRock Brasil, Carlos Takahashi, ressalta importância de aspectos ambientais, sociais e de governança na atração de recursos estrangeiros
Principal executivo no Brasil do maior gestor de fundos de investimento no mundo, o presidente da BlackRock Brasil, Carlos Takahashi apontou nesta quarta (20) os caminhos para que empresas saiam da atual crise provocada pela pandemia da Covid-19, com maior resiliência. Para mais de 100 executivos da alta liderança de empresas brasileiras e multinacionais, ele falou no âmbito do Conselho de Líderes do CEBDS (Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável), e foi contundente em afirmar que as empresas mais sustentáveis são as que brilharão aos olhos dos investidores estrangeiros, especialmente em relação aos grandes projetos de infraestrutura.
“Não podemos mais cometer o pecado de subestimar eventos que podem trazer severos danos para o futuro da humanidade (como as mudanças climáticas, por exemplo, ou essa pandemia). As empresas precisam entender e assumir seu papel na sociedade, dando mais atenção às questões ambientais, sociais e de governança”, disse.
Para o Brasil, segundo ele, o avanço consistente de uma agenda de longo prazo (infraestrutura e sustentabilidade) também passa pela implementação de uma comunicação mais estratégica com a comunidade internacional de investidores. “O Brasil ficou barato para o investimento estrangeiro. Então, há inúmeras oportunidades para atração de novos investimentos, especialmente, em infraestrutura, tecnologia e saúde. Mas é fundamental melhorar a percepção que se tem do País lá fora. E isso depende de um esforço coletivo. O poder público tem que ser um coordenador dessa agenda, mas o setor privado também pode contribuir”, afirmou Takahashi, destacando a questão da Amazônia como um exemplo que afeta negativamente a percepção da imagem do país entre os investidores estrangeiros.
Essa estratégia de comunicação com a comunidade de investidores, ressaltou, tem que ter consistência, disciplina, regularidade e unicidade. “É preciso se organizar melhor, e entender melhor quem são os investidores de longo prazo, os fundos soberanos, e toda uma gama de investidores dentro da comunidade internacional”, explicou Takahashi.
Marina Grossi, presidente do CEBDS destacou que as grandes empresas brasileiras estão trabalhando neste desafio, conectando as ações emergenciais antes a atual crise, com a construção de uma visão de longo prazo. “Do ponto de vista estratégico, a grande questão que se faz neste momento é como se preparar para o futuro”, afirmou.
Presente ao debate, o CEO da Siemens, André Clark, destacou a influência positiva de diretrizes de investidores como a BlackRock nas estratégias de negócios das empresas. “O investidor é o consumidor e ele influencia na tomada de decisão. Assim, as empresas são cada vez mais pressionadas por seus investidores a adotar critérios sociais, ambientais e de governança”, afirmou. Solange Ribeiro, diretora presidente-adjunta da Neoenergia, chamou a atenção para a matriz energética brasileira, a mais limpa do mundo e com um enorme potencial de crescimento.
Carlos Takahashi ressaltou que a gestora de investimentos procura influenciar por meio de sua participação nos Conselhos de Administração. “A BlackRock não tem uma posição majoritária, mas minoritária relevante, por meio da qual procura recomendar, influenciar e cobrar, por exemplo, maior diversidade não só nos boards das companhias, mas também na sua política de Recursos Humanos”, disse.
Também participaram do debate os CEOs da Vedacit, Marcos Bicudo (chair do CEBDS), e da Ecolab, Orson Ledezma. Entre os participantes que acompanharam o webinar do CEBDS, estiveram presentes executivos da Vale, Banco do Brasil, Santander, Suzano, Engie, Lojas Renner, Shell, BR Distribuidora, Klabin, Tozzini Freire, e as instituições Febraban, Fecomercio e IBP, entre outras.
Esse foi o segundo webinar promovido pelo Conselho de Lideres do CEBDS, numa série focada em futuros possíveis - para o capitalismo, trabalho e liderança - repensando formas de atuação das empresas junto à sociedade, reconfigurando a responsabilidade social dos negócios e priorizando lucros com propósitos, tendo em vista o cenário de pandemia gerado pelo coronavírus. O webinar está disponível no canal do CEBDS no Youtube: https://www.youtube.com/user/CEBDSBR.
SOBRE O CEBDS
O Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) é uma associação civil sem fins lucrativos que promove o desenvolvimento sustentável por meio da articulação junto aos governos e a sociedade civil, além de divulgar os conceitos e práticas mais atuais do tema. Fundado em 1997, reúne cerca de 60 dos maiores grupos empresariais do país, responsáveis por mais de 1 milhão de empregos diretos. Representa no Brasil a rede do World Business Council for Sustainable Development (WBCSD), que conta com quase 60 conselhos nacionais e regionais em 36 países e de 22 setores industriais, além de 200 grupos empresariais que atuam em todos os continentes. Mais informações: https://cebds.org/.
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