Economista avalia se vale a pena pequenos negócios acessarem crédito oferecido pelos bancos e governo
Se a sobrevivência do negócio depender de empréstimos ou aportes, as condições são muito favoráveis, diz o professor de Ciências Econômicas Sidinei Silvério
Todo o cuidado é pouco neste momento de incertezas econômicas. Recentemente o governo anunciou a liberação de R$ 40 bilhões em empréstimos para folha de pagamento das micro e pequenas empresas. Trata-se de uma linha de crédito, oferecida pelos bancos privados, para pagar dois meses de salário dos funcionários. No Brasil, são mais de 6,5 milhões de MPEs e 9,7 milhões de microempreendedores individuais brasileiros terão um auxílio financeiro para tentar manter seus negócios.
Nesta semana, a Caixa Econômica Federal e o Sebrae anunciaram uma parceria com objetivo de também facilitar o acesso ao crédito dos pequenos negócios. A expectativa é injetar R$ 7,5 bilhões em linhas de crédito facilitado para o setor, a taxas mais competitivas: até 40% menores que as praticadas no mercado. A liberação está prevista a partir de quarta-feira (22).
Mas o que os empresários de pequenos negócios no país se perguntam é: vale a pena criar um endividamento neste momento? O especialista em consultoria econômico-financeira de empresas e professor do curso de Ciências Econômicas da EAD Unicesumar Sidinei Silvério, dá algumas dicas que podem orientar os empresários neste momento de incertezas:
Avalie os riscos - Se a sobrevivência do negócio depender de empréstimos ou aportes, as condições são muito favoráveis, comparado com linhas de crédito em tempos de normalidade. Sobre a linha de crédito para folha de pagamento, por exemplo, o prazo de amortização é de 30 meses, com carência de 6 (seis) meses e a taxa anual é 3,75% ao ano (definida pelo Banco Central), ou seja, 0,31% ao mês.
Resolva os problemas - Se a empresa já estava em dificuldades financeiras, o ideal é aumentar o passivo apenas se o novo endividamento resolver em definitivo os problemas de fluxo de caixa da empresa, sem comprometer a sobrevivência do negócio. Do contrário, o empresário estará tão somente alimentando um “monstro” que o destruirá a qualquer momento.
Pause investimentos – Embora seja necessário se reinventar, como os deliveries, não é o momento de apostar em um financiamento para investir em tecnologia. Dada as incertezas do momento, a prudência financeira orienta a não realizar novos investimentos no setor produtivo até que a pandemia esteja superada.
Preserve o capital de giro - Neste momento será mais fácil economizar R$ 5 do que ganhar R$ 1 ou R$ 2 milhões. Superada a recessão, muitas empresas já estavam endividadas ou superando a crise. Nesse sentido, caso não haja preservação desse caixa, elas não sobreviverão a uma crise que abale as receitas por mais que dois ou três meses.
Renegocie dívidas - O momento é de renegociar tudo que puder para tentar conter despesas, como contratos de locação, com fornecedores e despesas bancárias. É fundamental que seja feita uma previsão das despesas para o período e evitar criar gastos que não sejam imprescindíveis para a continuidade do negócio, pensando já no período pós crise.
Conte com auxílio de especialistas – Se existem dúvidas sobre o melhor a ser feito, o ideal é recorrer a especialistas para analisar o que pode ser feito em cada área: “Bons advogados e contadores podem auxiliar nas melhores alternativas para questões trabalhistas e tributárias”.
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