O gerente ficou maluco! Promoção do preço do petróleo deve ser estendida mesmo com acordo na Opep+
Por Ernani Reis, analista da Capital Research
Nos primeiros dias do mês de março, o mundo acompanhava o avanço da epidemia de coronavírus na China e os primeiros casos registrados fora do gigante asiático. A preocupação com o número de vítimas fatais e o impacto da crise na economia global crescia exponencialmente. Naquele momento, mais precisamente no dia 8 de março, o governo saudita decidiu reduzir os preços do petróleo exportado em 10%, dando início a uma guerra de preços com a Rússia.
A decisão fez o preço do petróleo do tipo Brent sair dos US﹩ 45 o barril e encerrar o mês a US﹩ 22, enquanto a commodity do tipo WTI, saiu dos US﹩ 41 e encerrou o período a US﹩ 20, atingindo mínimas históricas. O objetivo era forçar a Rússia a retomar as negociações com a Opep+, mas não poderia ter acontecido em pior momento. Isso porque a epidemia de coronavírus já indicava uma forte queda na demanda pelo combustível fóssil.
Mas, como falamos no mundo dos investimentos, "nos momentos de crise é que surgem as grandes oportunidades" e é exatamente isso que os EUA pretendem fazer com o pedido do presidente Donald Trump de aumentar as reservas estratégicas de petróleo do país com 1 bilhão de barris, aproveitando as baixas cotações no mercado internacional. Além disso, a possibilidade de os EUA aumentarem a taxa de importação para pressionar um acordo entre Rússia e Arábia Saudita também está na mesa.
A China, por sua vez, também vem usando uma estratégia semelhante para os estoques internos. O grande problema é que os chineses e os americanos são os dois maiores consumidores de petróleo do mundo e contar com um estoque muito elevado significaria manter o preço da commodity baixo por um período mais longo, o que, se for confirmado, deve afetar profundamente países produtores e dependentes da receita proveniente do petróleo, como Venezuela, Irã e a própria Arábia Saudita.
E a notícia também não é nada boa para o Brasil. O governo brasileiro tem muito a perder com a queda na arrecadação dos royalties do petróleo, justamente durante um período de provável recessão, sobretudo os estados como Rio de Janeiro, Espírito Santo e Rio Grande do Norte, que contam com grandes bacias de petróleo em exploração. Nesse contexto, os efeitos já começam a ser sentidos, dado que a Petrobras (PETR4) já anunciou na última semana o corte de 200 mil barris na produção diária, além de redução de salários e interrupção no pagamento de dividendos, por conta da pandemia e da queda na demanda.
Dessa forma, a reunião da Opep+ prevista para amanhã é aguardada com grande ansiedade por trazer a possibilidade de um acordo entre os russos e o cartel saudita, o que certamente ajudará na recuperação dos preços. Porém, até mesmo isso não deve ser suficiente para levar a commodity de volta ao patamar dos US﹩ 45 do começo deste ano, já que fatores como a baixa demanda e estoques elevados vão manter a promoção por mais tempo.
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