Diante desse cenário de catástrofe, o que pode ser feito pela economia?
O atual cenário econômico brasileiro reflete medidas e caminhos tomados pelo governo desde meados do ano de 2014, em que o Brasil começou a sentir os efeitos de uma crise econômica e política. Diante dessa recessão, houve aumento do desemprego e, em consonância, aumentou o número de trabalhadores informais, para garantir renda e conseguir fazer frente às suas necessidades diárias. Dados mostram que no ano de 2019, a taxa média de desemprego foi de 11,9% — pouco abaixo da taxa de 2018, que foi de 12,3%. Apesar disso, como dito, aumentou-se o número de trabalhadores informais (que atingiu em 2019 a marca de 41,1%).
Se esse cenário já não era positivo, agora, com a pandemia do Covid-19, tende a se agravar, pois haverá impactos negativos sobre a indústria, o comércio e a construção civil.
No Brasil, atualmente, são centenas de casos confirmados, milhares de casos suspeitos e dezenas de mortes em decorrência dessa pandemia. Mas um fato importante nas estatísticas até o momento divulgadas é que elas não refletem a realidade, pois não há testes suficientes para a população com sintomas, o que pode produzir dados subestimados. Além disso, é preciso considerar que somos um país com uma grande desigualdade de renda, no qual, segundo dados do IBGE (2019), 13,5 milhões de pessoas sobrevivem com até R$ 145 mensais.
Mas diante de um cenário tão alarmante, o que pode ser feito?
O que pode e deve ser feito é uma maior atuação do governo brasileiro fornecendo condições mínimas para que a população possa enfrentar este momento e, ao mesmo tempo, tenha garantias de que, apesar da situação pessimista, terá condições mínimas de vida, incluindo no aspecto econômico, de saúde e de bem-estar.
O governo tem então proposto algumas medidas que, ao meu ver, são insuficientes e não resolvem um dos grandes problemas: a condição de subemprego e os trabalhadores informais, aqueles que não possuem respaldo legal que garanta seus direitos. Um dos pronunciamentos do governo anunciou a liberação de R$ 200 aos trabalhadores informais. A ideia é diminuir a recessão econômica, uma vez que grande parte da população encontra-se em isolamento social, o que impacta diretamente comércios e trabalhadores informais.
Desse modo, esperamos que novas medidas sejam anunciadas pelo governo para garantir apoio ao combate à pandemia e, ao mesmo tempo, permitir o funcionamento da economia — mesmo que em níveis mais baixos. Soma-se a isso a necessidade de atuação dos governantes fornecendo subsídios aos trabalhadores e aos empresários para que estes tenham consciência e consigam manter seus empregados, sem causar o desemprego em massa.
Enquanto isso, devemos nos conscientizar a gastar nossa renda da melhor forma, evitando desperdícios e contribuindo com os comerciantes locais e informais, que se veem em um momento assustador e tentam driblar as dificuldades por meio de, por exemplo, anúncios de seus produtos nas redes sociais e entregas em domicílio. Assim, governo, empresários e trabalhadores podem se unir para evitar um colapso, resguardando inclusive, o psicológico da população mais vulnerável.
Autora: Pollyana Rodrigues Gondin é economista e professora da Escola Superior de Gestão, Comunicação e Negócios do Centro Universitário Internacional Uninter.
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