Economia e Negócios: Especialistas dão dicas de como se preparar para uma provável crise pós-Covid-19
Pandemia está gerando grandes perdas também na área econômica. E, para este cenário, poucas empresas estavam preparadas. Com planejamento e agilidade, no entanto, é possível evitar o fim do negócio
A pandemia de Covid-19 tem gerado turbulências em boa parte do mundo. Por hora os problemas estão concentrados na área da saúde, mas em algumas semanas governos e empresários terão questões igualmente grandes para lidar na área econômica.
Isso porque, embora o isolamento social tenha efeitos benéficos no controle da expansão da doença, a queda no faturamento de muitas empresas – e consequente diminuição na arrecadação de impostos municipais, estaduais e federais – causará danos à economia ainda imprevisíveis.
Este momento exige, portanto, profunda análise por parte dos líderes empresariais antes da tomada de qualquer decisão, uma vez que o horizonte econômico segue indefinido. No entanto, os impactos inevitáveis do cenário mundial aos negócios podem ser minimizados, desde que seja colocada em prática uma estratégia direcionada às diferentes características de cada negócio.
A hora, portanto, é de planejar – mas é preciso evitar soluções prontas. Aos gestores, será exigido trabalho focado nas particularidades de cada empresa. A consultoria paulista Ejafac – que liderou com sucesso processos de turnaround e recuperação judicial em dezenas de companhias nos últimos 15 anos – preparou algumas recomendações aos empresários que já começam a pensar no cenário pós-covid-19.
“Não temos a pretensão de passar adiante uma receita de bolo para empresários, já que cada setor da economia tem suas particularidades. Alguns tem mais força em negociar com fornecedores, enquanto outros possuem voz mais fraca frente a grandes grupos. Há empresários que atuam em mercados com margens mais largas e giro baixo, e outros que vivem a situação inversa. No entanto, mesmo que o caminho a ser percorrido seja diferente para cada empresa, o norte deve ser sempre o mesmo: a manutenção de empregos e a sobrevivência do negócio”, explica o CEO da Ejafac, Elias Azevedo.
Veja agora algumas dicas que a equipe de consultores da empresa preparou para este momento de incertezas:
1- Reavalie seus custos, despesas e projetos: analise todas as saídas de caixa, interrompendo ou suspendendo tudo o que não comprometa a retomada segura da atividade principal da empresa.
2- Folha de pagamento: adote um acordo coletivo ou individual de compensação de horas. Caso a situação se agrave, considere a redução de jornada. Evite demissões para não gerar ainda mais problemas de caixa. Se isso for imprescindível, talvez seja preciso propor um acordo para o pagamento da rescisão em parcelas mensais, de acordo com seu novo fluxo de caixa. É preciso garantir, no entanto, que o trabalhador tenha acesso ao fundo de garantia e ao seguro desemprego imediatamente.
3- Busque todas as alternativas de captação de recursos: Fique atento às instituições financeiras públicas – elas devem abrir novas linhas de crédito emergenciais nesta fase. Monitore todos os FIDCs e mantenha boa relação com o sistema financeiro – pois a liquidez tende a diminuir e as taxas de juros devem aumentar consideravelmente por conta dos riscos de inadimplência.
4- Mantenha a serenidade e o equilíbrio: Você e seu corpo diretivo são os responsáveis pela condução da empresa. Haverá pressão de todos os lados: credores para receber; clientes para prorrogar recebíveis com isenção de multa e juros; colaboradores possivelmente desmotivados por recebimentos parciais ou em atraso. Seja firme, porém educado e racional. A continuidade da empresa é o principal objetivo de todos e isto não pode ser esquecido.
5- Opte pela razão: Não é fácil romper compromissos com fornecedores amigos, com aquele gerente que sempre te ajudou ou com aquele colaborador tão importante para a companhia. Mas é hora de deixar a emoção de lado e usar a racionalidade para a tomada de decisões. Só assim, após a crise, sua empresa permanecerá de pé.
6- Busque ajuda profissional: sua empresa deve estar preparada para uma nova reestruturação, ou até mesmo para uma recuperação judicial. Qualquer que seja o caminho escolhido durante a gestão dessa crise, quanto mais rápido ele for percorrido, maior será a chance de êxito na retomada do crescimento do seu negócio.
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