“Que cidade você quer amanhã?”
Este foi o mote do discurso de posse de Basilio Jafet à frente da nova diretoria do Secovi-SP para o biênio 2020-2022. Empresários, representantes do poder público, de entidades de classe e da imprensa compareceram à solenidade
Com a provocação “Que cidade você quer amanhã?”, o novo presidente do Secovi-SP, Basilio Jafet, deu início a seu discurso de posse na noite desta segunda-feira, 9/3, no Clube Atlético Monte Líbano, onde ocorreu a solenidade festiva de posse da nova diretoria do Secovi-SP para o biênio 2020-2022.
Jafet pontuou que, para o setor, a cidade é ideal é funcional, capaz de responder a todos os tipos de demandas de seus habitantes. E este, conforme indicou o dirigente, deve ser o centro dos objetivos a serem conquistados pela nova diretoria da entidade.
“O setor imobiliário pensa além do momento. Olhamos o presente. Fazemos os alertas necessários e buscamos vislumbrar as condições que o futuro irá oferecer. É ciência e inteligência imobiliária. Estudos pautados em estatísticas, tendências, perfil do público consumidor, tipologias inovadoras e no benchmarking com as metrópoles de sucesso mundo afora. Isto forma a base das propostas que apresentamos a governantes, parlamentares e imprensa”, disse.
Os fundos imobiliários, a alienação fiduciária, os leilões de imóveis, a nova Lei do Inquilinato, o Minha Casa, Minha Vida e outras conquistas da sociedade são alguns exemplos de iniciativas bem-sucedidas cuja semente teve decisória participação do Secovi-SP.
Preconceitos – Conforme lembrou Jafet, embora muitas as ideias do mercado sejam ouvidas a absorvidas, não raro, há resistências contra o setor. Levar a culpa – injustamente – pelo recrudescimento das enchentes e do trânsito nas cidades foram alguns dos pontos destacados pelo executivo.
Esses ajuizamentos, muitas vezes, são consequência de preconceitos construídos contra o setor, e acabam se espraiando para órgãos públicos responsáveis por aprovações de projetos de empreendimentos imobiliários. “Fatores ideológicos e hipocrisia transpiram na pele de responsáveis por licenciamento ambiental e pela definição do que é ou não patrimônio histórico ou parque arqueológico. Daí vem o mantra irrefletidamente repetido por muitos: se interessa ao mercado não deve ser interessante para a coletividade.”
Resultado desse fenômeno: prejuízos – não somente para as empresas, como para a sociedade. “Manifestamos nossa indignação quando, por conta da opinião de um ou de alguns, empreendimentos legalmente aprovados são embargados. E convidamos os responsáveis pela paralisação de obras, que cedo ou tarde serão retomadas, a responder: Quem irá ressarcir os prejuízos ou empregar a mão de obra demitida? Qual o valor da imagem de uma empresa séria injustamente maculada? Alguém já fez as contas?”, provocou Jafet.
O dirigente fez referência ao fato de, por vezes, e sem qualquer evidência documental, pessoas contra a construção de novos prédios em determinadas áreas obterem liminar, embargarem a obra e seguirem a vida impunemente. “São os NIMBYs - not in my backyard - e seu egoísmo impedindo o democrático uso do espaço urbano. Reduzindo a disponibilidade de terrenos, cada vez mais raros e caros.”
Leis restritivas - Outra questão sensível para o desenvolvimento do mercado é a quantidade de projetos de lei relativos ao setor imobiliário – ponto que não passou incólume pelo discurso. Jafet fez menção ao aparecimento de propostas absurdas, inexequíveis e onerosas aos cidadãos. “Foi assim que a maior metrópole do Hemisfério Sul terminou ordenada por uma legislação elitista e restritiva. Os baixos potenciais de uso do solo encarecem a habitação. Famílias de menor renda são expulsas para a periferia. A legislação cria guetos arborizados para alguns poucos privilegiados, e transforma os demais em cidadãos de segunda classe.”
“Não desistiremos” - Jafet adicionou que o objetivo do setor é ajudar a transformar São Paulo em uma metrópole moderna, com moradias acessíveis a todos. “Até quando vamos continuar adiando este sonho? Será tão difícil entender que as famílias não residem nas ideologias? Que não colocam fogão e cama nas idiossincrasias? Elas moram sob um teto. Não podemos aceitar passivamente que viadutos e marquises continuem servindo de telhado para tantos brasileiros.”
O dirigente afirmou que o Secovi-SP e sua diretoria não desistirão de combater propostas que congelam áreas e encolhem espaço urbano que deveria servir aos cidadãos, especialmente à classe média, cada vez mais desatendida.
Disse Jafet: “Não desistiremos de combater gente que não consegue enxergar o potencial dos inúmeros casarões abandonados em grandes avenidas, que poderiam ser transformados em moradias multifamiliares. Não desistiremos de lutar por legislação que permita retrofitar e devolver, em condições de uso, os inúmeros prédios deteriorados no centro, próprios para a locação social. Não desistiremos ao ver patrimônios históricos tombados desmoronando a olhos vistos. Não desistiremos de combater quem se deixa influenciar pelas ‘Gretas' que querem parar o mundo, sem abrir mão do conforto que o mundo lhes proporciona. E não desistiremos de enfrentar o radicalismo ambiental ideológico que faz questão de ignorar as soluções sustentáveis que temos a oferecer. Por que não fazer um mundo melhor para a espécie humana, que vive numa civilização? Portanto, não desistiremos de encontrar caminhos para ofertar as moradias em que os paulistas desejam viver. Não desistiremos de lutar pela perenidade dos programas habitacionais que, por sua descontinuidade, lançam à própria sorte milhões de famílias de baixa renda e quebram centenas de empresas que neles acreditaram. Não desistiremos de fazer com que as pessoas entendam que o lucro é o salário do empreendedor. Também somos trabalhadores. E nosso patrão é o cliente.”
Democracia fortalecida - A relação entre poder público e setor privado está cada vez mais exposta aos olhos de todos, segundo o presidente do Secovi-SP. Isso se deve a uma série de fatores que têm fortalecido a democracia brasileira, dentre eles, maior organização da sociedade civil para se posicionar. “Uma nova cultura empresarial passou a emergir no Brasil, cujos efeitos já se mostram extremamente positivos.”
Como exemplo de tantas coisas boas que estão acontecendo, Jafet elogiou a “corajosa agenda liberal do atual governo, há tempos aguardada pelos brasileiros”. Nela, o setor privado assume o protagonismo na promoção do crescimento econômico, cabendo ao Estado o papel de indutor e facilitador do desenvolvimento.
Finalizou ressaltando: “O Secovi não é um fim em si mesmo. É um instrumento da indústria imobiliária, utilizado para promover um ambiente de negócios saudável, e sem entraves para trabalhar. Ao defender o setor, defendemos a coletividade por ele atendida. Portanto, se for preciso gritar, gritaremos. Brigar, brigaremos. Um sonho não pode morrer por falta de voz e ação.”
Despedida - Emocionado, Flavio Amary, que se licenciou da presidência do Secovi-SP em janeiro de 2019 para assumir a Secretaria de Habitação do Estado de São Paulo, falou da mistura de sentimentos que o tomava naquele momento, em que se efetivava a transmissão de cargo ao novo presidente do Sindicato, Basilio Jafet. “Carrego a tristeza da despedida e a felicidade de poder atuar na secretaria com a mesma energia e o mesmo comprometimento que pautaram os três anos em que presidi o Secovi-SP”, disse.
Amary lembrou de sua trajetória de “homem comum, caipira de Sorocaba, com sangue libanês, que foi conduzido à presidência da mais importante instituição da indústria imobiliária brasileira”, antes de falar do aprendizado, das dificuldades e vitórias à frente do Secovi-SP, ressaltando os objetivos de sua gestão: dar maior protagonismo ao Sindicato e promover o acesso à moradia digna à população.
O atual secretário estadual da Habitação disse que sempre defendeu, com transparência e objetividade, as premissas do livre mercado, da justiça social, do crescimento econômico sustentado, do respeito aos contratos e ao direito de propriedade. E essa forma de gestão o acompanha no exercício do cargo público.
Ele lembrou que no mesmo palco, em fevereiro de 2016, assumia o desafio de suceder a Claudio Bernardes, “um dos mais brilhantes urbanistas do País”, na presidência do Secovi-SP. Tal desafio Amary enfrentou com o apoio de seus parceiros de diretoria e aconselhamento de Romeu Chap Chap, a quem chamou de “amigo e mentor”.
“Para além dos temas setoriais, decidimos agir politicamente, de forma apartidária, tornando público nossos posicionamentos sobre questões de interesse nacional como combate à corrupção, defesa da terceirização, da reforma trabalhista, da regularização fundiária e da reforma da Previdência.”
A fim de unir forças e promover o diálogo coletivo, Amary convocou as entidades de classe parceiras para se unirem no movimento até hoje existente “Reformar para Mudar”, que reúne 28 entidades.
Sacrifícios – “A exemplo do que fiz no Secovi, respondi prontamente sim ao governador João Doria. E idêntica foi a atitude de Basilio Jafet, quando pedi que assumisse a presidência de nossa instituição, liberando-me para essa nova e desafiadora função, que exerço com muito orgulho, responsabilidade e enorme entusiasmo. Nem por um segundo Basilio hesitou”, contou.
A disposição para o trabalho e seu estilo próprio de gestão legitimaram Jafet a ser presidente eleito do Secovi-SP até 2022. Havia, porém, um agravante: as condições financeiras com o fim da contribuição sindical. “Manter o Secovi funcionando exigiria medidas duras e sensíveis, como a demissão de colaboradores, alguns deles com toda uma vida dedicada à entidade. Com muita dor no coração, fomos obrigados a fazer isso para, responsavelmente, tentar equilibrar as finanças da entidade”, lembrou Amary.
A mesma dor, de acordo com ele, sentida quando Sergio Maud faleceu, em 2018. “Foi muito difícil perder o ex-presidente e grande amigo, cuja memória peço para honrarmos com uma salva de palmas.”
Amary enfatizou que o cenário econômico desanimador não tirou a coragem de Basilio Jafet assumir a missão de presidir o Secovi-SP, dando continuidade aos dolorosos e inevitáveis cortes de despesas. “Em termos pessoais, amigo Basilio, só posso agradecer. E como secretário da Habitação, igualmente agradeço.”
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