Não é novidade que as fintechs (startups do setor financeiro) chegaram para agitar as águas, até então plácidas, da concorrência no mercado financeiro. A notícia nova é que 40% dos consumidores de produtos bancários utilizaram o cartão de crédito de ao menos uma dessas empresas no último ano.

Ainda conforme levantamento da Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas, SPC Brasil e Sebrae, 84% dos clientes em bancos digitais mantém conta em bancos tradicionais, principalmente pela facilidade na obtenção de crédito e a possibilidade de atendimento presencial, caso haja necessidade. No entanto, a maioria dos entrevistados (55%) preferem os serviços dos bancos digitais.

Não é difícil compreender os motivos: as plataformas de atendimento oferecidas pelas startups proporcionam agilidade, serviços totalmente virtuais e a possibilidade de customização em graus improváveis para as estruturas de grandes bancos. Para abalar ainda mais as estruturas, não cobram tarifas com a mesma voracidade dos bancos tradicionais.

Com estruturas enxutas e processo deliberatório célere, as adequações aos cenários de constante mutação tornam-se muito mais fáceis. E por falar em inovação, o Banco Central do Brasil estuda apimentar ainda mais a competição no setor financeiro com a regulação do Open Banking, ou seja, a possibilidade de compartilhamento de dados bancários que incluem cadastro dos clientes, transações, movimentação de contas, saldo e afins.

Com esse pano de fundo, o enorme número de agências ostentado por algumas instituições financeiras tornou-se irrelevante para os clientes.

Thaís Cíntia Cárnio é professora de Direito Empresarial e Mercado Financeiro da Universidade Presbiteriana Mackenzie.