Agro além da mesa: o potencial do setor para além da produção de alimentos
* Lucas Tuffi, diretor comercial da Agrotools
Que o agronegócio é um dos principais pilares da economia brasileira, isso não é novidade. Os próprios números recentes do setor comprovam esse fato. Para se ter uma ideia, o segmento rural fechou o ano de 2021 com saldo positivo de US$ 105,1 bilhões, simbolizando uma alta de 19,8% em relação ao ano anterior, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Responsável por mais de 9 milhões de empregos diretos com carteira assinada, o agronegócio brasileiro se aproveita da alta produção de commodities, como soja, milho, açúcar, carnes, produtos florestais, laranja, fumo e café, para ser um dos setores líderes de exportações do país, representando US$ 4 de cada US$ 10 dólares exportados pelo Brasil.
No entanto, a verdadeira importância do segmento para a sociedade ainda não é tão clara como deveria. Quando pensamos em agronegócio, a gigantesca maioria das pessoas rapidamente liga a palavra apenas à produção de alimentos. Apesar de realmente representar uma parcela significativa, a presença do setor em nosso dia a dia vai muito além de colocar alimentos em nossas mesas.
Ainda que nem sempre nos damos conta, o campo é um gerador fundamental de matéria-prima e produtos essenciais para diversos objetos e atividades humanas, impactando diretamente na maneira como nos locomovemos, vestimos e até tratamos as nossas doenças.
Uma das produções fundamentais do setor, fora da questão alimentar, é a fabricação de biocombustíveis líquidos, como o etanol, obtido da cana-de-açúcar ou milho, e o biodiesel, fabricado a partir de óleos vegetais (como a soja) e gordura animal. Além de serem poderosos produtos econômicos, tanto no mercado nacional quanto no internacional, tais combustíveis ainda possuem uma grande relevância no viés sustentável, já que são apontados como substitutos dos tradicionais combustíveis fósseis e auxiliam na redução dos GEEs (gases de efeito estufa), uma vez que se tratam de uma fonte renovável de energia.
O vestuário é outro segmento bastante impactado pela produção agro, principalmente por meio do algodão em pluma. A boa durabilidade e versatilidade apresentada neste material o transforma num produto essencial para a confecção de diversas vestimentas, como sapatos, bolsas, casacos, chapéus, luvas, calças, saias, blusas, mantas, dentre outros.
Vale ressaltar ainda a ótima qualidade apresentada no algodão brasileiro. Com mais de 2,71 milhões de toneladas colhidas no ano de 2021, o material recebe, inclusive, uma atenção especial no mercado internacional, colocando o país entre os cinco maiores produtores e exportadores mundiais do produto.
Dentre os destaques nesse sentido está o eucalipto, árvore responsável pela produção do papel, por exemplo. Com a maior produtividade relativa do planeta, o Brasil se tornou o segundo maior produtor de celulose do mundo, se tornando referência no assunto.
Vale destacar aqui que, além do papel e da própria celulose, o país conseguiu desenvolver o setor a ponto de produzir, tanto para consumo interno quanto externo, diversos produtos de higiene criados a partir desse material, como fraldas descartáveis, absorventes femininos, papéis higiênicos, lenços umedecidos e guardanapos.
Se a participação bovina já é bastante extensa na indústria brasileira, se englobamos todos os elos da pecuária (ovinos e suínos, por exemplo), a quantidade de segmentos cresce consideravelmente.
Um grande exemplo disso é a importante participação dos suínos na medicina. Isso porque, estudos recentes mostraram que os suínos compartilham uma série de características surpreendentemente semelhantes aos humanos, como o fato de ambos apresentarem uma espessa camada de gordura subcutânea, narizes salientes e outras similaridades anatômicas, incluindo a pele e as válvulas cardíacas desses animais. Recentemente, inclusive, foi realizado um transplante de um coração de porco para um homem nos EUA.
Outro exemplo que vale o destaque é a participação dos ovos na produção de vacinas, inclusive contra covid-19. Segundo o Instituto Butantã, que não só reproduz imunizantes internacionais como também cria protetores próprios, o desenvolvimento de sua própria vacina utiliza os embriões de ovos para a replicação do vírus no reagente protetor.
Justamente por não ser tão clara à primeira vista, a participação do setor agro dentro de toda a sociedade brasileira precisa ser realçada por quem conhece esse potencial. Além da importância do conhecimento, a expansão desse viés abre caminho para promover ainda mais o desenvolvimento da área - sem deixar de lado a sua fundamental razão sustentável e ambiental.
* Lucas Tuffi é diretor comercial da Agrotools, empresa líder em tecnologia e inteligência para o agro na América Latina
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