Pesca Esportiva: mitos e verdades
O Núcleo de Comunicação Científica (NCC) do Instituto de Pesca (IP-APTA), órgão da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, conversou a respeito de mitos e verdades sobre a pesca esportiva, com o pesquisador científico, especialista em sanidade de peixes, piscicultura continental, boas práticas de manejo e pesca esportiva, Eduardo Makoto Onata, atuante no Centro Avançado de Pesquisa do Pescado Continental, localizado em São José do Rio Preto.
A atividade, legalmente classificada como pesca amadora e voltada ao lazer e desporto, ainda se depara com muitas dúvidas e visões distorcidas relativas às práticas que a envolvem. Portanto, com o objetivo de esclarecer alguns pontos, Onaka responde às perguntas a seguir.
NCC: Há pessoas que se colocam contra a pesca esportiva porque acreditam que os animais sofrem maus tratos. É mito ou verdade?
Onaka: MITO. Desde que praticada com critérios rigorosos, a pesca esportiva devolve o peixe à água em boas condições de saúde. A pesca esportiva é quase uma filosofia de vida, que visa à preservação do meio ambiente em primeiro lugar, que não mata peixes e que utiliza equipamentos adequados para proporcionar um combate curto, diminuindo ao máximo o estresse, proporcionando uma soltura com o peixe em bom estado de vigor, possibilitando a rápida recuperação do mesmo.
NCC: Dizem que é importante utilizar um equipamento mais pesado para não perder e nem prejudicar muito o peixe. Mito ou verdade?
Onaka: VERDADE. O uso de equipamentos adequados para o tipo de peixe que se pretende capturar é muito importante. Caso um peixe grande seja capturado com equipamento leve, a batalha será mais complicada e demorada, podendo cansar o peixe à exaustão, causando muito estresse e fazendo com que a recuperação dele seja mais demorada. Em casos extremos de estresse, o peixe acaba morrendo horas depois da soltura.
NCC: É mito ou verdade que existem peixes que só comem durante o dia ou só à noite?
Onaka: MITO. Embora existam algumas espécies de peixes que apresentam a atividade de alimentação maior durante o dia ou à noite, eles sempre vão estar à procura de alimento, independente da luminosidade. Uma prova disso é que o anoitecer e o amanhecer são considerados os melhores períodos do dia para se fazer as melhores capturas, pois os peixes parecem mais famintos nesses horários.
NCC: Os peixes, uma vez capturados e devolvidos à água, podem ser pegos mais de uma vez no mesmo dia. Mito ou verdade?
Onaka: VERDADE. É possível se pescar o mesmo peixe mais de uma vez no mesmo dia, desde que a captura, o manuseio e a soltura sejam feitas no menor espaço de tempo possível. Os peixes possuem instinto de se alimentar ou defender o território maior do que a sua memória, que é momentânea. É claro que quanto maior o desgaste que o peixe tiver numa captura, maior será o intervalo de tempo pra ele se recuperar e se “esquecer” de que foi pego.
NCC: “Os pescadores esportistas estão acabando com os peixes dos rios” é uma frase bastante repetida. A afirmativa é verdadeira ou um mito?
Onaka: MITO. Os pescadores esportistas, em sua grande maioria, não levam peixe pra casa e, quando levam, é somente para uma refeição com sua família. Quem acaba com os peixes dos rios são praticantes de pesca predatória, a poluição, o desmatamento, a destruição de habitats, entre outros.
Espera-se que com os esclarecimentos do pesquisador especialista os mitos sobre a pesca esportiva sejam dissipados e as boas práticas da atividade reforçadas para que o lazer e o esporte também possam ser realizados de forma adequada e sustentável.
Pesca Esportiva: mudanças na legislação
De acordo com a Lei da Pesca, nº 11.959, de 29 de junho de 2009, que dispõe sobre a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável da Aquicultura e da Pesca, a atividade de pesca se classifica como comercial (artesanal e industrial) e não comercial (científica, amadora e de subsistência).
A pesca amadora, também chamada de pesca esportiva, caracteriza-se por ser praticada por brasileiros ou estrangeiros, com equipamentos ou petrechos previstos em legislação específica, tendo por finalidade o lazer ou o desporto.
Desde janeiro deste ano, está em tramitação e será avaliada pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania, proposta para alteração da Lei da Pesca, por meio da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados, que visa diferenciar a pesca amadora da pesca esportiva no Brasil, já que esta última, ainda que considerada uma modalidade amadora, não tem regulação específica e tem maior foco no desporto e lazer.
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