Com entressafra canavieira maior, usinas poderão programar melhor as manutenções
Período mais longo é uma oportunidade para que as unidades sucroenergéticas tenham mais tempo para fazer reparos preventivos tanto nos maquinários da indústria quanto na frota automotiva
Diferentemente dos últimos anos, quando muitas unidades sucroenergéticas tiveram que esticar a sua moagem para além do mês de dezembro, o que consequentemente resultou em entressafras mais curtas, este ano muitas usinas estão encerrando antes as atividades por falta de matéria-prima. Uma longa e severa estiagem, inúmeros incêndios e até geadas em algumas regiões que atingiram as lavouras do Centro-Sul do Brasil, impactaram significativamente não só a produtividade, mas também a moagem da cana-de-açúcar.
Tradicionalmente, as indústrias sucroenergéticas sempre priorizaram realizar grandes manutenções durante o período de entressafra, que normalmente dura cerca de quatro meses – entre dezembro e abril. Este ano com um período entressafra maior do que no ano passado, as empresas terão mais tempo para efetuar e programar as revisões e trocas dos equipamentos tanto da indústria quanto na frota automotiva.
A expectativa para a safra de cana-de-açúcar do Centro-Sul do Brasil em 2021/22 é de 538,7 milhões de toneladas, uma queda de 10,6% ante a temporada 2020/21, segundo a (Conab). Com isso, a manutenção torna-se ainda mais importante para que não haja mais prejuízos financeiros devido a problemas de operação.
De acordo com Artur Kiryu, engenheiro e consultor de manutenção da GAtec, empresa especializada no desenvolvimento de ferramentas para a gestão agroindustrial, o planejamento da manutenção de entressafra deve ser iniciado assim que a operação da safra entre em estabilidade. “O planejamento deve ocorrer neste período, informações sobre as condições dos equipamentos devem ser coletados/monitorados (preditiva). No início da entressafra os cronogramas das equipes, Curva S devem estar prontos e pactuados bem como os materiais e serviços externos requisitados. Além disso, criar um ritual de controle com reuniões semanais”, destaca.
Atenção ao cronograma
Para dar início a essas manutenções, em primeiro lugar é necessário ter um plano de revisões dos equipamentos bem elaborados. Neste plano deve constar os seguintes pontos: o que fazer, periodicidade recomendada, recursos e mão de obra previstos. Também é importante constar quais os materiais necessários, serviços externos necessários e ter uma atenção especial nas tarefas que não agregam confiabilidade e que consomem recursos desnecessários.
Dentre os itens fundamentais da manutenção, destaque para a lubrificação dos equipamentos. Segundo Kiryu, é preciso um plano de lubrificação bem elaborado e também bem executado, pois esta é uma atividade crítica. Não lubrificou, quebra! Simples assim. “Um Checklist completo dos equipamentos é fundamental, pois nele são baseadas as manutenções de natureza proativa. Por isso é essencial inspecionar, descobrir problemas, agir antes que os equipamentos/sistemas entre em estado de falha, resultando em quebras inesperadas”, reforça o especialista.
Evite erros
Tão grave quanto não realizar as manutenções é realizá-las de forma errada gastando recursos importantes. Isso muitas vezes ocorre pela não obediência ao que foi planejado e programado gerando a “correria” ao final da entressafra, com consequente queda na qualidade dos serviços. Uma operação dessa bem-sucedida, é aquela que é concluída com 15 dias antes do início da safra, neste período que antecede o início da operação deve ser dedicada para atividades de comissionamentos (testes e ajustes dos equipamentos).
Outro erro muito comum é não identificar a hora da substituição de uma máquina que apresenta problemas frequentes. “Reconhecer quando um maquinário precisa ser substituído é simples, basta se atentar ao seu desempenho. A partir do momento que se investe e realiza a manutenção e o mesmo não mais responde com a confiabilidade necessária ao processo e produção, então é hora de substituí-lo para evitar dores de cabeça no futuro”, destaca o engenheiro.
Para ajudar as agroindústrias bem como as unidades sucroenergéticas, a GAtec além de fornecer soluções de sistemas, oferece consultoria para gestão da manutenção e orientação aos resultados a serem alcançados. Conforme explica Kiryu, entre as indicações feitas nessa consultoria da empresa, sempre é reforçado a necessidade de definir os indicadores a serem “perseguidos”.
Estes direcionamentos são definidos de acordo com os resultados/rumos estratégicos da organização no que tange a manutenção de seus ativos. “Indicadores harmonizam as energias existentes na empresa, provoca sinergia na comunidade”, diz o consultor. “Outro assunto que deve ser discutido na comunidade é o conceito de manutenção centrada em confiabilidade ou reliability centered maintenance – RCM”, finaliza o profissional.
Sobre - A GAtec S/A Gestão Agroindustrial está sediada em Piracicaba, no interior paulista, oferecendo aos clientes consultoria, treinamento, desenvolvimento e integração de sistemas de gestão para o agronegócio. Composta por profissionais com mais de 40 anos de experiência em planejamento e controle agroindustrial, a empresa está presente em 14 países com mais de 260 clientes. Sua atuação contempla diversas culturas do agronegócio, entre elas, cana-de açúcar, grãos, algodão, café, citros, pecuária, entre outros.
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