Coleta e gestão de dados moldam uma agricultura mais sustentável visando uma baixa emissão de carbono
Parceira na Argentina e no México, a startup Sima é integrante da iniciativa Carbono Bayer no Brasil, desenvolvida juntamente com a Embrapa e produtores rurais por todo o País
Com o avanço da tecnologia no campo nos últimos anos, os produtores têm à disposição na palma da mão, em poucos “cliques”, centenas de informações sobre o andamento de suas lavouras, desde o desempenho das máquinas até mesmo notícias sobre o clima ou mercado. Contudo, a grande dificuldade é organizar esse pacote de dados de forma precisa e que seja de fácil interpretação para as decisões do dia a dia.
Para facilitar essa árdua tarefa, a startup Sima – Sistema Integrado de Monitoramento Agrícola, tem ido além da coleta de dados no campo. A ferramenta possibilita que os produtores e empresas criem um grande banco de dados no qual se pode guardar todo o histórico de produção e produtividade das áreas mapeadas e acessá-las a qualquer momento de qualquer lugar.
Essa expertise em Big data e Data Science já consolidada em diversos países da América Latina, também está focada em contribuir com uma agricultura sustentável, especialmente na iniciativa Carbono Bayer, projeto pioneiro que busca intensificar a adoção de práticas sustentáveis de manejo e o sequestro de carbono na agricultura junto com produtores, com a Embrapa e outros parceiros.
As práticas de manejo estimuladas pela Bayer visam um aumento de produtividade com maior sequestro de carbono dentro das áreas produtivas das propriedades rurais. Outro benefício é que, no futuro, essa atividade poderá ajudar na geração de créditos de carbono quando esse mercado estiver consolidado na agricultura. Os créditos poderão ser vendidos pelo agricultor para empresas que desejam neutralizar suas emissões de CO² (gás carbônico). A iniciativa lançada em 2020, conta com mais de 400 produtores cadastrados, com foco nas culturas de soja e milho, em 15 estados, ultrapassando 80 mil amostras de solo analisadas.
De acordo Ana Carolina Guedes, gerente de Sistema e Parcerias do Negócio de Carbono da Bayer para a América Latina, ainda nos dias de hoje, as metodologias padrões e protocolos utilizados para certificação de carbono no solo eram pouco compatíveis com a realidade da agricultura, especialmente em um cenário tropical como no Brasil. “Por isso, temos desenvolvido ao lado do agricultor e de vários parceiros, como a Embrapa, um novo padrão para os processos de monitoramento, relatório e verificação do carbono no solo”, disse. “O uso de soluções digitais de agtechs como a Sima é crucial nesta etapa de coleta e acompanhamento de dados”, completou.
Um grande diferencial dessa parceria é que a Sima já atua em conjunto com a Bayer em projetos na Argentina e no México, algo que facilitou o ajuste e alinhamento da tecnologia na iniciativa. “Para o caso específico desse projeto, foram feitos alguns ajustes para que atendesse as necessidades, e essa agilidade e adaptabilidade é um dos grandes benefícios que tem levado a Bayer a trabalhar de forma cada vez mais próxima a startups. Todas as informações relativas aos cultivos, manejos (operações, fertilizantes, defensivos, etc.) e monitoramentos já estão sendo coletados e armazenados desde o início do projeto”, salienta Ana Carolina.
Transformado dados em decisões
O volume de informações em um projeto dessa grandeza é vasto e esses dados podem facilmente ser perdidos se não forem organizados numa formatação adequada, nesse sentido a plataforma da Sima tem sido fundamental. Segundo Rafael Malacco, Gerente de Desenvolvimento de Mercado, a startup hoje além do desenvolvimento de softwares e aplicativos, conta um time especializado em Data Science que têm como função transforar os dados em informações que serão facilmente interpretados pelos clientes.
Ainda segundo Malacco, outro diferencial é o investimento da Sima no atendimento, ou seja, o cuidado especial com o pós-venda para que desde o primeiro momento de contato do cliente com a ferramenta, ele entenda bem objetivo geral do projeto. “Parcerias como essa com a Bayer, vão muito além do fornecimento de uma plataforma para imput de dados, o papel principal é como organizador geral dessa jornada se preocupando promover tecnologicamente dados para que as pessoas que forem utilizar a ferramenta tenham isso em mãos no momento da captura do dado orientando para que essa atividade de campo seja aproveitada ao máximo”, reforça.
Após a coleta de dados em campo e estes devidamente armazenadas, eles funcionam como insumos para que o time técnico da Bayer e parceiros da iniciativa analisem cada sistema agrícola e crie uma proposta técnica de valor. Os dados servem também como base para sugestão de alternativas de manejo, especialmente considerando intervenções baseadas em monitoramento — ou seja, assertividade na escolha do produto e na dose administrada para o alvo em questão, o que impacta diretamente a eficiência agronômica, a rentabilidade e a sustentabilidade. “Ter todas essas informações registradas de forma padronizada nos ajuda nos cálculos e modelagens matemáticas referentes ao sistema agrícola empregado, algo essencial para o sucesso da Iniciativa Carbono Bayer, mas também nos apoia nas análises ambientais e sustentáveis, como por exemplo: o balanço de carbono e os índices de impacto ambiental”, diz Ana.
Com o projeto, a ideia é apoiar os agricultores para que adotem práticas agrícolas mais sustentáveis e que impactem diretamente na produtividade. Assim, serão recompensados não só pelo que produzem, mas pela forma como produzem. “Desenvolver uma técnica que leve a uma solução mais escalável para mensuração de carbono no solo e ainda contribuir para a construção de uma agricultura mais sustentável, depende de todo o levantamento de informações que temos feito, além de comprovação científica e de experimentos", afirma a profissional.
Ainda segundo a gerente, a Bayer acredita que é impossível ser autossuficiente em inovação, por isso é prioridade trabalhar cada vez mais no modelo de inovação aberta, através de parcerias com agtechs, universidades e acadêmicos. “Avaliamos a todo momento como potencializar e ampliar parcerias com empresas como a Sima, que serão cada vez mais relevantes para a expansão de nossos projetos e para alcançarmos um maior patamar de produtividade e sustentabilidade no agro”, completa.
Resultados na Prática
Os agricultores participantes da Iniciativa Carbono Bayer contam com tecnologias de ponta para análise de solo e recebem orientações para adotar práticas agronômicas mais sustentáveis, gerando melhorias de manejo para aumentar o potencial produtivo, além de reduzir impactos ambientais no campo e aumentar o sequestro de carbono no solo. Entre essas práticas, o agricultor pode investir em culturas de cobertura (espécies de plantas que ajudam a melhorar a qualidade do solo); usar sistemas de irrigação eficientes que economizam água; investir em melhores tecnologias de sementes e de monitoramento da produção, entre outras medidas.
Uma das fazendas parceiras no projeto é a fazenda Bom Jesus, com sede em Unaí/MG, da agricultora Alessandra Folador. Na propriedade de 3.735 hectares são cultivados soja e milho. Segundo a agricultora, o ingresso no projeto surgiu através de um convite da Bayer e eles aceitaram pelo conhecimento que a iniciativa vai gerar a todos. “O objetivo dessa parceria é traçar um planejamento que resulte no incremento de carbono no solo. Sabemos que solos produtivos e que rendem maior lucratividade está diretamente ligado a teores maiores de matéria orgânica”, disse.
Ainda segundo a proprietária, iniciativas sustentáveis como essa ajudam em aumento de produtividade e melhores resultados da fazenda. “Os ganhos são muitos, o projeto nos possibilita a coleta de dados e nos auxilia em tomadas de decisão mais precisas, assim cada vez vamos aprimorando as nossas tomadas de decisão com uma massa de dados maior”, finaliza a produtora.
Sobre – A SIMA é uma AgTech que surgiu em 2013 na Argentina com o objetivo de oferecer aos produtores uma plataforma simples, completa e inteligente para monitoramento, controle e análise de dados das lavouras. Hoje a empresa está presente em 8 países da América Latina e possui mais de 3 milhões de hectares monitorados.
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