Febre digital no agronegócio, uma faca de dois gumes
Roberto Fabrizzi Lucas
As alterações mercadológicas acontecidas durante o período de pandemia têm alguns itens que serão permanentes e outros totalmente efêmeros.
Os efêmeros serão aqueles de oportunidade onde a “febre digital” fez com que várias empresas se atirassem no mundo virtual assistindo aí uma oportunidade de ganhar dinheiro.
Quando uma empresa não tem uma missão que permeia seu ideal ou que norteia suas ações e ainda só pensa no seu bem financeiro, sua vida é curta.
Ou seja, apenas aproveitar um momento não vai fazer com que a empresa se solidifique, apenas a caracterizará como oportunista.
A primeira intenção sempre pesa mais e pensar apenas em ganhar dinheiro não traz nenhuma segurança. Pior, pode trazer problemas e visões ilusórias acerca do negócio, quando existe a esperança de que o virtual anda sozinho e basta “estar lá”.
Antes de mais nada, as empresas tradicionais no segmento digital já têm em seu nascimento um “DNA” ligado ao consumidor. E isso se dá em vários setores de negócios.
Transferindo isso ao agronegócio, que se tornou a menina dos olhos de nosso país, é possível observar essa mesma tendência. “O agro é um bom lugar para se ganhar dinheiro”. Mas não funciona assim e vemos isso em vários vendedores de diversos produtos que já estão no mercado faz tempo e ainda assim enfrentam problemas sérios nesse período histórico negativo que estamos vivenciando.
Até mesmo as grandes indústrias estão padecendo e, por consequência, fazendo com que seus consumidores padeçam.
Vejamos o caso das indústrias de máquinas agrícolas que hoje não têm como atender seus clientes de imediato, ainda que o consumidor compre uma máquina cara e possa pagar em dinheiro.
A falta de alguns insumos ou até mesmo o alto patamar de preços dos mesmos, as impede de entregar seus produtos de imediato.
Alguns deles estão demorando meses para chegar ao campo e isso faz com que os produtores busquem alternativas que atendam suas necessidades rapidamente.
Assim, as empresas que atuam há muito tempo com produtos diretamente voltados para o agro e tem aquele DNA ao qual me referi anteriormente, estão tendo a oportunidade de ver seus negócios, além de mais consolidados, aumentando o volume e, consequentemente, o faturamento.
O setor de agricultura é um que não pode esperar, tampouco deixar de lado a qualidade de seu trabalho.
O plantio não espera, a colheita não espera; com isso os produtores estão optando por maquinário usado em boas condições para comprar.
Em nosso marketplace, especializado no homem do campo, a procura por esses produtos aumentou significativamente no último ano e agora em 2021 segue uma tendência até maior, atendendo o produtor que, por força da função, sabe que: “O agro não para, o agro não pode parar.
* Roberto Fabrizzi Lucas é chairman do Grupo MF Rural, plataforma de marketplace especializada no agronegócio.
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