Saúde emocional e mental de crianças e adolescentes preocupa especialistas e desafia famílias e escolas
Para enfrentar a situação, a educadora parental Carol Binhame diz que todos os atores envolvidos precisam repensar seus papéis na educação e condução de crianças e adolescentes
Ansiedade entre crianças, transtornos mentais e até suicídio têm levantado questões complexas sobre a saúde emocional e mental de crianças e adolescentes, preocupando especialistas e desafiando famílias e escolas. Para enfrentar a situação, a educadora parental Carol Binhame diz que todos os atores envolvidos, incluindo a sociedade em geral, precisam repensar seus papéis na educação e condução de crianças e adolescentes. De acordo com a especialista, é preciso cuidar e preparar os adultos para criarem a geração atual.
“São os adultos que precisam estar melhor preparados para guiar essa geração que é única, afinal, viveu uma pandemia sem precedentes e é a primeira considerada nativa digital. É natural que esse cenário tão inédito seja desafiador para adultos e, por isso, é importante que famílias e escolas busquem ajuda profissional e assumam seus papeis de responsáveis pela infância atual”, ressalta. É no cenário em que grande parte dos adultos se sente perdido sobre o que fazer na criação e educação dos pequenos que cresce a profissão de educador parental, profissional capacitado para orientar adultos cuidadores através de conhecimentos em neurociências, apego seguro e desenvolvimento infanto juvenil.
Dados da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) apontam que a ansiedade entre crianças superou a dos adultos no Brasil. Além disso, segundo segundo a Fundação Oswaldo Cruz, metade dos transtornos mentais começa antes dos 14 anos e 75% têm início ainda na infância ou adolescência. A Fiocruz aponta ainda que o suicídio é a terceira principal causa de morte entre jovens de 15 a 19 anos, atrás apenas de acidentes e homicídios. “Os dados são apenas alguns dentro de um grande número de pesquisas recentes, no Brasil e no mundo, que confirmam o que a sociedade talvez não esteja querendo assumir: a infância e a adolescência não estão indo nada bem. E por que isso está acontecendo?”, questiona Carol.
Adultos
A educadora parental aponta que a solução pode estar em ajudar os adultos no papel de serem pais, mães e professores. Isso porque, segundo Carol, são os próprios adultos que precisam de ajuda. De acordo com o relatório “The Mental State of the World in 2023”, o Brasil está em terceiro lugar entre os 64 países avaliados sobre saúde mental. Pesquisa da Neurotech Sapien Labs mostrou que o país tem a quarta pior taxa de saúde mental do planeta. Em 2024, o Brasil registrou 470 mil afastamentos do trabalho por transtornos mentais, o maior número desde 2014. E pesquisa da plataforma De mãe em mãe mostra que 66% das mães classificam a própria saúde mental como péssima, ruim ou regular, e 94% delas se considera com esgotamento.
“Como adulta de 41 anos, mãe de dois filhos, uma de 9 e outro de 12 anos, e educadora parental, afirmo com segurança que estamos precisando de ajuda. Basta olhar os dados para vermos como fazemos parte de uma sociedade cada vez mais adoecida emocionalmente. Então, se os cuidadores estão doentes, como vamos cuidar na nova geração? Como vamos evitar o adoecimento emocional deles? Na fase em que crianças e adolescentes estão em desenvolvimento, seus cérebros ainda não estão maduros e, por isso, é ainda mais necessário um ambiente emocionalmente seguro com cuidadores conscientes. Precisamos de ajuda e o educador parental é o profissional especializado em cuidar de quem cuida”, afirma a especialista.
A Sociedade Brasileira de Pediatria já recomenda, desde 2017, a educação parental como um recurso para prevenção do estresse tóxico na infância. Em 2024, a Lei 14.826 reconheceu a parentalidade positiva como estratégia para prevenir violência e incentivar o acolhimento na infância. A Organização das Nações Unidas (ONU) defende acesso universal de programas de parentalidade com evidências científicas, ou seja, a educação parental. “Dados alarmantes e recomendações vindas de órgãos competentes já temos. Agora, é hora de agir”, sugere Carol.
Ficção X Realidade
A importância do assunto é tão evidente que repercutiu no mundo todo a série “Adolescência”, na Netflix, uma ficção que se confunde com a realidade. O enredo mostra um garoto de 13 anos que mata um colega de escola. “É importante e urgente a temática da série, que mostra muito mais que um assassinato e que o papel das redes sociais. Retrata também o quão os adultos estão desconectados sobre o que está acontecendo na vida dos filhos e alunos. Reclama-se que essa geração está perdida, mas quem está criando essa geração”, questiona.
Carol Binhame
Carol Binhame é educadora parental e orienta famílias e escolas que buscam assumir seus papéis de adultos responsáveis pela geração atual a partir de reflexões e mudanças importantes que visam o bom desenvolvimento emocional de crianças e adolescentes. É formada em Comunicação Social pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), pós-graduada em Psicologia do Consumo, certificada pela Escola da Educação Positiva e também pela Formação em Estudos Familiares. Cursou Neurociências Aplicadas à Educação na Universidade de São Paulo (USP) e Prevenção ao Trauma Infantil (CPTI), além de muitos outros cursos na temática da parentalidade.
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