Como levar hábitos saudáveis da infância para a vida adulta?
Por Camila Capel*
A aquisição de uma nova habilidade, seja o aprendizado de uma língua, tocar um instrumento ou assimilar uma história, necessita de tempo até ser incorporada como um hábito. Uma rotina bem consolidada traz equilíbrio, organização e orienta na condução da vida.
O contrário também é notório: a evidência do mau hábito torna-se ainda mais perceptível ao tentar se libertar dele. Além disso, há um outro fato: o temperamento do indivíduo influencia na maneira como os hábitos se instalam, então, começam a formar traços, o “jeito de ser”, e acabam, por fim, moldando a personalidade.
Ciclos do sol e da lua, as estações, dia e noite, as festas relacionadas aos solstícios de verão e inverno eram os elementos com os quais, na antiguidade, o homem se relacionava com o tempo. Há uma sabedoria nisso que ainda reside no interior da criança. É possível aproveitar esta fase humana para instaurar bons hábitos durante toda a vida. Os pontos fundamentais são: ritmos de respiração, alimentação, higiene e sono:
Respiração: é o principal aprendizado nos primeiros anos de vida. Esse respirar se relaciona à alternância da contração, expansão, no período da vigília. Para exercitá-lo, é importante intercalar momentos em que a criança esteja sentada, na hora da refeição, ao ouvir histórias, por exemplo, com momentos onde ela possa se expandir, por meio do brincar livre. Já no período da noite, quando o dia está escurecendo, idealmente, deve-se recolher e preparar-se para o início do sono.
Alimentação: é considerado um momento de contração. As crianças se aquietam para receber o alimento preparado com amor e os adultos têm a oportunidade de oferecê-los adequadamente para o desenvolvimento dos pequenos. A qualidade do momento da refeição gera uma atmosfera que também as alimenta, pois está relacionado à vida social e, nessa hora, todos na mesa têm acesso ao mesmo alimento.
Higiene: têm forte relação com o toque, a troca de fraldas, o banho, os cuidados diários. Todos oferecem à criança a noção de seu próprio corpo, o que mais tarde se relacionará com sua noção de individualidade. O toque estimula o tato e, consequentemente, conexões cerebrais se aguçam. O principal hábito que está em jogo é a noção de autocuidado a autoestima.
Sono: ensinam à criança o repouso, em oposição ao movimento. É o momento em que o corpo se regenera e repõe as energias gastas no dia. É também a hora do dia em que a criança mais se separa de seus pais. Cabe a eles ajudá-la a fazer uma entrega tranquila, com o sentimento de gratidão pelo dia e a segurança de que, pela manhã, estarão juntos novamente.
Com estas bases fortalecidas desde a infância, o indivíduo se torna mais seguro consigo mesmo e nas relações com outras pessoas, cria vínculos afetivos de forma mais plena e se envolve com o meio de um jeito mais respeitoso, pois aprendeu a ser humano.
*Camila Capel é psicopedagoga especialista em educação parental, fundamentada na pedagogia Waldorf e Antroposofia, facilitadora de processos de autodesenvolvimento, meditação e mindfulness e autora dos livros “A Mala do Opa” e “Vamos falar sobre a Vida”.
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