O Abril Azul evidencia a necessidade de acolher quem tem TEA
Especialista alerta para a necessidade de tratamento logo após os primeiros sintomas do Transtorno do Espectro Autista (TEA), crianças até os cinco anos podem responder melhor às terapias
No calendário de campanhas do Ministério da Saúde, abril é marcado pela cor azul, que representa o mês de conscientização social sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA), afim de difundir informações e combater a discriminação e o preconceito que cercam pessoas com essa condição. No Brasil, não há ainda um número preciso sobre a população com TEA, o que pode mudar neste mês de abril, quando está previsto a divulgação dos resultados do Censo 2022, que pela primeira vez inclui o tema em seu questionário. Atualmente, a estimativa mais aceita é dada pelo Center of Deseases Control and Prevention, órgão do governo dos Estados Unidos, que traz a seguinte estatística: uma criança com autismo a cada 110, trazendo para a população brasileira, a estimativa é de 3 milhões de pessoas com autismo no País.
A neuropediatra Alinne Rodrigues Belo (CRM - 19322), especialista que atende no Órion Complex, explica que o TEA ou o Autismo Infantil é um transtorno do neurodesenvolvimento, que fica mais aparente à medida que a criança cresce. Segundo a especialista, é comum que os pais detectem os primeiros sinais do transtorno logo nos dois primeiros anos de vida, pois é o momento que os sinais ficam mais evidentes. Ela explica que há dois núcleos básicos de sinais e sintomas, o primeiro é a limitação na comunicação e na interação social, e o outro diz respeito aos comportamentos rígidos, repetitivos, estereotipados e interesses fixos. “Basicamente essa manifestação ocorre quando a criança, que tem baixo interesse pelo contato social, tem maior atenção ou foco por objetos do que pelo contato social, baixo contato visual, não sustenta o olhar nos olhos dos outros. Dificuldade em pedir o que ela deseja, não mostra ou aponta o que ela quer, não tem engajamento ao brincar com outras crianças. Algumas criança tem o brincar de forma metódica e pouco funcional do que é o esperado para a idade”, explica a especialista ao detalhar alguns dos comportamentos visíveis e comuns ao diagnóstico do TEA.
A médica relata que o tratamento deve ser iniciado mesmo antes de um diagnóstico fechado. Se houver sinais de alerta, sintomas sugestivos, já é indicado o tratamento de reabilitação e estimulação. “Esse é o único caminho que temos a oferecer para o melhor desenvolvimento para essas crianças”, alerta. A neuropediatra ressalta que, a partir do momento em que existe um diagnóstico, os pais precisam compreender bem essa série de características que a pessoa terá pelo resto da vida. Ela destaca, porém, que com a intervenção precoce é possível minimizar a gravidade dos sinais e quanto antes se intervém, melhorar o prognóstico e a evolução dessa criança.
Atenção multidisciplinar
A especialista explica que o acompanhamento de uma equipe multidisciplinar, envolvendo psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, psicomotricistas, hidroterapeuta, ecuoterapeuta, psicopedagogos entre outros, é essencial para um tratamento eficaz. De acordo com a neuropediatra, o cérebro da criança principalmente até os cinco anos é plástico porque é capaz de criar muitas novas conexões e estabelecer novas vias de comunicação. Então muitos dos sintomas podem se amenizar ou não evoluir.
O TEA não tem cura, mas a intervenção precoce, a reabilitação e a estimulação são os únicos caminhos, que as crianças que possuem o transtorno têm para se desenvolver de uma forma mais funcional, mais adaptada no ambiente social. Além disso, a neuropediatra ressalta que as terapias melhoram a comunicação, a linguagem, a expressão, a interação social, reduzem as estereotipias, os comportamentos rígidos e repetitivos, reduzem os descontroles emocionais, e trazem qualidade de vida e desenvolvimento para as crianças e famílias. “Tratamento e acolhimento são as melhores maneiras de tornar a vida das pessoas com TEA melhor”, ressalta Alinne Belo.
Mais casos
Umas das percepções que temos é que de uma década para cá aumentou o número de crianças com o TEA. A médica confirma que realmente aumentou a incidência, mas ela explica que não existe uma causa única para o problema, trata-se de um transtorno multifatorial. "Existem causas genéticas, epigenéticas, causas ambientais. É uma etiologia muito complexa que está sendo estudada, está em aprendizado, em desenvolvimento do conhecimento. E acredito que houve um aumento sim tanto na incidência, quanto no diagnóstico”, argumenta.
Porém hoje, há um arsenal maior de ferramentas para o diagnóstico, treinamento e mais informação. Além disso, as famílias, as escolas estão mais alertas e diante de suspeitas essas crianças já estão sendo encaminhadas o que não acontecia em tempos atrás. A especialista ressalta que o mais indicado diante de uma suspeita é fazer uma avaliação genética dessa criança e da família, e avaliar fatores ambientais que vão da gestação até o momento em que a criança se encontra.
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