Escola de São Paulo inicia curso gratuito com foco na aprendizagem ativa de jovens adultos

Aproximadamente 70 milhões de brasileiros com mais de 25 anos não conseguiram concluir o Ensino Médio. O dado é apontado pelo PNAD Educação de 2019. Os principais motivos da evasão escolar são a necessidade de trabalhar para garantir o sustento, a falta de interesse pelo estudo formal, gravidez e afazeres domésticos.

O cenário não é de otimismo, porém há alternativas para que o estudo seja uma realidade possível e a principal está na Educação de Jovens Adultos (EJA). De acordo com o Censo Escolar de 2021, mais de 2,9 milhões de pessoas estão matriculadas no EJA, o que aponta para um recálculo de rota necessário.

Quando analisamos o contexto macro, não dá para fugir da necessidade do investimento em educação na primeira infância, fato embasado por inúmeros estudos. “Apesar de as pesquisas gerarem resultados muito importantes para os investimentos em educação de base, é importante perceber que o uso que se faz dessa constatação deixa de lado as propostas que resolvam o problema do déficit de alfabetização de jovens e adultos, ampliando a distância de uma ampla massa produtiva da formação básica de qualidade”, explica Juliana Ferrari, especialista em Desenvolvimento Educacional e idealizadora do projeto junto a membros da Camino School, escola trilíngue da zona oeste de São Paulo que, atenta à urgência do tema, iniciou um novo projeto no segundo semestre de 2022.

Em consonância com as necessidades desse público, instituições de ensino têm desenvolvido programas para alavancar a aprendizagem de adultos. É o caso da Camino School, a partir do Alfabetização para a Vida, iniciativa educacional que leva a Aprendizagem Ativa para jovens e adultos não alfabetizados. Trata-se de uma parceria da área de Learning da Camino Education com a Cloe, plataforma de aprendizagem ativa da Camino Education e a Camino School.

As aulas na Camino School acontecem às segundas e terças-feiras no período noturno e vão até dezembro. Cada turma é composta por, no máximo, 15 aprendizes e, no mínimo, três voluntários.

“O objetivo do programa é promover a apropriação da leitura e da escrita pela compreensão dos usos sociais da escrita em contextos múltiplos da vida cotidiana. Afinal, ler e escrever são instrumentos para a cidadania”, afirma Juliana Ferrari.

Com o desemprego em alta, cresce a importância da apropriação da leitura e da escrita, bem como aumenta o papel social das instituições privadas no sentido de fomentarem a alfabetização de jovens adultos. Levando em consideração esses pontos, o Alfabetização para a Vida tem uma curadoria de conteúdo muito refinada com viés de ampliação da empregabilidade, seja para o participante falar sobre si ou para comunicar-se com o outro.

A especialista em Desenvolvimento Educacional dá alguns exemplos de como a comunicação é trabalhada com os adultos, incorporando eixos como origens (apresentação, valorização da origem e da história de vida de cada um), saúde e bem-estar físico (compreensão das instruções de entrada e permanência segura em um espaço de modo a fazer uso correto de medicamentos, compreendendo diagnósticos e receitas), localização e locomoção (compreensão de placas e sinais de localização, utilização da cidade como referencial e capacidade de deslocamento de um lugar para outro dentro da cidade), direito e trabalho (conhecimento sobre direitos e deveres para ampliar a empregabilidade) e comunicação rápida (utilização de ferramentas de comunicação rápida por meio de texto).

Desafios para os alunos e para os docentes

Segundo Ferrari, a maior dificuldade para os aprendizes está no acesso a materiais e a metodologias adequadas para que consigam promover engajamento em uma rotina repleta de compromissos e permeada pela exclusão social.

“Para os professores e voluntários, o desafio é propor atividades de nível básico sem infantilizar, trazer a leitura e a escrita para o cotidiano e o uso prático sem perder o encantamento que esse universo propicia. Garantir acolhimento e segurança para o desenvolvimento socioemocional e cognitivo de cada um dos aprendizes”, finaliza a educadora.

A atual turma-piloto se encontra em andamento. Para saber mais sobre vagas e inscrições nas próximas turmas, o candidato deve ligar para (11) 99216-3509 ou escrever para , informando seu interesse no Alfabetização Para a Vida.