Escolas criam projetos de incentivo à leitura e colhem os resultados em sala de aula

Vivemos em um mundo no qual somos estimulados desde cedo a nos entreter por meio de telas, até porque, não dá para negar, a tecnologia cria um fascínio e, para as crianças, a combinação de luzes e sons prende a atenção e acaba ganhando espaço no dia a dia dos pequenos. De acordo com a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil de 2020, 48% da população brasileira não leu nenhum livro.

Em contrapartida, um estudo desenvolvido por pesquisadores do Instituto Alfa e Beto (IAB) apontou que quanto melhor for a fluência de leitura dos estudantes, maior será a compreensão do que leem. Ou seja, quem lê mais, têm melhores resultados não só em provas, como na vida. Entendendo a necessidade de estimular a leitura, colégios apostam em projetos e ações de incentivo à prática e têm obtido resultados surpreendentes.

Usando da imaginação e da ludicidade, o Colégio Itamarati, localizado em Ribeirão Preto criou o projeto SuperAutor. Uma forma de estimular a criação, a leitura e a escrita, mesmo antes da criança ser alfabetizada. Os pequenos constroem uma história passo a passo, com todos os elementos de um livro que é editado na plataforma da escola. Garantindo um desenvolvimento integral da criança e promovendo o protagonismo dela.

Também em São Paulo, mas no Itaim, encontramos o Colégio Domus, que tem como base a filosofia montessoriana, que se baseia na percepção da criança como um ser único. A escola criou o projeto “Vai e Vem”, que consiste em um rodízio literário, no qual, quinzenalmente, os alunos escolhem um livro do acervo organizado por sua turma, levam para casa para a leitura em família e, na volta para o colégio, compartilham experiências. São 100 livros circulando, o que permite que o aluno entre em um universo imaginário por meio de diferentes gêneros literários.

“Na infância, o aprendizado acontece por meio da interação. Neste contexto, o projeto “Vai e Vem” cria um espaço ideal para que as nossas crianças possam ter mais tempo de qualidade em família, transformando a leitura em um momento compartilhado significativo”, explica Edna Fernandes, pedagoga da escola que percebe um avanço em relação a linguagem dos alunos: “Desde a apresentação do projeto, vimos o quanto as famílias estavam dispostas e engajadas. Durante esse processo, principalmente na alfabetização, percebemos os avanços dos alunos em relação ao desenvolvimento da linguagem, ampliação de vocabulário e criatividade. A leitura é uma incrível ferramenta que nós, educadores, utilizamos para trabalharmos emoções e sentimentos, diferenças culturais, questões éticas e compreensão de mundo”.

Também nos pilares do método montessoriano, o Colégio Montessori Santa Terezinha, de São Paulo, tem na “Estante Mágica”, um excelente auxiliador no estímulo, criatividade e autonomia da criança. O projeto faz parte do integral da escola e permite que os estudantes criem seus próprios livros, usando textos e ilustrações de sua autoria, colocando assim a prática do protagonismo tão defendido pela instituição.

Agora imagine ter a oportunidade de conhecer diversas obras literárias, participar de sorteios de livros para ler no final de semana com sua família e, montar uma peça com os clássicos da Literatura Infantil, podendo se fantasiar dos seus personagens preferidos? Esses são alguns dos projetos desenvolvidos em Santos, litoral paulista, pelo Colégio Novo Tempo. “Você já leu?”, “Roda Viva” e “Shiny Day” são projetos que não só apresentam os livros, como permitem que alunos mergulhem nesse mundo.

Hábitos de leitura precisam e devem ser estimulados, e isso tem entrado no propósito de escolas, como é o caso do Colégio Leonardo da Vinci, de São Paulo. Através do projeto “Roda de Leitura”, o aluno se reúne com os colegas para ler e, de bônus, ainda se diverte. A troca sobre as obras preferidas de cada estudante, amplia o conhecimento dos outros e desperta ainda mais interesse, afinal, ele está ouvindo de alguém da mesma idade sobre um livro.

Essas ações têm acontecido por todo o Brasil, colégios que entendem o diferencial de criar uma ludicidade na leitura e de estimulá-la diariamente, sentem na prática as mudanças dos alunos e uma maior desenvoltura nas provas. Em Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro, o Colégio Centro de Estudos, oferece tardes de leitura ao ar livre no pátio da escola. A ação potencializa o ensinamento, pois as leituras são compartilhadas entre os estudantes, o que ajuda a terem um maior compreendimento pela história.

A escola aposta no aluno-leitor em diversos momentos, como quando o incentiva a produzir textos, e mostra que essa é uma prática que vai além do papel e da caneta, envolvendo experiências adquiridas ao longo da trajetória do estudante. Nas aulas de Língua Portuguesa, com a professora Camilla Mendes, os alunos do 5° ano experimentam a Estação Tecnológica com o objetivo de criar uma história em quadrinhos, desenvolvendo a criatividade, as habilidades gramaticais e de interpretarão. A experiência coletiva e supervisionada rende uma tarde surpreendente e cheia de novos aprendizados.

“Além de desenvolver a capacidade de decodificar códigos linguísticos, o ato de ler requer o aprimoramento da interpretação, ou seja, é preciso atribuir sentido ao que se lê. Por meio de projetos como o "Piquenique Literário: ao sabor dos livros", "Bate-papo com o autor", "Cine CCE", "Troca-Troca Literário" e muitos outros, nossos alunos contam com momentos divertidos e enriquecedores nos quais podem ver, na prática, o que leem”, detalha a professora.

Como incentivar meus filhos em casa?

Pedimos aos pedagogos e profissionais das escolas para separarem algumas dicas para que familiares possam incentivar a leitura no dia a dia com seus filhos:

1. Seja exemplo. Demonstre interesse pela leitura, leia e fale dos livros que marcaram a sua vida;
2. Tenha um ambiente de leitura dentro de casa, seja um cantinho, ou uma estante com livros;
3. Explore diferentes estilos literários.

Adquirindo esses hábitos você vai perceber uma maior conexão com seu filho, criando momentos de qualidade e cheios de amor.