Mais de 40% das crianças brasileiras não aprenderam a ler em 2020
“É como se, numa sala de 30 crianças, 12 delas não soubessem nem ler o título de um livro”, explica pedagogo
Os últimos dados divulgados pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) revelaram que mais de 600 milhões de crianças em todo o mundo tiveram o aprendizado impactado por conta do fechamento das escolas durante o período pandêmico (2020-2021). Em solo brasileiro, o relatório evidencia que três a cada quatro crianças estudantes do 2º ano estão fora do padrão de leitura. Pedagogos e profissionais da educação infantil reforçam a necessidade de projetos multidisciplinares para suprir o atraso.
A ONG Todos pela Educação, com dados cedidos pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), especifica que quase 41% das crianças brasileiras entre 6 e 7 anos não conseguiam ler ou escrever em 2021. O pedagogo e coordenador do curso de Pedagogia do UNINASSAU - Centro Universitário Maurício de Nassau Teresina, Stanley Braz, afirma que uma provável causa para essa situação se deve à suspensão das aulas presenciais, sendo imprescindível a recomposição das perdas com a alfabetização. “Nos últimos dois anos, a pandemia da Covid-19 paralisou a continuidade de aulas nesse momento escolar tão importante para o processo de letramento das crianças. Claro, isso exigiu adaptações que evitaram a privação maior nesse período de alfabetização. Esse resultado da pesquisa traz um número expressivo e perigoso, pois é como se numa sala de 30 crianças, 12 delas não soubessem nem ler o título de um livro”, alerta Stanley.
Como consequência, o pedagogo também pontua o perigo da evasão que já faz parte da rotina do sistema escolar e, nesse cenário, se acentua ainda mais. Como algo a médio e longo prazo, Braz explica que, caso não haja políticas públicas educacionais que atuem diretamente no problema produzido pela pandemia, pode haver a perda de interesse e descontinuação do aprendizado. “Se não estivermos atentos e ativos em relação à adaptação das diretrizes de alfabetização, podemos prever a possibilidade de um futuro com evasão escolar. São necessárias políticas públicas para reparação da aprendizagem aliadas ao efetivo processo de contínua formação de professores, a fim de amenizarmos esses efeitos. Então, conseguiremos uma recomposição da alfabetização e afastamento dos efeitos de uma população analfabeta em alguns anos”, finaliza o professor Stanley Braz.
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