Crianças de Araras serão as primeiras do estado a serem treinadas para reconhecer e agir em caso de parada cardíaca de familiar
Legislação municipal que acaba de ser promulgada terá conhecimento fornecido pela SOCESP para treinamento de professores e elaboração de manequins que simulam um dorso humano
O programa “Crianças Salvam Vidas”, que prevê o ensino nas escolas públicas e privadas de reanimação cardiopulmonar, prevenção e reconhecimento do infarto e AVC, acaba de ser promulgado, por meio de uma lei, na cidade de Araras. A legislação, primeira no Estado de São Paulo com essa abrangência, teve contribuição da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo – SOCESP, que irá fornecer o material didático para os treinamentos.
Atualmente 720 paradas cardíacas ocorrem todos os dias no Brasil e a grande maioria acontece dentro de casa, na presença de crianças, ou na rua, onde familiares, amigos e pessoas próximas não sabem o que fazer. “Menos de 2% dessas pessoas chegam vivas aos hospitais. Infelizmente elas morrem no caminho ou na própria residência”, conta o diretor do Centro de Treinamento em Emergências Cardiovasculares da SOCESP, Agnaldo Piscopo, que é também o autor da iniciativa em Araras. Em muitas cidades americanas, onde crianças, adultos e profissionais de saúde são treinados e há disponibilidade de desfibriladores, o índice de menos de 2% de sobrevida registrado por aqui, passa dos 70%.
A nova lei determina a realização de capacitação dos profissionais do magistério, pela Secretaria Municipal da Saúde uma vez por ano utilizando vídeos didáticos desenvolvidos pela SOCESP. Os professores irão ensinar todos os alunos a partir de 12 anos de idade. Os meninos e meninas deverão receber informações teóricas e aulas práticas de como realizar as manobras de ressuscitação, em dois treinamentos com duração de uma hora durante o ano letivo.
“O objetivo é que eles possam reconhecer os sintomas de um infarto, AVC ou parada cardíaca e ajam para pedir ajuda ao serviço de emergência e, enquanto o SAMU não chega, que façam as compressões torácicas”, orienta o cardiologista Agnaldo Piscopo. Ele explica que o treinamento será feito sem qualquer equipamento sofisticado. “Eles irão produzir manequins com garrafas PET e material reciclado com orientação dos professores de artes. A SOCESP já promoveu atividades semelhantes em seus congressos e eventos e irá fornecer vídeos lúdicos para a execução dos manequins”.
A lei municipal também cria o Dia de Reanimação Cardiopulmonar celebrado em 14 de setembro, mês do coração. “Nessa data pretendemos ampliar a conscientização para toda a sociedade e não somente para os pequenos. Assim eles poderão ser também, como os seus professores, multiplicar o conhecimento dentro de casa”, completa Piscopo.
A ressuscitação, quando realizada em até 5 minutos da parada cardíaca, permite uma taxa de sobrevida em torno de 50% a 70%. A cada minuto sem qualquer atendimento, a pessoa perde de 7% a 10% a chance de permanecer viva. “Por isso a relevância desse projeto que precisa ser ampliado para todo o estado”, defende a presidente da SOCESP, Ieda Jatene.
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