Uma nova relação entre escola e família
Por Danilo Costa, fundador do Educbank, Roberta Bento e Taís Bento, especialistas na relação Família-Escola e fundadoras do SOS Educação
Diante do panorama atual das relações família-escola, faz-se necessário colocar luz sobre o desafio de contribuir para transformar esta relação por meio da valorização dos aspectos positivos relacionados ao processo educativo.
A família é considerada a primeira agência educacional do ser humano e é responsável, principalmente, pela forma com que o sujeito se relaciona com o mundo, a partir de sua localização na estrutura social.
Segundo Petzold, o conceito geral de família deve apoiar-se em diferentes critérios como, por exemplo, restrições jurídicas e legais, aproximações genealógicas, perspectiva biológica de laços sanguíneos e compartilhamento de uma casa com crianças (Petzold, 1996). Sendo assim, para o autor, a família é um grupo social especial, caracterizado por intimidade e por relações intergeracionais.
O termo "Família" permite, atualmente, a inclusão de modelos variados de família, para além daquele tradicionalmente conhecido. Os modelos familiares não mais se restringem à família nuclear que compreendia a esposa, o marido e seus filhos biológicos (Turner & West, 1998). Atualmente, há uma diversidade de famílias no que diz respeito à multiplicidade cultural, orientação sexual e composições.
Cabe às famílias a educação primária das crianças em termos de modelo e desempenho de seus papéis sociais, uma vez que a família é que tem como tarefa principal orientar o desenvolvimento e aquisição de comportamentos considerados adequados, em termos dos padrões sociais vigentes em determinada cultura.
Cabe à escola a socialização do saber sistematizado, ou seja, do conhecimento elaborado e da cultura erudita. A contribuição da escola para o desenvolvimento do sujeito é específica à aquisição do saber culturalmente organizado e às áreas distintas de conhecimento.
Escola e família são agências socializadoras distintas. Ambas apresentam aspectos comuns e divergentes. Embora não se possa supô-las como instituições completamente independentes, compartilham a tarefa de preparar os sujeitos para a vida socioeconômica e cultural, mas divergem nos objetivos que têm nas tarefas de ensinar.
Nos últimos dois anos, como efeito da pandemia, muita coisa mudou e precisa ser refletida, pois a escola foi para dentro de casa e as famílias inevitavelmente passaram a se envolver mais com o que antes era objeto exclusivo da escola.
Segundo a pesquisa realizada pela Revista Nova Escola - A situação dos professores no Brasil durante a pandemia -, 31,9% dos docentes afirmam que a maioria dos pais e responsáveis participaram das atividades a distância durante a pandemia. Na rede privada, a participação familiar foi de 58%. Na rede pública, foi de 36%. Esses números revelam interesse das famílias pela Educação dos filhos, mesmo num momento tão inesperado como o fechamento das escolas devido a pandemia e em que muitas famílias enfrentaram desafios de toda ordem para sobreviver, fizeram tudo o que foi possível para manter os filhos aprendendo.
Mesmo com limitações, muitos pais e responsáveis foram atenciosos em relação à dedicação pessoal e investimento de recursos para garantir a aprendizagem dos filhos.
Apesar de todas as adversidades, os melhores resultados colhidos puderam ser observados onde família e escola estiveram juntas, aliadas, olhando para um mesmo objetivo e enfrentando juntas desafios estabelecidos durante a pandemia.
Quando os papéis e expectativas estão alinhados, toda a perspectiva sobre a educação muda e os resultados tomam uma tendência de crescimento. As soluções para as respostas que buscamos em relação ao sucesso da educação de nossas crianças estão na intersecção da ação conjunta entre família e escola. É uma via de mão dupla. Entendemos que uma relação ativa e saudável é aquela baseada no conhecimento das circunstâncias de ambos, na empatia e no objetivo comum.
Ao ajustar a rotina da família para que, desde a primeira infância, os filhos desenvolvam habilidades como paciência, capacidade de lidar com frustrações e autoestima, os pais cumprem seu papel de preparar a criança para o processo de aprendizagem formal. Ao manter a formação continuada dos professores como parte da rotina da escola e ajudar as famílias a entenderem o seu papel, os gestores educacionais garantem que a escola tenha as ferramentas para a transformação que se faz necessária. Durante a pandemia, o que vimos foi escola e famílias trabalhando juntas, para tentar garantir a continuidade da aprendizagem dos alunos e se isso não foi suficiente, pelo menos tentaram fazer o seu melhor na maioria dos casos.
É nosso papel, como adultos, ajudar cada aluno a encontrar caminhos para desenvolver ao máximo seu potencial. Nem família, nem escola conseguem sozinhos levar nossas crianças ao seu desenvolvimento pleno. Família e Escola, juntas, formam uma parceria capaz de mudar nosso país para melhor.
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