Estudantes do 3º ao 6º ano do ensino fundamental da rede estadual recebem apoio personalizado para melhoria da aprendizagem
Projeto Aprender Juntos propõe atividades diferenciadas em reagrupamentos com necessidades de aprendizagem semelhantes
Desde o início da semana, estudantes da rede estadual do 3º ao 6º ano do ensino fundamental passaram a receber apoio personalizado por necessidades de aprendizagem. Desenvolvido pela Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (Seduc-SP), o projeto Aprender Juntos objetiva consolidar habilidades essenciais à trajetória escolar dos estudantes, com destaque à escrita, leitura, compreensão e produção de textos, além de letramento matemático.
Na prática, a proposta consiste em reagrupar os estudantes, em 4,5 mil escolas que atendem do 3º ao 6º ano, por parte do tempo no turno regular de aulas, conforme as necessidades semelhantes, para apoiá-los em diferentes níveis de aprendizagem. Desta forma, os professores conseguem desenvolver atividades pedagógicas personalizadas e mais assertivas para favorecer a aprendizagem e que promovam maior engajamento estudantil.
Cada escola, conforme plano de implementação, irá propor o modelo de reagrupamento mais adequado à realidade, que considera avaliações realizadas pela própria unidade ou as oferecidas pela Seduc-SP, como a Avaliação da Aprendizagem em Processo. Em 2021, foram 714 mil estudantes matriculados nos quatro anos contemplados pelo projeto.
A criação do Aprender Juntos foi motivada por um estudo inédito realizado em 2021 pela Seduc-SP, em parceria com o CAEd (Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação). Esses resultados demonstraram que os estudantes dos anos iniciais do ensino fundamental foram os mais impactados pela pandemia. Uma comparação entre o estudo realizado em 2021 e a edição de 2019 do Saeb (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica) mostrou, em Língua Portuguesa, queda para níveis de aprendizagem próximos ao da edição de 2007. Em Matemática, o regresso foi similar aos dados obtidos em 2011.
Os resultados do Saresp (Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo) confirmaram que a pandemia prejudicou a aprendizagem de forma significativa. No 5º ano, por exemplo, o resultado de proficiência em Língua Portuguesa foi semelhante ao de 2012, enquanto o de Matemática foi próximo ao de 2013.
O Secretário da Educação do Estado, Rossieli Soares, reforça a necessidade de consolidar aprendizagens fundamentais para que todos os alunos possam seguir uma trajetória escolar com sucesso. “O Aprender Juntos permite que as escolas organizem os reagrupamentos e trabalhem de forma diferenciada. É uma metodologia para que todos os estudantes possam avançar. Não é só Língua Portuguesa e Matemática. A proposta envolve aulas de outros componentes curriculares também. Por exemplo, no dia diferenciado nos reagrupamentos do 6º ano, os alunos terão aulas de Ciências, História, Geografia etc”, explica.
Para a coordenadora pedagógica da Seduc-SP, Viviane Cardoso, a ação complementa o trabalho focado na recuperação, reforço e aprofundamento da aprendizagem, intensificado na rede estadual desde 2019, por meio de programas e projetos variados. “Podemos destacar o Programa de Recuperação e Aprofundamento, que contempla diversos elementos articulados entre si para melhorar a aprendizagem dos estudantes, incluindo a definição de habilidades essenciais, entrega de materiais didáticos, formação de professores, a aplicação de avaliações para acompanhar a aprendizagem dos estudantes, a transmissão de aulas por meio do Centro de Mídias (São Paulo) e o acompanhamento pedagógico”, resume.
Mais efetividade e plano piloto
O projeto foi inspirado em boas práticas da própria rede e em evidências internacionais sobre as ações mais efetivas para a melhoria da aprendizagem. De acordo com o relatório divulgado pelo Banco Mundial, em 2020, que comparou o impacto na aprendizagem de 150 intervenções em 46 países, indicou que ações focadas no ensino, de acordo com níveis de aprendizagem, estão entre os trabalhos mais efetivos. “A experiência iniciada no ano passado ratificou que o Aprender Juntos contribui significativamente para melhorar a aprendizagem dos estudantes e, agora, vamos levar para toda a rede estadual e municípios interessados”, resume Rossieli.
O Aprender Juntos começou a ser implementado, ainda como projeto-piloto, no 4º bimestre de 2021, em 26 escolas, de 5 Diretorias de Ensino (DEs) - Norte 1, Sul 2, Pindamonhangaba, Ribeirão Preto e Caieiras - e quatro Secretarias Municipais - Batatais, Mairiporã, Francisco Morato e Pindamonhangaba. Mais de 7 mil estudantes foram beneficiados. A seleção considerou alguns critérios, como representatividade das diversas realidades do estado e vulnerabilidade dos estudantes.
Avanço significativo
Na Escola Estadual Professor Doutor Aymar Batista Prado, em Ribeirão Preto, por exemplo, 220 estudantes, do 3º ao 5º ano, participaram do projeto. Foram aproximadamente 100 aulas, entre outubro e dezembro (às terças e quintas-feiras), e 16 professores envolvidos. “Houve um envolvimento muito legal de toda a nossa comunidade escolar. Os estudantes se sentiram mais motivados pela nova rotina. Muitos puderam fazer novas amizades. Notamos um avanço significativo na aprendizagem, apesar do pouco tempo. Os professores planejaram aulas mais dinâmicas, com estratégias, recursos didáticos e metodologias diferenciadas, proporcionando maior interação entre os estudantes”, explica a diretora Neide Medeiros.
Entre a 3ª sondagem de alfabetização (realizada antes da implementação do projeto) e a 4ª sondagem (realizada após início), a diferença no percentual de estudantes do 3º ao 5º ano alfabéticos entre as escolas do projeto-piloto e a média do estado caiu pela metade. A diferença, que era de 14 pontos percentuais na 3ª sondagem (70% das das escolas do projeto contra 84% da média estadual), caiu para 7 pontos percentuais (80% a 87% no mesmo comparativo).
Formação e implementação
Para apoiar a implementação do projeto, haverá formações ao longo de todo o ano de 2022. O projeto foi apresentado às escolas da rede a partir da semana de planejamento escolar, entre 26 de janeiro e 1 de fevereiro. Entre 10 e 11 de fevereiro, foi realizada a primeira formação presencial na Efape (Escola de Formação e Aperfeiçoamento dos Profissionais da Educação do Estado de São Paulo) para profissionais das Diretorias de Ensino, que replicaram às equipes escolares e das secretarias municipais interessadas.
Ao longo do ano, estão previstas mais quatro formações presenciais. Além disso, haverá formações semanais articuladas ao Programa de Recuperação e Aprofundamento ao longo do ano, com transmissões pelo Centro de Mídias de São Paulo (CMSP) e momentos de desdobramento nas escolas para apoiar o planejamento dos professores.
Compartilhe:: Participe do GRUPO SEGS - PORTAL NACIONAL no FACEBOOK...:
<::::::::::::::::::::>