Investir em educação e capacitação é uma forma de tornar área de tecnologia mais diversa nas empresas
*Alexandre Tibechrani, General Manager Americas da Ironhack
O segmento de tecnologia é uma das áreas reconhecidamente com menor diversidade dentro das empresas brasileiras. Segundo levantamento feito pela consultoria ThoughtWorks e pela PretaLab, 21% das equipes de tecnologia no país não possuem sequer uma mulher, enquanto em 32,7% não têm nenhuma pessoa negra e 95,9% não contam com pessoas indígenas. Além disso, de acordo com relatório da Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom), a área de Tecnologia da Informação (TI) demandará cerca de 420 mil profissionais até 2024.
A crescente necessidade pela formação de profissionais qualificados e, principalmente, pela mudança no perfil dessa área faz com que as grandes companhias invistam em projetos para desenvolvimento de talentos que fazem parte das minorias. Recentemente, por exemplo, a Leroy Merlin, uma das maiores redes de varejo do Brasil, estabeleceu uma parceria com a Ironhack, escola global de tecnologia e programação, para oferecer bolsas de estudos aos colaboradores da empresa e capacitá-los para reforçar a área de tecnologia da empresa. A nova formação foi oferecida aos funcionários de departamentos administrativos e de setores presentes nas lojas físicas e possibilita que eles cresçam e se desenvolvam no setor de tecnologia, visando ocupar posições na própria companhia.
Sem dúvida, essas ações afirmativas são o caminho para corrigir a falta de diversidade e de profissionais qualificados na área de tecnologia. O conhecimento de um profissional não é composto apenas pelo aprendizado, mas também pela experiência e vivência dele. Os produtos de tecnologia que as empresas oferecem tem como alvo um público diverso. Então, quanto mais esses clientes forem representados pelas soluções - por que tinha alguém ali que conhece aquela realidade, vivenciou algo parecido, tem um histórico daquilo ou se enquadra dentro de uma minoria - mais essa companhia conseguirá levar essa representatividade de alguma forma para frente e atingir cada vez mais pessoas.
Para acelerar esse processo de formação, os bootcamps de tecnologia são uma excelente opção por serem cursos rápidos de alta qualidade técnica e oferecem a mesma carga horária de estudos em relação a uma graduação. Assim, o profissional consegue conciliar o trabalho e o estudo, além de ao mesmo tempo, aplicar no dia a dia o que está sendo aprendido. Certamente essa iniciativa, apoiada pelas empresas, é uma ação inteligente para incentivar a formação de uma quantidade maior de especialistas na área, além de atenuar o problema da escassez de talentos.
A verdade é que as ações afirmativas reduzem as diferenças, desigualdades e discrepâncias desse mercado. Isso faz muita diferença para os profissionais que estão ali e, ao mesmo tempo, traz uma evolução considerável para os produtos, para as entregas e para o que está sendo desenvolvido.
*Alexandre Tibechrani é General Manager Americas da Ironhack, escola global de tecnologia e programação presente no Brasil e em outros oito países.
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