EDUCAÇÃO| Saúde mental nas aulas a distância: sete dicas para garantir ambientes seguros e saudáveis
O período de distanciamento social pode desencadear uma série de sentimentos em docentes e estudantes, com potencial de impactar diretamente no processo de aprendizagem. Em bate-papo online com educadores de escolas públicas e particulares, Carolina Brant - designer pedagógica da Geekie e certificada em Social-Emotional Learning and Character Development (Rutgers School of Arts and Science e College of Saint Elizabeth) - ofereceu dicas e suscitou reflexões sobre como preservar a saúde mental de professores e alunos. A íntegra da live pode ser acessada no link:
A pandemia da Covid-19 está tendo um efeito profundo na saúde mental dos jovens, de acordo com uma pesquisa do Instituto YoungMinds. O levantamento da organização não governamental revela que os estudantes entendem a necessidade do distanciamento social, mas relatam o aumento de ansiedade, de problemas para dormir, ataques de pânico e até desejo de se automutilar. O mapeamento Sentimentos e percepção dos professores brasileiros nos diferentes estágios do coronavírus no Brasil, do Instituto Península, mostra que oito em cada 10 educadores não se julgam preparados para ensinar a distância; eles se declaram ansiosos e despreparados para o contexto de trabalho atual. Com esse quadro, especialistas alertam que ao retornar às aulas presenciais, mais importante do que recuperar eventuais conteúdos perdidos é a preocupação com a saúde da mente não apenas dos estudantes, mas de toda a comunidade escolar.
Lidar com as emoções a partir da inteligência emocional é uma das dicas da Geekie, empresa que é referência internacional em educação com apoio de inovação. Em bate-papo online com educadores de escolas públicas e particulares, Carolina Brant – designer pedagógica da Geekie e certificada em Social-Emotional Learning and Character Development (Rutgers School of Arts and Science e College of Saint Elizabeth) – analisou opções para preservar o equilíbrio socioemocional e suscitou reflexões sobre como preservar a saúde mental de professores e alunos.
A inteligência emocional – habilidade para reconhecer as emoções em si e nos demais, discriminar entre elas e usar essa informação para gerenciar bem ações e pensamentos – é um dos instrumentos para lidar com emoções que impactam no desempenho acadêmico e profissional. Segundo Carolina Brant, designer pedagógica da Geekie, é importante que o educador se mantenha aberto para reconhecer as próprias emoções e reações – e para auxiliar os alunos a desenvolverem essa habilidade. “O PhD em Psicologia, Marshall B. Rosenberg, autor da obra e do método Comunicação Não Violenta, afirma que o nosso repertório de palavras para rotular as pessoas costuma ser maior do que o usado para descrever claramente os nossos próprios estados emocionais. Carol S. Dweck – professora da Universidade de Stanford e autora de Mindset, A nova psicologia do sucesso – defende que somos capazes de nos modificarmos e desenvolvermos por meio do próprio esforço e da experiência. Ou seja, podemos transformar uma mentalidade fixa em de crescimento. O que eles querem dizer? Que temos que investir no autoconhecimento e transformar os comportamentos que dificultam a nossa jornada. Inspirar, respirar e não pirar”, afirma.
Na mentalidade fixa, por exemplo, há pensamentos que ocupam a mente dos educadores como “está tudo pesado demais e tenho muita sobrecarga”; “não sei dar aulas”; “aulas a distância nunca vão funcionar, prefiro aulas presenciais”; e “a volta às aulas presenciais vai ser outro grande problema de adaptação”. Mauro Romano, educador parental, professor e sócio-diretor da Geekie explica que em uma mentalidade de crescimento, essas elaborações são substituídas, respectivamente, por “posso escolher minhas ações e tomar medidas que irão me ajudar a superar isso”; “tenho a oportunidade de conhecer novas ferramentas e descobrir como a tecnologia pode tornar aulas a distância mais práticas para mim e minhas turmas”; “aulas a distância funcionam e há atividades que podem se tornar mais simples e engajantes”; e “fazer uso da tecnologia neste momento irá ajudar a potencializar a aprendizagem no retorno às aulas presenciais”.
Ambiente seguro
O que compõe um ambiente seguro? Para Carolina, atitudes como escutar, acolher, empatia, confiança, compartilhar (não julgar) e pedir ajuda. “Para demonstrar acolhimento, o educador pode estabelecer combinados de empatia e não julgamento para promover conexão e apoio; incentivar o uso de câmera para aumentar o senso de pertencimento; chamar estudantes pelo nome, propor perguntas direcionadas a cada aluno, sugerir que usem microfone para a interação. Além disso, estabelecer rotinas que proporcionem espaços de troca”, avalia.
Para desenvolver repertório para lidar com as emoções, a escola pode provocar circunstância para o aluno vivenciar e refletir. “Entre as dicas, criar um pote da gratidão em cada (ajuda na reflexão); desenvolver atividades para nutrir a mentalidade de crescimento como reescrever frases de mentalidade fixa; reescrever histórias, ou seja, analisar gatilhos e rever como poderia ser diferente; criar um diário de bordo para registrar gatilhos de ansiedade; e provocar momento de reavaliação”, afirma.
DICAS PARA EDUCADORES
Carolina Brant e Mauro Romano enumeraram sete dicas que podem ajudar os educadores a lidar com a própria saúde socioemocional e dos seus alunos.
# 1 | Busque atividades para diminuir o estresse: o que você se sente bem fazendo? O que faz com que alivie a mente?
#2 | Crie uma rotina.
#3 | Desenhe um plano a partir da análise das próprias dificuldades, o que deve fazer para superar, com quem pode contar e o que espera agora.
#4 | Peça ajuda! Você não precisa lidar com tudo sozinho.
#5 | Na escola, foque na identificação e reconhecimento das emoções. Por trás das câmeras, como estamos? Como cada aluno se sente?
#6 | Observe como o corpo docente se sente; como os estudantes estão se comportando: e como está o diálogo com a família. Para isso, use a dinâmica “Cor, Símbolo e Imagem”, na qual você escolhe uma cor, um símbolo e uma imagem que representem ou capturem a essência de como você tem se sentido.
#7 | Faça atividades para diferentes formas de expressão: os estudantes podem produzir um meme para se expressarem; fazer uma nuvem de palavras para gerar identificação; e usar jogos como o GROK.
“Em resumo, para lidar com o impacto da pandemia na saúde mental, temos que reconhecer e identificar as nossas emoções; criar conexões com pessoas e buscar apoio; e desenvolver mecanismos para lidar com as emoções”, finalizam Carolina e Romano.
SOBRE A GEEKIE | Referência em educação com apoio de inovação no Brasil e no mundo, a Geekie foi fundada em 2011 – pelos empreendedores Claudio Sassaki e Eduardo Bontempo – com a missão de transformar a educação do país. Nos últimos oito anos, a empresa tem desenvolvido soluções inovadoras que potencializam a aprendizagem. Com foco no Ensino Médio e Fundamental II, a empresa alia tecnologia de ponta a metodologias pedagógicas inovadoras. Única plataforma brasileira de ensino adaptativo credenciada pelo Ministério da Educação (MEC) para o Guia de Tecnologias Educacionais – que identifica soluções tecnológicas capazes de melhorar a qualidade do ensino brasileiro – em sua trajetória a Geekie alcançou mais de 5 mil escolas públicas e privadas de todo país, impactando cerca de 12 milhões de estudantes.
Entre as certificações mais relevantes, a empresa destaca: WISE 2016 (Qatar Foundation), TOP Educação (Revista Educação, categoria software educacional mais lembrado do mercado), Empreendedor Social Brasil (Folha de São Paulo e Fundação Schwab), Empreendedor Social Mundial (Fundação Schwab), Trip Transformadores e Empresas Mais Conscientes (Revista IstoÉ) – além de compor a rede global de empreendedores Endeavor. A Geekie conta também com investidores de tradição na área educacional como família Gradin (por meio do fundo Virtuose), Fundação Lemann, Jorge Paulo Lemann (por meio do Fundo Gera), Arco Educação, além dos fundos, o norte-americano Omidyar Network e o japonês Mitsui & Co. www.geekie.com.br
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