Sem experiência em aulas on-line, professores correm em busca de treinamento
Especialistas em metodologias e tecnologias educacionais pretendem capacitar, gratuitamente, 1 milhão de educadores em 2020
O fechamento das escolas por conta da pandemia de coronavírus virou a vida dos professores de cabeça para baixo: da noite para o dia abandonaram as salas de aula e tiveram que aprender a lecionar de suas casas, com as ferramentas que dispõem - que muitas vezes se limitam a um smartphone, alguns livros e muita boa vontade.
Acontece que os estudantes, em suas casas, precisam muito mais do que uma conexão wi-fi e uma tela para absorver o conteúdo das aulas remotas. "Acostumado com milhares de estímulos diariamente, em todas as plataformas, é muito difícil que um estudante fique concentrado 50 minutos em uma única tela, prestando atenção em um professor falando sobre velocidade e aceleração, ou demonstrando um teorema, por exemplo", afirma o professor de Física e Cálculo Diferencial José Motta, um dos fundadores da Moonshot Educação - uma startup voltada à metodologias e tecnologias educacionais.
"Estamos atravessando, no cenário da educação, um período de múltiplas experiências para gestores, professores, alunos e familiares. Nesse sentido, o currículo não estava adaptado para um novo formato, bem como, os professores não estavam preparados para ensinar de maneira remota", ressalta Motta. Uma pesquisa do Instituto Península revelou que, mesmo após seis semanas de isolamento, 83% dos professores brasileiros ainda se sentem nada ou pouco preparados para o ensino remoto. Quase 90% deles nunca tinham dado aula virtualmente antes da pandemia e 55% não tiveram qualquer suporte ou capacitação durante o isolamento social para ensinar fora do ambiente físico da escola. O levantamento mostra ainda que 75% dos professores gostariam de receber apoio e treinamento neste sentido.
Pensando nesse público, a Moonshot Educação lançou uma meta arrojada: transformar a vida de 1 milhão de educadores até o final de 2020. Oferecendo capacitação gratuita na internet, a Edtech formada por três professores apaixonados por suas carreiras já está colhendo frutos: na primeira semana de cursos on-line - 11 a 15 de maio - conseguiu impactar mais de 40 mil pessoas ao vivo e as aulas sobre ensino remoto tiveram mais de 80 mil visualizações pelo YouTube.
A professora de Inglês Angela Musskopf, de Ivoti (RS), se intitula um bichinho da goiaba: "vou fuçando aqui, fuçando ali e descobrindo ferramentas, modos de usar e tenho compartilhado isso com meus colegas", conta. Em busca de mais inovação no ensino remoto, encontrou as aulas da Moonshot no YouTube e compartilhou o link com outros professores. "Recebi vários agradecimentos dos meus colegas por ter compartilhado o link porque eles, de fato, fizeram o curso e acharam fantástico, assim como eu", afirma. "É muito confortante conhecer pessoas que dedicam algumas horas sem custo para compartilhar seus conhecimentos em prol da Educação, do crescimento profissional e pessoal dos educadores", diz Angela.
"Eu vibro com cada aula e fico contando as horas para chegar a próxima. É um curso cheio de informação, direto, dinâmico, bem montado, bem conduzido", afirma a consultora pedagógica paulista Barbara Porto, que participou de todos os módulos da primeira semana. As aulas on-line, ao vivo, apontam caminhos de trilhas síncronas e assíncronas para o Ensino Remoto Intencional e para a adoção de novas metodologias e tecnologias educacionais. "O curso me deu uma luz sobre como apresentar, de forma simples, organizada e eficaz, ferramentas para os professores e gestores com quem trabalho e acho que pode ajudar milhares de educadores de todo o Brasil. Claro, existem limitadores como falta de acesso à internet, falta de formação dos professores e de diálogo com famílias e alunos e mesmo falta de equipe técnica nas escolas, principalmente em comunidades mais carentes, mas temos que nos mover de forma mais intencional nesta direção", ressalta.
Fundamentadas em metodologias ativas de ensino, as aulas da Moonshot provocam os educadores não apenas para o momento de ensino remoto, mas possui um olhar para o retorno das aulas presenciais e para o futuro da Educação. "A pandemia acelerou um movimento que iniciamos há alguns anos no Brasil, mas que vinha sendo muito lento", afirma Motta que, só em 2019, proferiu mais de 200 palestras para educadores de todos os estados brasileiros. "Em apenas uma semana de aulas on-line, atingimos cinco vezes mais educadores que durante todo o ano passado", revela Motta, que pretende alcançar 200 mil profissionais na segunda fase do programa gratuito de aulas, que acontece na primeira semana de junho, no canal da Moonshot Educação do Youtube.
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