Pandemia influencia novo formato de estudos para crianças
O mundo mudou do dia para a noite. Com o avanço do novo coronavírus, as universidades e escolas fecharam e, inicialmente, tiveram as aulas suspensas. Após os ajustes necessários, criou-se uma nova rotina, a dos estudos em casa para mais de 1 bilhão de estudantes em 115 países.
Diante da pandemia, uma das propostas apresentadas pelo Ministério da Educação é a utilização da tecnologia, com aulas a distância. Segundo a coordenadora do curso de Pedagogia da EAD UniCesumar, Marcia Maria Previato de Souza, a tecnologia pode ser, sim, uma grande aliada para as atividades educacionais. “Quando falamos no ensino remoto, aulas e atividades online para crianças, tratamos de um grande desafio, pois nem sempre a família tem condições de oferecer um ambiente com equipamentos tecnológicos necessários para estes momentos de estudo ou de estar apto nos que é preciso estar conectado”, explica.
Mais que a orientação familiar, a especialista evidencia o fato de a criança em fase de alfabetização requerer muita atenção e atividades de interação com professores. “Mesmo com a utilização da tecnologia para aulas remotas e a proposição de atividades para serem realizadas em casa, a alfabetização ficará comprometida, pois o direcionamento pedagógico realizado pelos professores, no processo de ensino e de aprendizagem, não pode ser substituído pela mediação que ocorre em casa. São experiências diferentes”.
Contudo, é possível que a escola sugira atividades que possam ser trabalhadas com os estudantes neste período de distanciamento social. “Como professora, minha sugestão é que o foco seja na interação entre o adulto e a criança e que sejam propostas atividades que possam ser desenvolvidas no decorrer do dia a dia da família, estimulando a autonomia da criança, a sua responsabilidade, organização, identidade, respeito ao próximo, noções matemáticas como: relação termo a termo, formas geométricas, dentro/fora, em cima/embaixo e proporção”, comenta Marcia.
E foi pensando nesta nova rotina que a professora preparou algumas dicas que podem auxiliar as famílias e crianças para os estudos em casa, sem esquecer os demais afazeres.
Prepare um local adequado: pode não parecer, mas ter um local destinado para os estudos pode fazer muita diferença no processo de ensino e aprendizagem. Para aqueles que não possuem um espaço específico, vale a criatividade para proporcionar um ambiente confortável e compatível aos estudos. Além disso, é importante ter um lugar calmo, limpo, sem muito ruído e grandes distrações (como TV, videogame e poltrona). Separar os materiais e manter uma rotina com horários predeterminados de estudo e descanso recreativo semelhante ao do período escolar também auxiliam para o melhor desenvolvimento das atividades.
Elabore uma rotina: é preciso estabelecer um horário para cada coisa. Assim, a criança aprende sobre disciplina, cumprindo todas as suas tarefas. Para isso, permita que ela defina como fará algumas atividades, pois, isso ajudará na organização mental, desenvolverá a autonomia e, consequentemente, diminuirá a ansiedade.
Integre a criança: além dos trabalhos escolares é preciso que os pequenos estejam envolvidos nas tarefas domésticas, como na organização dos brinquedos e arrumação da cama, para que colaborem e tenham responsabilidades como qualquer outro membro da família.
Coloque-se no lugar da criança: é preciso empatia para pensar em como o menor gostaria de aprender os assuntos encaminhados pelos professores. Faça uso de brinquedos, brincadeiras e músicas, movimentos gestuais podem auxiliar a criança a compreender o assunto. A ludicidade é uma grande aliada nessa jornada.
Seja compreensivo: a escola pode sugerir a confecção de brinquedos utilizando materiais recicláveis, ou, até mesmo, de itens concretos para se trabalhar a matemática. No entanto, é importante levar em consideração que as atividades não podem ter a durabilidade que teriam nas instituições escolares e nem a mesma complexidade.
Mantenha a proximidade: tão importante quanto às tarefas direcionadas são os momentos de qualidade entre pais e filhos. Neste sentido, vale mais a orientação da interação entre os participantes na realização de atividades consideradas simples, em casa, do que longos períodos direcionados que não fazem sentido para pais e alunos.
Longe, mas perto: a escola tem um papel importantíssimo no desenvolvimento das crianças e em diferentes aspectos. Deixar de frequentá-la e de ter contato direto com seus colegas e professores faz falta. Diante disso, os pais precisam entender que cabe à família auxiliar, motivar e incentivar as crianças nas tarefas direcionadas pela escola. As atividades pedagógicas neste momento são para que os alunos se sintam próximos dos professores, colegas e para que a aprendizagem continue ocorrendo.
Crie uma rede de apoio: os famosos grupos de pais no WhatsApp, por exemplo, podem ser muito úteis para troca de experiências. Uma rede de apoio contribui para ajustes, troca de experiências e cooperação para que os pais não se sintam sós neste desafio.
Nova rotina x homeschooling
Uma nova rotina vivenciada pelo isolamento social é diferente do homeschooling ou educação domiciliar tradicional. Marcia Maria Previato de Souza lembra que o atual momento de comunicação remota está adaptando algumas vertentes dessa filosofia, porém, com a orientação daquele professor que, anteriormente, já havia construído um vínculo afetivo com a criança. Já o homeschooling é uma modalidade na qual o aluno aprende por meio do auxílio de um familiar ou alguém próximo a ele, não sendo necessariamente um professor.
Segundo a pedagoga, o momento é uma oportunidade de inovação ao criar seres humanos mais resilientes, além de permitir que esse período em casa aproxime pais e filhos. “A criança é capaz de aprender em circunstâncias e ocasiões que os adultos não enxergam possibilidades. Qualquer coisa nesse momento pode e deve ser um instrumento de aprendizagem, pois a criança ama investigar, descobrir, participar e colaborar”, acrescenta.
Por fim, independentemente do formato, ela reforça que “o ato de aprender é uma atividade voluntária, ou seja, o cérebro da criança aceita ou não aprender aquilo”. De um modo geral, quanto mais apoio e suporte ela tiver, mais confortável estará para desenvolver as suas atividades.
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