Coronavírus e as crianças: como cuidar dos pequenos durante a pandemia e o isolamento social
Pediatra do Hospital Santa Catarina, em São Paulo, explica como atender as crianças, quando elas apresentam sintomas respiratórios. Orientação é que os pequenos, mesmo sendo o grupo de menor risco, também participem do isolamento social para mitigar a transmissão do vírus
O coronavírus/covid-19 é uma pandemia que se alastrou pelo mundo. Mais devastadora entre os adultos acima dos 60 anos ou pessoas com histórico de doenças pré-existentes como diabetes, pressão alta, problemas cardíacos ou respiratórios, o combate à doença está exigindo limitações, como o isolamento social e até quarentena.
Para mitigar a transmissão, que é rápida e pode colapsar o sistema de saúde, como acontece na Itália e Espanha, é importante que mesmo as pessoas mais jovens, saudáveis e as crianças obedeçam às restrições de mobilidade aponta o pediatra do Hospital Santa Catarina, Werther Brunow de Carvalho.
“Todos nós, de qualquer idade, podemos ser infectados pelo covid-19, embora os adultos de meia-idade e pessoas mais velhas sejam mais comumente acometidas. Relatos do centro de controle e prevenção de doenças da China indicam que 87% dos pacientes, daquele país, tinham entre 30 e 79 anos”, afirma.
Nas crianças, a infecção sintomática é incomum e quando acontece é considerada leve. “Mas há registros de casos graves”, conta o pediatra.
Por isso, para conter a transmissão entre os pequenos, que podem “transportar” o vírus aos avós, as escolas do Estado de São Paulo estão fechadas.
A estimativa da Organização Mundial de Saúde (OMS) é que uma vacina para a doença leve até 18 meses para ser concluída. Por isso, isolar as pessoas é a melhor solução para ganharmos tempo. “É importante que a criança com suspeita ou comprovação de infecção pelo coronavírus seja isolada dos parentes com mais de 60 anos, e deve utilizar máscara cirúrgica. Caso isso ocorra com os familiares idosos ou outros, a regra é mesma”, explica.
Demais doenças respiratórias, como a bronquiolite, apresentam sintomas parecidos ao do covid-19, destaca o médico. “Os dados clínicos mais comuns incluem febre, tosse, dores de garganta, cabeça e muscular, e aumento da frequência respiratória. Descreve-se também a presença de conjuntivite. Portanto, os sinais e sintomas são indistinguíveis de outras infecções respiratórias na pediatria (ver box abaixo). Os recém-nascidos também estão suscetíveis, mas os relatos, até este momento, são de casos leves”.
Werther lembra que os quadros assintomáticos e leves não passam por testes para comprovar o coronavírus, e que as crianças, nestas condições, não devem ir ao hospital. “É aconselhável manter contato com o pediatra para orientação sobre os cuidados domiciliares. Habitualmente, estes quadros leves necessitam de uma boa oferta de líquidos e o uso de antitérmicos. O quadro respiratório das infecções virais são muitos similares, apresentando-se como uma manifestação de gripe. Mas é importante verificar se a criança teve contato com alguém infectado pelo covid-19”.
Crianças em casa
Embora necessária, a restrição de mobilidade, com o período fora da escola e as mudanças na rotina, pode acarretar em outras preocupações dos pais com a saúde e o bem-estar dos pequenos.
“A necessidade de viver em confinamento determina internamente uma falta de liberdade, havendo a necessidade de um preparo psicológico para se enfrentar esta situação, que determina estresse, ansiedade, irritabilidade, nervosismo, medo e culpa. Algumas crianças podem apresentar insônia, dificuldade de concentração e até sintomas de depressão”, explica o pediatra.
Segundo ele, os primeiros dias de permanência em casa podem ser mais tranquilos, mas é necessário manter a disciplina, pois conforme avança o tempo de confinamento, também há impacto no lado psicológico. “Deve-se ter um ambiente saudável, mantendo as atividades já existentes na dinâmica familiar. Uma planilha de atividades diárias pode ajudar nisso. Os pais podem inventar jogos, gerar rotinas, ensinar os filhos a cozinhar, incentivá-los a levantar cedo, tomar banho com mais calma e vestir-se (não ficar de pijama o dia inteiro)”.
O especialista também destaca que é fundamental manter o contato com os avós, mas sem aproximação física, utilizando a tecnologia disponível. “As conversas podem ser feitas por chamadas de vídeo, para que os pequenos vejam a fisionomia e escutem a voz de amigos e parentes mais velhos. É uma forma de amenizar a saudade e a distância”.
Sintomas
- Covid-19: tosse, febre e fadiga são os mais comuns, além de congestão nasal, coriza, cansaço, dificuldade para respirar, diarreia, dores de garganta ou cabeça.
- Gripe: tosse, febre, congestão nasal, coriza, fadiga, dores de garganta, de cabeça ou muscular.
- Resfriado: tosse, congestão nasal, coriza e dor de garganta
- Rinite Alérgica: espirros, congestão nasal, coriza, coceira (no nariz, olhos ou garganta), e irritação nos olhos
Assim como os demais grupos, é importante que as crianças sejam vacinadas contra a gripe. A vacinação para as crianças de 6 meses a 6 anos começará em 9 de maio, o chamado dia D da campanha pelo Governo Federal, e vai até o dia 23/05.
Hospital Santa Catarina
O Hospital Santa Catarina prima pela excelência no atendimento seguro e humanizado. Referência de qualidade em serviços de saúde no Brasil, atende desde pequenos procedimentos até cirurgias de alta complexidade. A instituição filantrópica é parte da Associação Congregação de Santa Catarina, uma instituição filantrópica que impacta na cadeia de valor produtivo do país e atua nos eixos da saúde, educação e assistência social, por meio de 22 Casas e cerca de 14 mil colaboradores, distribuídos em seis Estados brasileiros.
Com infraestrutura moderna, equipamentos de última geração e profissionais altamente qualificados, o Hospital Santa Catarina dispõe de 316 leitos, sendo 79 de UTI, distribuídos em cinco Unidades de Tratamento Intensivo (neurológica, cardiológica, pediátrica, geral e multidisciplinar), 15 salas de cirurgias, 3 salas de centro cirúrgico minimamente invasivo e pronto atendimento 24 horas.
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