Sem aulas, colégio propõe trabalho interdisciplinar sobre pandemias, epidemias e endemias
Estudantes do Ensino Médio são preparados para enfrentar coronavírus, dengue e fake news
O início conturbado desta semana, com o avanço dos casos confirmados de coronavírus no Brasil e a suspensão das aulas, não tomou de surpresa cerca de 2,6 mil estudantes do Ensino Médio do Colégio Positivo, no Paraná e Santa Catarina. Desde que as aulas começaram, eles estão cientes de que o surto no Brasil começa agora. Isso porque, ainda no planejamento pedagógico para 2020, coronavírus e dengue foram os temas escolhidos por professores e assessores pedagógicos para serem trabalhados em conteúdos da grade curricular das diferentes disciplinas, de Filosofia à Matemática.
Mais do que calcular quando o problema se agravaria no Brasil, estudantes e professores construíram uma preparação densa por abordar o tema sobre vários aspectos do conhecimento humano. “Isso faz com que os alunos tenham um contato na visão de Humanas, por exemplo, não só sobre a doença, a origem e como se cuidar, como também de questões que envolvem xenofobia, racismo, negacionismo científico, que são temas importantes no contexto”, aponta o professor e assessor pedagógico de Filosofia e Sociologia do Ensino Médio, um dos responsáveis pela NLI (Nota Livre Integrada) de Humanas, Eduardo Emmerick. Ele explica que a data do surto no Brasil coincide com o tempo de incubação após viagens e alto fluxo de pessoas por conta do Carnaval e férias escolares. A manifestação se deu em torno de 15 a 20 dias após esses eventos.
Segundo o professor, antes da suspensão das aulas, já se percebeu o reflexo desse trabalho. “É nítida a mudança de comportamento por parte dos alunos, a preocupação de estar sempre se higienizando, limpando as mãos e passando álcool. A atenção ao ato de tossir ou espirrar no braço ou sob um pano, até um repreendendo o outro que foge do combinado entre eles. Eles estão sempre se comunicando pelas redes sociais, gerando informações de qualidade. É por isso que sinto que estão bem preparados”, aponta.
Enquanto as aulas não voltam, os alunos se reúnem virtualmente em pequenos grupos para discutir e refletir sobre as questões propostas nos trabalhos. São duas avaliações bimestrais desse tipo, uma para a NLI das Ciências Humanas (Filosofia, Sociologia, História e Geografia) e outra para a NLI das Ciências da Natureza (Biologia, Química, Física, Biologia e Matemática). “A escola é um organismo vivo e, como tal, deve estar atenta às oportunidades para cumprir sua missão de formar cidadãos conscientes, críticos e reflexivos”, defende a coordenadora do Ensino Médio do CIPP (Centro de Inovação Pedagógica, Pesquisa e Desenvolvimento), Lucimeire Fedalto.
Na parte das Ciência da Natureza, o tema central em torno do coronavírus e a Dengue promove diversos tipos de conteúdos. “Na Biologia, serão abordadas questões sobre problemas como epidemia: o que é epidemia, o que é pandemia, o que é endemia, quais são os sintomas, quais os métodos da profilaxia, como afetará a população, e que não existe necessidade de entrar em pânico”, descreve o professor e assessor pedagógico de Biologia, um dos responsáveis pela NLI de Ciências da Natureza e Matemática, Guilherme Rodrigo Teitge.
Segundo o professor, a Matemática vai calcular a propagação viral. Já a Química avaliará os efeitos do álcool em gel, a importância do uso para o combate do vírus, assim como o sabão e como interferem na biologia do vírus. Física fará perguntas a respeito de transformação de temperaturas, de graus Celsius para Fahrenheit, comparando a febre em pacientes em diversos locais do globo. Cálculos da velocidade média para mensurar o tempo de deslocamento de pacientes infectados também estão entre os conteúdos ensinados.
Outro ponto de atenção do colégio é o combate às fake news. “Incentivamos os alunos a perceberem a importância das escolhas lexicais em um texto, a perceberem a linguagem tendenciosa, etc. Tudo é oportunidade para o aprendizado. O trabalho é diário e incessante contra as fake news“, afirma a professora e assessora pedagógica de Redação, Candice de Almeida. “Mostro o absurdo de colocar a opinião acima dos fatos, quando chegamos ao gênero opinativo. É todo um trabalho de conscientização, o quanto devemos ter cuidado dentro do projeto de texto”, ressalta.
“Acredito que a surpresa maior com esse trabalho é verificar que os alunos detêm um grau de consciência e repertório muito maior do que tínhamos no passado. Conhecem cientificamente as doenças. Eles sabem do que estão falando”, destaca Emmerick. “Isso fortalece em casa e na sociedade, pois podem orientar muito melhor a todos. É sabido que muitos pais buscam as informações nos filhos, pelo fato de terem maior familiaridade com a tecnologia”, complementa.
Para o aluno Enrico Marques, de 14 anos, o momento de isolamento social acaba gerando ansiedade na população na busca por informações. “O tráfego nas redes sociais aumentou significativamente nos últimos dias. As pessoas buscam informações sobre a evolução do coronavírus e, muitas vezes, acabam acreditando em mentiras ou meias verdades que são compartilhadas na internet”, comenta. “Por isso, o estudo científico sobre epidemias, pandemias e endemias históricas, além de toda a evolução global da COVID-19 é muito importante para sabermos se o que estamos recebendo é verdade. Os trabalhos enviados pelo colégio para casa provocaram a discussão não apenas com os meus colegas de sala, mas também com outros amigos e familiares, sobre temas polêmicos, como vacinas, xenofobia, tecnologia e comportamento da população”, conta o estudante.
Sobre o Colégio Positivo
O Colégio Positivo compreende oito unidades na cidade de Curitiba, onde nasceu e desenvolveu o modelo de ensino levado a todo o país e ao exterior. O Colégio Positivo - Júnior, o Colégio Positivo - Jardim Ambiental, o Colégio Positivo - Ângelo Sampaio, o Colégio Positivo - Hauer, o Colégio Positivo - Internacional, o Colégio Positivo - Água Verde, o Colégio Positivo - Boa Vista e o Colégio Positivo - Batel atendem alunos da Educação Infantil ao Ensino Médio, sempre combinando tecnologia aplicada à Educação, material didático atualizado e professores qualificados, com o compromisso de formar cidadãos conscientes e solidários. Em 2016, o grupo chegou em Santa Catarina - onde hoje fica o Colégio Positivo - Joinville e o Colégio Positivo - Joinville Jr. Em 2017, foi incorporado ao grupo o Colégio Positivo – Santa Maria, em Londrina (PR). Em 2018, o Positivo chegou a Ponta Grossa (PR), onde hoje está o Colégio Positivo - Master. Em 2019, somaram-se ao Grupo duas unidades da escola Passo Certo, em Cascavel (PR), e o Colégio Semeador, em Foz do Iguaçu (PR).
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