Artes e esportes ampliam habilidades cognitivas, emocionais e sociais dos estudantes
Estudos realizados em diversos países demonstram que resultados são potencializados na medida em que as disciplinas sejam combinadas de forma estratégica na grade de horário escolar
As disciplinas de artes e esportes, sobretudo no Ensino Fundamental, contribuem para que crianças, adolescentes e jovens se transformem em adultos mais habilidosos nas dimensões cognitivas, emocionais e sociais. Sobretudo se estiverem combinadas de forma estratégica, no calendário escolar, com outras áreas de conhecimento. É o que aponta a meta-análise Artes e Esportes: Relação com desenvolvimento humano integral, realizada pelo Itaú Social em parceria com pesquisadores da Universidade de Cambridge (Inglaterra).
São essas habilidades essencialmente humanas que serão mais valorizadas com a crescente inovação tecnológica e as novas formas de trabalho. Quais seriam essas habilidades reivindicadas nas próximas décadas? Criatividade, iniciativa, pensamento crítico, persuasão, negociação, atenção aos detalhes, resiliência e flexibilidade são alguns exemplos. Para desenvolvê-las, a pesquisa demonstra que as artes e os esportes devem ser tratados com protagonismo pelas escolas.
“A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) não só reconhece a importância desses campos do conhecimento, como valoriza as competências gerais, que incluem repertório cultural, autoconhecimento e autocuidado, que têm muita relação com o ensino de artes e esportes”, explica a gerente de Pesquisa e Desenvolvimento do Itaú Social, Patricia Mota Guedes.
A meta-análise Artes e Esportes: Relação com desenvolvimento humano integral mapeou todos os artigos publicados nos periódicos especializados em educação disponíveis on-line na Universidade de Cambridge durante os últimos 10 anos. O trabalho também descreve as atividades que podem resultar em melhoria de desempenho dos alunos, como forma de auxiliar gestores e professores.
Entre as atividades estão a música, cujo benefício é aprimorar o raciocínio espacial-temporal das crianças; o teatro, que dá a elas o entendimento da narrativa; a dança, que desenvolve a persistência e a autoconfiança; e as artes plásticas, que permitem a interpretação variada do mundo. Já os esportes têm o potencial de incluir e empoderar, desde que a oferta das diversas modalidades seja equilibrada.
Para inserir as artes e os esportes na educação de crianças, adolescentes e jovens alguns desafios precisam ser considerados, como a falta de espaço físico e insumos. “Infelizmente, muitas escolas não dispõem de quadras ou materiais para atividades artísticas. É quando surge a oportunidade de parcerias com organizações sociais e equipamentos públicos, de forma que essa exposição às artes e aos esportes também possa se dar fora da escola”, aponta Patrícia.
Um exemplo trazido pelo autor da pesquisa, o economista e professor associado da Universidade de Cambridge e professor titular da Universidade Ramon Llull em Barcelona, Flávio Comim, é a realização de aulas que exigem maior concentração e memorização, como matemática, após as de educação física. “A prática de esportes aumenta a produção de dopamina no cérebro, o que contribui para ampliar essas capacidades. É uma adequação estratégica da grade de horário escolar que pode fazer diferença”, explica.
As artes e esportes são atividades que estimulam em crianças, adolescentes e jovens o prazer de estar na escola. Na rede pública, se tornam ainda mais importantes e têm maior impacto na medida em que ampliam o acesso da população socialmente vulnerável que, via de regra, não tem possibilidade de frequentar clubes ou equipamentos culturais, como cinema, teatro e exposições.
“Muitas dessas crianças são aquelas que vivem em ambientes mais violentos, com maiores privações. A escola é, frequentemente, a única oportunidade para uma vida melhor. Uma chance que muitas vezes é negligenciada. O potencial transformador das artes e dos esportes encontra-se justamente no seu impacto junto aos que mais necessitam”, afirma o professor Flávio Comim.
O pluralismo no mundo das artes
Artes - Ações e objetivos
Visitas a museus de arte
Aumento da consciência estética das crianças
Visitas a museus de arte on-line
Segue o mesmo objetivo de conscientização estética
Classes de dança
A atividade começa com atividades sensomotoras, discussões sobre opções de movimento, registro de planos de dança e execução
Teatro/Drama
- drama na educação (Bolton, 2007): uso de drama para aprender conteúdos curriculares; - processos de drama (O’Neill, 1995): uso de técnicas de teatro; - histórias de drama (Booth, 2007): pontos de partida para o drama
Storycrafting (e de certo modo a literatura)
Adivinhação de partes de histórias com antecipações criativas
Uso de quadrinhos e imagens
Leitura e análise de quadrinhos e discussão de imagens
Classes de música
Aprendizado de canto e instrumentos
Uso de tecnologias musicais
Gravações, mixing, mastering
Uso de música
Uso de canções para ensinar gramática para crianças
Classes de desenho
Desenhos sobre conteúdos trabalhados em classe
Artes plásticas
Uso de materiais e cores para o desenvolvimento de habilidades psicomotoras, grafite e outras formas de arte estão dentro desse mundo
Fotografia
Uso das fotos para ganhar sentido de experiências e conteúdos
Corotopia
Atividades artísticas diversas associadas à exploração do espaço (choros) e lugar (topos); feitas através de passeios fora da sala de aula
O pluralismo no mundo dos esportes
Atividades físicas
Crianças e jovens podem ser mais ativos simplesmente se movendo mais. Jogos, dança, teatro, envolvendo performances, atividades ao ar livre (praças, parques) e atividades de relaxamento.
Esportes para o desenvolvimento
Realização de objetivos considerados superiores, como a resolução de conflitos, a justiça de gênero, o desenvolvimento de comunidades ou mesmo a educação para a redução da AIDS.
Esportes competitivos
Lições sobre a importância da dedicação, do trabalho duro e mesmo da cooperação para atingir objetivos específicos.
Educação física
Combina características dos três modelos anteriores, pois parte de uma base da “atividade física como técnicas de esporte” para a promoção de finalidades pedagógicas, cognitivas ou não cognitivas.
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