Férias escolares: é preciso estimular o contato com a natureza
Manter o equilíbrio entre o tempo em frente às telas e atividades ao ar livre é essencial para o bom desenvolvimento das crianças e para que o recesso escolar se torne mais proveitoso
As férias de verão são um dos períodos mais desafiadores para pais com filhos em idade escolar. São cerca de dois ou até três meses nos quais é preciso criar atividades para entreter os pequenos. O desafio torna-se ainda maior e mais complexo para as famílias com pais que não conseguem folga no mesmo período. Embora as telas (celulares, computadores e videogames) sejam atrativos mais práticos, apostar em atividades e brincadeiras ao ar livre e em contato com a natureza é uma alternativa que não deve ser deixada de lado, especialmente para o desenvolvimento cognitivo das crianças.
Para a coordenadora do Programa Criança e Natureza do Instituto Alana e membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza, Laís Fleury, é preciso haver equilíbrio entre a tecnologia e a vida real. “A tecnologia passou a ser uma narrativa para a criança. Os pais precisam ficar atentos se a maior parte do tempo livre está sendo tomada pelas telas, pois isso é preocupante”, afirma. Permitir que as crianças passem longos tempos em frente à televisão, celular, tablets ou videogame pode interferir em seu desenvolvimento.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), crianças de até 5 anos devem passar, no máximo, uma hora por dia em frente às telas, sendo que as menores de 1 ano não deveriam nem ter o contato inicial. O estudo aponta que o excesso de tempo em frente aos eletrônicos atrapalha o sono e diminui a incidência de atividades físicas. “A criança precisa ter uma vida equilibrada e o contato com a natureza é essencial, pois constrói um repertório de atividades e vivências reais que contribuem para a construção de um pensamento crítico, de entender que tem muita vida lá fora e ficar só na tela não é legal”, acrescenta Laís.
Envolvimento com a natureza
O contato com a natureza desde cedo é benéfico para o desenvolvimento e bem-estar da criança, com grandes chances de torná-la um adulto mais consciente e preocupado com o meio em que vive. Segundo pesquisa realizada nos Estados Unidos, pequenos que brincam e interagem com a natureza tendem a ser adultos que se importam com o meio ambiente devido às suas memórias afetivas. Além disso, se desenvolvem melhor em aspectos físicos, cognitivos, emocionais, sociais e sensoriais.
“É importante que a criança se movimente em um ambiente aberto, que possa sentir, tocar, vivenciar o natural. Assim, ela também nutre a criatividade. A criança na natureza cria o próprio brinquedo e estimula a imaginação, relacionando os elementos naturais em infinitas possibilidades”, salienta Laís.
Sugestões de atividades ao ar livre
Laís dá algumas dicas para os pais explorarem a criatividade das crianças em meio à natureza, como fazer móbiles com galhos, carimbos com folhas ou curadoria de livros relacionados à natureza. Levar as crianças para brincar em praças e parques, acampar – mesmo que no quintal de casa –, trocar o carro pela bicicleta e caminhada ou sugerir o fechamento de parte de uma rua sem movimento em determinado dia e horário para que as crianças possam usá-la com mais segurança também são boas possibilidades.
A especialista ainda destaca o GPS da Natureza, ferramenta criada pelo Programa Criança e Natureza que conta com o mapeamento de áreas verdes, parques, espaços urbanos, com filtros e sugestões de atividades. “É preciso priorizar estar ao lado de fora e as oportunidades ao ar livres para deixar as crianças mais soltas em prol do seu desenvolvimento e da conscientização sobre a importância de proteger a natureza”, finaliza.
Sobre a Rede de Especialistas
A Rede de Especialistas de Conservação da Natureza é uma reunião de profissionais, de referência nacional e internacional, que atuam em áreas relacionadas à proteção da biodiversidade e assuntos correlatos, com o objetivo de estimular a divulgação de posicionamentos em defesa da conservação da natureza brasileira. A Rede foi constituída em 2014, por iniciativa da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza. Os pronunciamentos e artigos dos membros da Rede refletem exclusivamente a opinião dos respectivos autores.
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